Carolina Pires
Comunidade da Escrita Afetuosa
2 min readMar 25, 2023

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O corredor da casa da minha vó tinha um quilômetro de ponta a ponta. Lá no fundo era o quarto de costuras e na outra ponta, o quarto dela e do vovô. Ali pelo meio tinha o quarto de tv e outro que eu mal entrava então não lembro o que tinha lá.

Pois foi ali a 550 metros do quarto dela que ela me mandou dormir. Sozinha. No sofá da sala de tv. Era só tirar as almofadas, colocar um lençol e, pronto, temos uma cama. A minha.

Aqui??? Aí.

Cruel. Logo ela. Logo comigo.

A noite veio, eu suava embaixo do lençol pra me proteger de alguma coisa. Olhos arregalados tentando acostumar a visão e conseguir entender a poltrona do vovô e a televisão. Tinha um cachorro lá fora que latia sem parar eu imaginava que ele também não conseguia dormir de medo.

Estava determinada a ficar com olhos abertos até fecharem de sono e foi aí que vi, pela primeira vez, uma luz piscando dentro do quarto.

O que era aquilo? Eu tinha certeza, sabia que não era pra dormir sozinha! E a luz piscava e mudava de lugar. Piscava e mudava de lugar.

Meu Deus, é um vaga-lume? É um vaga-lume!!! Ficamos amigos. Fiquei tão feliz de ver que ele veio até mim iluminar o quarto, conversamos até meus olhos fecharem calmos e aliviados do terror. Salva por um vaga-lume!

24/03/23

Exercício módulo 1:

“escreva a partir de uma memória”

#auroramod1ex

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