Comunicação e Gênero
Raça e classe
Por quê?
Por que eu pensava que a desconstrução quando realizada a nível de pensamento e discurso estaria naturalizada na comunicação. Nem sempre.
Desconstruir dói, né?
Significa que está funcionando. Dediquei um tempo da minha vida a estudar comunicação com perspectiva de gênero e, veja bem, descobri que aprendi muito enquanto estudei comunicação social, mas a perspectiva de gênero, raça, classe e pensamento decolonial não existia, apesar das ideias sobre as questões.
Aí se foram uns bons anos da vida como redatora e jornalista, produzindo conteúdo, informando e alimentando o algoritmo sob uma perspectiva que não era das mais abrangentes. Longe disso.
Sim, claro… tem muita coisa a ver com o conteúdo criado, mas percebi que era muito mais sobre COMO esse conteúdo era produzido replicando machismos, racismos e colonialismos que estão impregnados na nossa comunicação.
E as estruturas de onde sai tudo isso?
Aquela redação com ares de descolada, a agência badalada… onde as minas choram, mas o chefe (prefere) não vê. A foto de fim de ano com aquela equipe que tem quase tudo: profissionais incríveis, espírito de equipe, assediador, mulher (branca) quase chefe, piadas sexistas, RH que só contrata faculdade de elite… só não tinha ninguém negro na hora de aprovar aquela campanha racista que foi um fracasso, né?
Caso você seja da turma do diploma, espero que tenha mais referências de teóricas da comunicação do que eu. (alô, Lélia Gonzalez, como eu gostaria ter te conhecido antes) Euzinha me lembro mais dos teóricos e de uma comunicação pensada sempre com o humanO como referência.
Colaboremos
Não falo de você, mas pelo menos eu ia normalizando a outrorização e dando pano para manga para um sistema-hetero-patriarcal-racista e colonial através daquilo que eu produzia na melhor das intenções. O duro é que ainda faço isso, só que agora tenho maior facilidade em identificar o meu próprio discurso machista-racista-colonial na minha comunicação.
O bom é que existem soluções geniais para eliminar o patriarcado da comunicação e ser parte de uma baita contribuição na luta antirracista e decolonial contra a desigualdade de gênero e LGBTQI+.
E olha que nem estou falando sobre criar conteúdo feminista, apesar de adorar. A perspectiva de gênero na comunicação entra em absolutamente todas as temáticas e aspectos.
Que fique claro, então, que comunicação e gênero é um espaço de troca de saberes e reflexões com perspectiva interseccional e decolonial. É com muita esperança em um mundinho que seja confortável a todas as pessoas que o habitam que compartilho alguns de meus aprendizados recentes e reflexões sobre comunicação com perspectiva de gênero, raça e classe e pensamento decolonial.
Convido,
comunicadoras e comunicadores que queiram aportar à reflexão, por favor. Acreditamos em lugar de fala, escuta ativa e troca de saberes.
Ferramentas úteis, estratégias de comunicação com perspectiva de gênero, análises e experiências pessoais e profissionais relacionadas ao tema são tudo o que adoraríamos ler por aqui.
Fique à vontade, na medida do possível, porque desconstruir incomoda.
Como colaborar?
Na vida, desconstruindo muita coisa sobre tudo aquilo que você possa ter aprendido sobre comunicação. Aqui no blog, a discussão está aberta nos comentários de todos os posts, basta ter um perfil no Medium.
Para colaborar com algum texto ou outros formatos de conteúdo digital, escreva para latorredajulia@gmail.com e o seu acesso será liberado à publicação.