A alegria da primeira quitinete

Li Ambrosio
Comunidade da Escrita Afetuosa
2 min readMar 11, 2024

Era noite de sábado e as cortinas de chita da sala dançavam suavemente com a brisa que entrava pela janela entreaberta da quitinete.

Ana, a filha destemida que havia deixado o ninho familiar em busca de independência, sentia uma mistura de nervosismo e alegria. Era a primeira vez que sua mãe visitava seu pequeno lar.

Ao abrir a porta, foi recebida pelo sorriso caloroso de dona Clara, que carregava consigo uma expressão de orgulho e amor. Abraçaram-se longamente, como se aquele gesto pudesse transmitir todas as palavras não ditas durante o tempo que estiveram separadas.

A quitinete se transformou em um cenário de afeto e reencontro. Ana convidou sua mãe para entrar e se acomodar no pequeno sofá de estampas florais que ela mesma escolheu. Uma mesa de centro simples, mas cheia de significado, foi cuidadosamente decorada com flores colhidas no bairro e uma toalha de crochê — herança de sua avó.

O cheiro delicioso do bolo de laranja assado recentemente preenchia o ambiente, trazendo à tona uma lembrança especial da relação entre as duas. Quando moravam juntas, enquanto uma preparava a massa, a outra fazia a calda.

Era como voltar no tempo.

Para acompanhar, um chá de maracujá, servido em xícaras delicadas doadas por tias e primas.

Entre risadas e histórias compartilhadas, mãe e filha desfrutaram da simplicidade e autenticidade daquele momento. O bolo, macio e levemente cítrico, derretia na boca, enquanto o chá, com sua doçura equilibrada, trazia sensação de conforto.

A quitinete se expandiu em espaço e acolhimento. Cada detalhe carregava a marca do esforço e da dedicação de uma filha que aprendia a voar, mas que nunca esquecia suas raízes.

Ao se despedirem, dona Clara abraçou Ana com ainda mais força, como se pudesse abrigar em si todo o amor e apoio que uma mãe tem a oferecer.

Este novo lar, agora preenchido pelo calor do afeto, tornou-se o cenário de um novo capítulo na vida de Ana, onde as páginas eram escritas com as cores vibrantes da independência e do carinho que só uma mãe sabe proporcionar.

Lillian Ambrosio — Comunidade da Escrita Afetuosa — Prof. Ana Holanda
Março de 2024, tema Observação — Escrever a partir da observação do lugar.

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Li Ambrosio
Comunidade da Escrita Afetuosa

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