Conversas sobre ETs
— Mãe, você acredita em ETs?
— Acredito que exista vida no universo, filho. Não estamos sós.
— Mas e os ETs?
— Talvez eles existam, filho. Assim como os espíritos.
O Rafael, meu filho mais velho, de nove anos, está naquela fase de querer entender o mundo. E também o que tem além. No céu e nas galáxias. De repente, os alienígenas viraram alvo da curiosidade dele.
— Pai, como será que eles são? Será que são iguais aos filmes?
— Isso é imaginação dos homens, filho. Dizem que de tanto a gente ficar nas telas, nossos olhos vão crescer. A boca será pequena e com poucos dentes, por causa da comida processada. E a cabeça da gente vai aumentar, porque estamos usando mais o cérebro do que o corpo.
— Nossaaa… — responde o Rafa, boquiaberto.
Uma tarde, ele voltou assustado depois de um passeio com a amiga da escola, a Clara. Ela contou detalhes do programa sobre extraterrestres que viu com a mãe no History Channel. Falou de pessoas abduzidas enquanto dormiam, sinais em plantações e uma base alienígena no Alaska.
Foi informação demais para o meu filho. E à noite, ele não conseguia pregar os olhos. Acendeu o abajur da lateral da cama, o mesmo que já tinha abandonado há tempos. Estava com medo da noite. De ataques marcianos na escuridão.
O pai, o Thiago, deitou ao lado dele e garantiu que nenhum ET iria raptá-lo. Disse que ele não precisava ter medo dos aliens.
— Quem faz guerras e violência são os homens, filho. Os ETs nos deixam em paz.
Dias depois, fomos à praia no nosso horário preferido, perto do pôr do sol. É quando vem aquela brisa fresca das marés. Ali, deitamos os três, na nossa canga azul do céu. E olhamos para cima. O Thiago falou:
— Vocês sabiam que se um alien estiver numa galáxia distante, olhando para gente através de um telescópio, ele verá nosso passado e não o que está acontecendo agora? É por causa da distância que a luz percorre.
— Nossaaa — respondeu o Rafa. Dessa vez, pareceu entender que quando olhamos para as estrelas e seus mistérios vemos o passado também.
Sorriu e foi brincar com a irmã caçula nas ondas que quebravam na areia. Se somos fragmentos no tempo, é bom não perdê-lo à toa.
Poentemod3ex3