Tenho o roteiro, e agora? Como faço para gravar?

Ninguém precisa ter “a voz boa para gravar”. Com a ajudinha de técnicas todo mundo consegue uma boa narração.

Mylena Leite
Comunicast
4 min readOct 13, 2020

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Produzir um podcast não é tarefa fácil, mas você vem acompanhando aqui no nosso Medium (se você não leu os outros textos ainda, comece por aqui) que também não é algo impossível! E agora que você já conhece algumas das nossas etapas de produção, vamos te contar um pouco sobre como gravamos, e dar algumas dicas.

“E se minha voz não for boa para gravar?”

Um dos primeiros questionamentos que a maioria dos integrantes do projeto tiveram sobre a questão da gravação foi o fato de achar que sua voz não é boa para gravar. E isso também foi o que aconteceu comigo, lá no comecinho do Comunicast enquanto me preparava para gravar o primeiro episódio do De Lá Pra Cá. E eu tenho uma notícia pra você: a gente nunca vai achar a nossa voz boa para gravar, e nem precisa. A questão é um pouco mais técnica, nesse caso. O que importa, na verdade, é nossa dicção, a maneira como nós contamos as histórias, a interpretamos (ou seja, a maneira que lemos o roteiro e damos vida a ele) e o que passamos com a nossa voz.

E como fazer isso? Bom, pra começar é importante ter lido todo o texto e estar ciente do que você vai falar e das histórias que vai contar. Eu faço assim: leio tudo em voz alta duas ou três vezes, vou testando algumas formas de ler e o tom que vou usar pra passar as emoções que quero para o ouvinte. Se preciso mudar algo, alguma palavra que não deu muito certo na hora da leitura, ou soou estranha naquele contexto, mudo. Aqui a gente é muito livre para isso, porque a gente quer que seja uma coisa fluida, como se a gente tivesse realmente tendo uma conversa e estivesse contando uma história para um amigo.

Depois, escolho um lugar silencioso e fechado, onde eu tenha tranquilidade para gravar e tenha poucos ruídos externos (a não ser que estejamos buscando uma paisagem sonora junto à gravação, aí usamos o som do ambiente também). Algumas pessoas usam cobertor para cobrir a cabeça, mas acho que nunca precisei usar esse truque. Começo então a fazer os exercícios de voz, para aquecer. Nesse vídeo você encontra alguns:

Exercícios de voz que usamos no Comunicast

Além desses exercícios, outra coisa bem legal de fazer para melhorar a dicção, é ler o roteiro com uma caneta entre os dentes, mordendo mesmo, sabe?! Eu sei, parece bem bobo, mas isso ajuda a dar uma soltada e a ler com mais fluidez. E de bônus, ainda rende muitas risadas!

Uma coisa muitíssimo importante também é beber água. Muita água! Para se manter hidratado e suas cordas vocais também agradecem. Na hora de gravar, deixe sempre um copo, ou garrafinha por perto, para você não ter nenhum problema. Mas fique atento/a, pois a água (ou outras bebidas) muito gelada, ao invés de ajudar, pode atrapalhar. Comer uma maçã perto de gravar também pode ajudar, além de ser também um aquecimento, a fruta ajuda na hora de “limpar” a boca e a faringe. Uma ajudinha extra é sempre bem-vinda, afinal.

Antes da quarentena, quando ainda estávamos gravando no estúdio de rádio da Universidade, não tínhamos problemas com equipamentos (digo, microfone, porque sabemos a situação que a nossa Universidade passa e a falta de equipamentos é um problema antigo). Então, nós usávamos o que tínhamos em nossas mãos. Com a pandemia e o nascimento do Vida em Quarentena, nós tivemos que nos virar com nossos próprios celulares. A partir daí, nossos parâmetros para a qualidade dos nossos áudios passaram a ser diferentes. Tomávamos cuidado sempre para que o áudio fosse entendível, logo, a dicção, interpretação e ausência de ruídos externos se tornaram muito mais importantes do que a qualidade do equipamento em si. Por isso, não se preocupe se não tiver equipamentos caros, a gente consegue fazer limonada com os limões que temos!

O próximo passo, então, é a gravação em si.

Na hora de gravar, tente falar num ritmo que não seja nem muito rápido e nem muito lento. Tenha uma conversa com o seu roteiro, de forma que as frases sejam faladas de forma natural. Respire entre uma fala e outra, e, caso erre, volte do início daquela mesma frase. Quando gravo, não pauso a gravação em momentos como esse, apenas sinalizo para a pessoa que vai editar saber que regravei a mesma parte. Coisas como respiração, barulhinhos de saliva (aquele momento entre a troca de palavras que a gente dá uma molhadinha na boca depois de falar demais haha), são todos tirados na edição, então a intenção é gravar sem preocupações mesmo. Sim, nós confiamos muito em nossos/as editores/as.

Quando tiver que entrevistar alguém por telefone (ou Whatsapp, como nós fazemos durante a pandemia), dê algumas dessas instruções para que a qualidade se mantenha e você tenha um material que dê para utilizar sem mais problemas.

No mais, é sempre um aprendizado. Cada um vai se ajustando conforme as experiências e trocas de conhecimento. E esse processo é muito feliz, eu passei a gostar de gravar e inclusive já fui reconhecida pela minha voz (duas vezes! haha). Nós do Comunicast estamos sempre buscando mais conhecimento, mas espero ter ajudado de alguma forma com as minhas vivências. Não esqueça de acompanhar as outras etapas de produção que vamos contar por aqui futuramente, tem muita coisa interessante.

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Mylena Leite
Comunicast

Estudante de Publicidade da UFMT tentando se sobrepor a si mesma.