A princesinha

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Comunidade da Escrita Afetuosa
1 min readJan 24, 2024

A Princesinha das flores não está mais lá. Depois de umas quatro décadas no mesmo lugar, fechou. E é como se uma pastilha do mosaico que me forma se soltasse. Agora tem um buraquinho. Nem dá pra ver de longe, mas está lá. Uns trinta anos passando de ônibus, todo dia, pela porta. Aquele letreiro de antigamente. Um nome singelo para uma floricultura. Uma vitrine simples, com baldes cheios de rosas na calçada.

Depois, mais oito anos morando perto, passando à pé. Ganhando lírios no começo do casamento, em dias comuns. Ganhando buquês, em datas especiais. Foi lá que comprei o primeiro (e o segundo, o terceiro, o quarto) buquê de flores do campo para enfeitar a casa no natal. Um balcão grande, de ponta a ponta, e o dono português atrás dele, desses que só se encontra no Rio de Janeiro.

Uma semana na cidade depois de mais um ano sem vir. Dar uma volta na antiga vizinhança, passar na padaria, reencontrar buracos, buzinas, cumprimentar conhecidos, passar na porta da igreja…a princesinha não está mais lá.

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