Carta para Bernardo

Maru Chiquinha
Comunidade da Escrita Afetuosa
2 min readApr 28, 2024

Imperatriz, 26 de abril de 2024

Querido Bernardo!

Que satisfação reencontrá-lo! Receber suas notícias depois de tanto tempo foi uma agradável surpresa! Na minha cabeça ainda é vívida a lembrança do menininho que você foi. Àquela época, às voltas com os cadernos, com os livros infantis, com os porquês… e com seus sonhos. Hoje você reaparece, crescido, quase um adulto. Pra alegria dessa velha professora.

Receber o seu texto com um pedido pra lê-lo e opinar a respeito me honra. E me faz estremecer. Não creio estar apta pra realizar essa tarefa com os critérios que se fazem necessários. A aposentadoria me confere o direito de me distanciar do universo acadêmico e, no tocante a leituras, me dedicar somente às que considero prazerosas. É o que tenho feito. Mas consegui fazer alguns destaques no seu texto.

Sua escrita é bonita, Bernardo. Vejo nela o cuidado pra atender as exigências do texto acadêmico. Mas vou pontuar, um tanto constrangida, aspectos que me causaram inquietação. É claro que a minha leitura passa pelo viés do que estou vivendo, de só querer a leveza da vida. Meu olhar de leitora é desprovido de “obrigações”. Então, não me leve tão a sério (risos).

A linguagem formal, rebuscada, do seu texto é justificada pela finalidade a que ele se destina, mas dificultou a minha compreensão dele. É possível que isso esteja relacionado com o meu “esquecimento” dos fatos históricos tratados por você. Ainda assim, acho que a escrita marcada predominantemente por termos técnicos/históricos/científicos compromete a clareza do texto, enfada, cria barreira ao leitor.

Como sinalizei, não estou segura quanto à historicidade de sua abordagem ao tema tratado, mas (me desculpe!) tive a impressão de estar lendo recortes textuais extraídos de algum lugar. Isso pode ter a ver com as “pontas soltas” que aparecem ao longo do seu texto. Ou, talvez, à sua preocupação em garantir e evidenciar a veracidade histórica de suas afirmações.

Foram essas coisas que percebi em seu texto, Bernardo. Sugiro, portanto, que você o releia considerando essas observações e, se julgar necessário, que o reescreva, de modo a torná-lo mais leve, mais próximo do leitor comum.

Bom, meu caro Bernardo, reafirmo a minha alegria em reencontrá-lo e, espero não tê-lo ofendido com minhas considerações. Você é um jovem brilhante, estudioso, e está trilhando um caminho promissor. Continue. Eu estarei aqui, torcendo a seu favor, desejando fortemente que você cresça cada dia. Que voe alto. Que se realize. E, por favor, cuide de ser feliz.

Muito obrigada pelo contato. Pelo texto. Pela consideração. Pelo carinho.

Me surpreenda com sua visita quando quiser, pra tomarmos um suco de fruta gelado e conversarmos demoradamente.

Um grande abraço.

M. C.

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