Entre medos e sonhos, navego em incertezas.
Sinto medo do “não saber”.
Com tantos signos em terra no meu mapa astral, planejar e pensar no pior das coisas já é parte intrínseca do meu ser.
Não pelo pessimismo, mas pelo realismo.
Gosto da praticidade de tomar decisões baseada em fatos. Reais.
Não gosto de surpresas.
Normalmente vou aos mesmos lugares.
Estou sempre com as mesmas pessoas.
Passo a mesma cor de esmaltes.
Converso sobre os mesmos assuntos.
Ousadia jamais seria meu sobrenome.
A maternidade já me ajudou bastante com meu lado controlador — a terapia e a vida também.
Mas agora é diferente.
Não é apenas deixar de ir a algum lugar porque o filho adoeceu.
Sinto medo.
Me apego às orações, pensando em um salto de fé.
Já pensando no que pode acontecer se meu marido perder o emprego.
Sinto medo. E frustração.
Eu me preparei para chegar até aqui.
A pausa do “trabalho remunerado” foi bem pensada neste momento de transição dos filhos.
É que tem a hipótese diagnóstica de TDAH.
Os estudos para conseguir ajudar da melhor forma meus filhos a lidarem com seus sentimentos e frustrações.
A mudança da escola deles.
A função de mãetorista para as idas ao clube, ao futebol, à terapia.
O plano já estava traçado.
Nas quatro horas e meia em que meus filhos estariam escola, voltaria a estudar.
Escreveria meus projetos literários, abriria minha loja de produtos afetuosos e pensaria em outros projetos de presentes literários exclusivos.
Assim como foi o da Caixa do Sentir baseada no “Como se encontrar na escrita”.
Agora, de forma organizada.
Planejada. Estruturada.
Mix de produtos.
Meus livros.
Um sonho de me RE-conhecer depois desta primeira década de maternidade.
Quantos eus que me compuseram/compõem ainda seguem em mim?
Sinto medo. E raiva.
Não queria precisar abandonar este sonho logo agora.
nossajasaocincohorasdatardeprecisosaircorrendoprabuscarosmeninos; outrahoraterminoessareflexaoporqueodevermechama.