Meu querido ‘diário secreto’

Janex 2

Falar sobre diário é comigo mesma! Sempre amei e sempre tive, desde criança. Acredito que ganhei o meu primeiro aos seis anos. Eu adorava o cadeado, me dava uma sensação de ‘tenho algo secreto e uma chave que só eu posso abrir’, inclusive escondia a chave com todo cuidado do mundo. Pensando nesta época, acabei me lembrando de um fato curioso que aconteceu, eu havia mudado de escola recentemente e estava doida para enturmar, eu estava na segunda série do primeiro grau, fiz algumas amizades e acabei passando por uma ‘prova de fogo’. Um teste de amizade, uma das populares da minha sala pediu que eu levasse meu diário para a escola. Eu, doida para ser aceita na escola nova, levei sem nem pensar direito. Escrevo isso sentindo uma dó de mim, risos, mas já superei. No recreio passei pela primeira cena constrangedora da minha vida, pois a ‘querida popular’ abriu o diário e começou a ler na frente de todos. O que era um grupo pequeno de cinco ou seis meninas se tornou um círculo maior ao nosso redor a medida que ela ia lendo, algumas pessoas riam, arregalavam os olhos, enfim todo mundo junto para ouvir todas as minhas confidências. Que vergonha! Deu vontade de chorar e sair correndo. O que tinha escrito lá? Nome das professoras que eu gostava e nome de um ou outro menino que eu achava bonito, nada extraordinário. Hoje, adulta, ainda escrevo sobre pessoas que gosto ou não gosto, lugares, sentimentos e muitas avaliações pessoais. É meu ‘lugar secreto’ e seguro onde me sinto confiante para ser eu mesma. Atualmente, meu diário, no lugar do cadeado, tem uma fita de cetim rosa, minha cor favorita inclusive, para fechar faço um laço. Hoje não preciso de cadeado, porém, às vezes, ainda sinto que preciso ser aceita, só não o envolvo nisso, risos.

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