A canequinha azul
Era uma canequinha de medida. Tudo se me media por ela. Principalmente o açúcar do bolo. Daquele bolo. Caneca de plástico bem antiga. Modelo? Nem existe mais. Mais de 50. Ela é de plástico azul bem vibrante, quase turquesa. A alça é simples, simétrica, sem muitos detalhes, porém, diferente. Uma asa aberta. Bem aberta. O plástico tem aquele acabamento levemente brilhante, característico das canecas da época.
Quando mamãe pegava a canequinha, nossos olhinhos brilhavam. Eba! Vai ter bolo de laranja. A canequinha andou por nossa cozinha, da Casa da Rua Cláudio, por décadas. Mesmo depois da reforma na casa ela continuou entre os utensílios. Depois da mudança, ela foi junto. Mas já não era rainha na cozinha nova, moderna.
Agora, na nova era, ela estava lá, sozinha e largada no fundo da gaveta da cozinha da casa da mamãe. Pedi a minha irmã para trazer a canequinha azul pra mim. Agora ela é minha. E repousa azul absoluta na cozinha contemporânea e pequena. No meio dos temperos e livros de culinária.
A canequinha de plástico azul sempre vai ter lugar no nosso coração.