Nota vazia
É esperança.
É um pensamento melhor,
Uma ideia mais brilhante.
É prepotência, todo esse ego,
É outra noite entediante.
Sentado na sacada imaginária,
Penso em tudo, penso mudo.
Sonho alto, me imagino melhor.
Vivo embaixo, sou intruso.
É o não-saber,
Sou saber-não-saber.
É sonhar acordado,
Querer sem fazer.
Encaro com alma ao vácuo,
Todas as folhas em branco.
Com a falta de qualquer sentir,
Martirizo mais um santo.
Me perco, me acho,
Tento, tento tanto.
E talvez por querer,
Pinto vazio de branco.
Desenho luz no escuro,
Vejo a luz escurecer.
Escuro na luz é desenho,
É a sombra do amanhecer.
É o dormir no sol nascente,
E enlouquecer a cada poente.
Sentindo o arrepio da pedra fria,
Me alimento de outro presente.
Esqueço do medo, sou não sou dor,
Branco neve, quero branco o pó.
Aspiro vivo o sangue corrente,
Me crucifico e não há dó.
Tenho o sol, mas não tem mi.
Tem fé, mas não tem onde ir.
Tenho anjos, mas sem existir.
Tem graça, mas não quero rir.
Tem, tenho,
Nada sou.
Temos, nada,
Apenas vou.
Os aplausos são importantes para quem escreve — eles vão de 1 a 50 — dê quantos considerar que o texto merece.
