Clô Azevedo
Comunidade da Escrita Afetuosa
2 min readApr 28, 2024

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HISTÓRIAS QUE CONTO A MIM MESMA.

Eu não sei porque ainda carrego esse sentimento. De não ter encontrado uma saída. Queria já ter colocado os pés do outro lado da ponte. Viver livremente a escolha que fiz. Mas ele ainda me pega. Me julga. Vive agarrado alguns dias no meu estômago, outros pulando na minha mente inquieta. Mudar de carreira foi difícil. Ainda tem sido.

Trabalhava muito. Na profissão que escolhi, quando sai da faculdade, e mais tarde como mãe. Que um dia me tornei. De gêmeos. As obrigações profissionais e maternais aumentaram e passei a levar uma vida multitarefas. Porém eu gostava disso. Ser ocupada me preenchia. Me sentia imbatível. Mulher maravilha.

Porém com o passar dos anos a vida profissional pesou. Não tinha mais a mesma paixão pelo que eu fazia. Precisava mudar. Saber quem eu era fora daquele lugar que sempre estive. Sempre admirei o gosto que carrego pela coragem de fazer grandes mudanças na minha vida.

Anos mais tarde, com a pandemia, abri espaço para um impulso que batia no meu coração já a algum tempo. Tomei coragem e quando as coisas começaram a voltar ao normal resolvi fazer uma transição de carreira. Sem me preparar para isso. Só fui. De mãos dadas com a vontade louca que se acumulava há anos de largar tudo aquilo e nunca mais voltar.

Desde então, caminho minha decisão contando histórias a mim mesma para suportar essa escolha. Sinto que ainda não cheguei onde queria estar. Lidar com meus julgamentos diários em relação a isso, me consome. Será que escolhi o caminho mais difícil? Teria outra maneira? Mais fácil. Mais leve. Mais assertiva? Um caminho mais curto? Mais isso ou aquilo? Não sei. Acho que nunca vou saber.

Autocríticas embaçam minha visão. Roubam minha energia. Me tiram do prumo. Sem conseguir acolher a mim mesma me deixo levar por esse caminho inútil. Sinto que me machuco demais quando estabeleço essa conversa desgovernada comigo mesma. Desconforto. Tento não me ferir. Não me colocar a prova de coisas que fogem do meu controle. Respiro e entendo que ainda preciso de tempo. Para amadurecer. Para entender tantas coisas dentro de mim em relação a esse assunto. Aceito a trégua. Por alguns minutos. Mas, será que aceito mesmo? Ou é mais uma história que conto para mim mesma?

Desafio | Abrex1

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Clô Azevedo
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Ajudo pessoas a contarem suas histórias através de seus ambientes.