O Closet da Carrie
Lembra do seriado Sex and the City? E closet da Carrie? Aquele onde Mr. Big fez o pedido de casamento ao lhe calçar um sapato maravilhoso como se fosse um anel de brilhante. Pois é. Os meus armários embutidos estavam longe daquela perfeição.
O apartamento é antigo. Os armários residentes delatavam a década de montagem por sua concepção antiquada: gavetas minúsculas, um vão ridículo para vestidos, sapateira que mais parecia um buraco negro. Madeira escura. Fiz uma grande reforma. O dinheiro acabou antes da remodelagem terminar. Dei só um tapa. Pintei. Troquei os puxadores. Coloquei molduras. O interior permaneceu intocado.
Tão logo pude, metamorfoseei os dois que existiam. Um deles foi transformado em rouparia com prateleiras espaçosas para as roupas de cama, de banho, edredons e cobertores. Conta, também, com um gavetão onde armazeno pijamas, camisolas, robes (para manter coerência temática). Parte do espaço foi reservada para bolsas, sacolas de viagem e tralhas diversas (como enfeites de natal, por exemplo). O outro ficou mais próximo do sonhado closet. Uma porta foi destinada aos vestidos, que não mais precisam ser dobrados. Gaveta para a roupa de academia. Gavetas enormes para as lingeries — posso ver todas, sem que precisem ficar amontoadas. Instalei, também, prateleiras deslizantes para os sapatos (não preciso mais pescá-los com a vassoura!).
Não, não ficou como o closet da Carrie. Longe disso. Mas, quando abro o armário, sempre tenho a sensação de vida organizada. Me sinto adulta por ter nichos adequados para as miríades de objetos que constituem minha história.
Inês Gariglio Maiex1
