Vício
Há uma fome dentro de mim
Teto preto, luz carmim
Ela devora minha alma
Corrói a parede da minha sanidade, trauma
Confiei a fome minhas frustrações
Dei a ela a chave para minha paz
Prometi a ela minhas confissões
Desde quando me tornei sagaz
Eu cresci, a fome também
Pensei que era sinergia
Era negra magia
Quanto mais alimentava mais eu decaía
A fome é sedenta
Sempre quer mais
Sempre o mesmo não a contenta
Sozinho com o mal que flui de mim
Será meu destino escuro assim?
As vezes tento matá-la de fome
Então ela me assume
Me engole
Regurgita frustração
O ciclo se repete
Logo eu, uma amante do controle
Plantei a semente da minha própria destruição
Se caio é triste, mas é pior ficar no chão
Por isso me levanto mais uma vez, e então
Rolo a pedra morro acima pedindo perdão
Até perder as forças e ela rolar sobre mim
Me esmagando em humilhação
Sou quem rola a pedra
Sou a própria pedra
Sou a perda
Sou o ganho
Há uma fome dentro de mim que me consome.
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