Desembarque autorizado

O avião pousou e seguiu o seu ritual. Malas de mão. Desembarque. Corredores intermináveis. Portas de vidro abertas. O casaco vermelho emprestado deixou minhas mãos para cumprir sua função.

Eu tremia. O vento gelado brincava com meus cabelos. Minhas mãos congelavam. Logo elas foram aquecidas. Não por uma luva. Não. Elas foram aquecidas pelo meu toque favorito. Aquele que gostumava ser quente, mas hoje estava gelado. Acho que para combinar com minhas mãos que deixaram de suar para dançar ao vento.

Eu sorri. Ele sorriu. Meu coração derreteu. E tremeu só para que ele me acolhesse em seus braços, diminuindo a distância entre nós. Os rostos tão pertos que quase se tocavam. Quase. A distância era permitida apenas para que os olhos declarassem o que as palvaras não conseguiam.

Outro sorriso. Uma gargalhada. Um beijo gelado na bochecha. Foi assim que Curitiba nos recebeu. O carro chegou. Entramos. E seguimos sem ter ideia da grandiosidade dos próximos dias.