Portas

brizam
Comunidade da Escrita Afetuosa
1 min readMar 21, 2023

Tem a porta para entrar e sair do apartamento. Essa, está lá. Mas, só essa. Todas as outras foram tiradas. O moço da de-de-ti-za-ção vem fazer um trabalho de prevenção de cupins. E é estranho andar por uma casa sem portas. Mesmo que não costume fechá-las. Mas, a casa parece maior, mais livre, arejada. Claro, se a gente parar pra pensar, as portas não ocupam tanto espaço assim, mas impõem limites. E agora, não tenho mais fronteiras. Pelo menos, aqui dentro, no 202. Ok, tem as paredes, mas paredes são espécies de acidentes geográficos, não barreiras, pelas quais ora você pode passar, ora não. Talvez, me sinta tão bem, porque no meu peito, nesse momento, também não há portas. Acidentes geográficos, sem dúvida. Acidentes provocados, também. Mas, passeio pelo que sinto de um cômodo para outro. Livremente. Vou, se quiser. Não vou, se quiser. Já a porta de entrada e saída, dos outros para mim e de mim para os outros está lá. Mas, só essa. Às vezes, a gente tem que prevenir os bichinhos que roem a gente por dentro, afinal.

Não sei se vou recolocá-las no lugar. As portas. As da casa. As da alma.

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brizam
Comunidade da Escrita Afetuosa

alegrinha como florinha amarela, desejando as finuras, violoncelo, violino, menestrel e fazendo o que sei, o ouvido no teu peito pra escutar o que bate.