Pollyana Teles
Comunidade da Escrita Afetuosa
1 min readApr 30, 2024

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MACACA

Garotos sentados na beira do meio-fio. Um grupo. Um começa, os seguem. MACACA. Outro toma coragem. Que cabelo é esse? Enfrentou aqueles meninos. Esses insultos a menina “forte”, passa à frente deles ouvi novamente. MACACA. Passaram-se anos, o recorte do passado é uma sombra que pousa nos seus ombros, não permitem relaxar. Desde a aparência física às atividades, nada considero bom, tudo precisa de um pouco mais. Fico sempre devendo. Por um tempo essas ofensas ficaram adormecidas. Minha memória me poupar. Só não poupou da autocrítica que desencadeei.

Nunca fui bonita.

Nem inteligente.

Assim, sutge a comparação. Como me fez mal. Ao ponto de parar na terapia. Interferiu um tudo na minha vida. E a cada investigação da psicóloga, sentia dor das críticas de mim em mim. Até que em uma sessão, a lembrança dos insultos vieram à tona. Chorei. Sofri. Entendi. Para uma pré-adolescente ser rejeitada de tal forma, mostrava ser insuficiente seu existir. E por tempos me anulei. Entender a minha raça, passsar pela transição capilar, diminuir as espectativas sobre mim mesma são algumas das atitudes que fizeram significar minha veracidade.

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