Para todo o mal, a cura

Shadya Hamad
Comunidade da Escrita Afetuosa
2 min readApr 28, 2024

Não há ritual mais curandeiro para ela que este.

Pisar na grama descalça remendou seu coração tantas vezes destroçado.

A palma da mão que carrega a linha da vida renova o fôlego quando encosta no tronco da árvore.

reCARREGA a vontade de viver.

Aprendeu com os anos que isto lhe resgata das dores do passado e do medo do futuro.

Lhe faz fincar raízes no presente.

Ah o presente.

Que presente é sentir a textura das pétalas das flores, as cócegas que a grama espinhenta e molhada faz em seus pés, as gotas de chuva nas folhas pelas pontas dos seus dedos, a aflição dos grãos de terra marrom e fértil debaixo de suas unhas.

Observar as árvores que dançam com o vento do fim da tarde.

A joaninha que pousa em seu braço.

Os pássaros que cantam em seus ninhos.

O cheiro que antecede a tempestade.

As nuvens com formatos de bichos em dias de céu azul.

Poderia passar horas listando tudo o que aprendeu a valorizar ainda mais após os longos dez anos que viveu no deserto.

Onde tudo era artificial.

Cor de laranja com um requinte de prédios modernos e espelhados.

De volta ao país que é o pulmão do mundo, aprendeu que o verde é seu antídoto para dias cinzentos.

É em meio à natureza que se conecta com quem mais ama e que tem conversas mais profundas com o criador de tudo.

Sobre a relva com gotículas de orvalho, seus pés desnudos lhe confidenciam que sim, ela pertence a este mundo e que pode e deve ser feliz.

Escrito em 28.04.24 por Shadya Hamad para a Comunidade da Escrita Afetuosa — Prof. Ana Holanda — Escrever como auto cura. Abrex3

Foto de Merri J na Unsplash

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