ENTREVISTA ENTRENÓS: Muñoz

Pj Godoy
comunicaentrenos
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3 min readDec 1, 2017

Agosto de 2017. O local era o Vinil Cultura Bar, em Uberlândia. Tinha metaleiro, amantes de blues, rock clássico e da psicodelia. No palco, dois irmãos, Samuel Fontoura, na bateria, e Mauro Fontoura, na guitarra e voz. A personalidade sonora era instrumentalizada e cantada. Dali, eles partiram para Belo Horizonte, Ouro Preto, Goiânia, Itajaí (SC), Florianópolis (SC). Tudo isso em agosto. Em setembro, já estavam confirmados em Joinville (SC) e Belém do Pará. Já são dois álbuns e um EP. Duo de berço. Nascido em Mineiros (GO), formado em Uberlândia e radicado em Floripa. Isso é Muñoz. No meio dessa rota, eles encontraram um tempo para bater um papo EntreNós. Confira!

Relação com Uberlândia

(Mauro) — “Antes de chegar em Uberlândia, não tínhamos quase nenhum contato com musica autoral, com festivais de bandas independentes. Quando viemos entre 2008 e 2009, que passamos a conhecer, principalmente com o Jambolada. Isso tudo, com várias bandas que vimos, nos inspirou a querer fazer isso também, compor, produzir, deu muito incentivo. Posso falar que Uberlândia foi totalmente responsável por nossa vida musical”.

Processo criativo e duo entre irmãos

(Mauro) — “No início era para ser bem mais clássico, mas foi mudando naturalmente, até por experimentar equipamentos, ser de duas pessoas, tivemos que preencher mais. Geralmente fazemos tudo em conjunto. Temos uma relação muito boa e isso é fundamental. É importante ter paciência e os dois estarem na mesma vibe. Eu faço o rife, as letras, o Samuel manda na bateria, meio que tudo é seguido pelo instrumento também, as letras com frases aleatórias e compomos já em cima. Escutamos muito música brasileira, mas sempre curtimos tocar música em inglês, principalmente blues, curtimos muito Jimmi Hendrix também e, desde quando começamos, carregamos essa pegada do rock mais internacional”.

Radio Moskow, Kadavar e intercâmbio cultural

(Mauro) — “Ter essa experiencia com outras bandas foi muita importante pra somarmos no som. A primeira banda que tocamos juntos estrangeira foi em Uberlândia, a Radio Moskow (EUA), que já tínhamos uma grande influência, já curtíamos bastante. O Jordok (Flávio) que apresentou pra mim a banda. Teve Kadavar (Alemanha) também, e tudo somou tanto o som que o disco novo já trouxe bastante que sugamos dessas experiências”.

Como foi a mudança para Santa Catarina?

(Samuel) — “Apareceu um lugar para tramparmos, montarmos um estúdio e produzir tudo lá, não tinha que pagar aluguel e resolvemos ir. Acredito que estávamos num momento de limite em Uberlândia, não tinha mais o que fazer. Estávamos mudando de apê em apê e tocando mais outros projetos do que com o próprio Muñoz, que acabava ficando um pouco de lado. Quando isso apareceu, decidimos ir”.

Foto: Renan Casarin — Filmmaker

Cena Uberlândia/Santa Catarina

(Mauro) — “Tem os rolês da Abraxas, que é uma produtora do Rio, que sempre faz show lá e lota. Comecei a estudar algumas bandas quando fomos pra lá, mas não bomba assim igual aqui. Por ser muito longe, não tem uma cena muito forte. No caso de Uberlândia, é no meio de um monte de capital com cenas fortes, como BH, Goiânia, Brasília. São Paulo, e isso ajuda a formar um circuito de bandas”.

Mineiros (GO): “mais que tocar, tem que aplicar o som nas pessoas”

(Mauro) — “Meu pai é músico e sempre crescemos com isso. Foi lá que comecei a pirar em blues mesmo, tenho amigos que colecionam discos e desde moleque eles me aplicavam isso. Sempre tocamos lá e nós que fazemos os rolês também, é uma cidade de 50 mil habitantes e acaba surgindo bandas novas. Agora estamos gravando bandas, fazendo festivais, turnês de bandas. Mais que tocar, tem que aplicar o som nas pessoas. Não tem que esperar para ser chamado. Tem que se virar e fazer. As bandas de hoje em dia tem que ter isso. A banda produz seu próprio som”.

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