Quando a palavra julga

Michelli Pessoa Marinho
Comunidade da Escrita Afetuosa
1 min readApr 29, 2024

O que você faz com a sua arte?

Desembrulha quando ninguém vê

Guarda

Reescreve

Coloca cadeados

De dentro pra fora

Deixa o sangue escorrer

Finge que não importa

Fingir é verbo destemido

Perde o medo, embala sozinho

Teme a si até perder

Perder de vista o que sente

Amor, medo, desejo

Engole os sentimentos

Sentimentos deglutidos

Fazem mal ao intestino

Cólicas, gases, úlceras

Caem na corrente sanguínea

Perdem-se dentro do ser

Será que você sente agora?

É preciso expelir

Orifícios comprimidos

Embalados vivos

Para não esquecer

Autojulgamento

Dói mais que doença

Carne viva

Céu aberto traz feridas

Como esquecer do que não viveu?

Poema sai desequilibrado

Tentando viver entre a culpa

Culpa de não pertencer

Escrever é meu lugar no mundo

Sereno, e às vezes, confuso

Até me perceber

Equilibrar vírgulas, pontos e travessões

Temores, desilusões

Encaixotar, moldar

É mais sobre ver, ouvir as batidas do peito

Acelera não tem jeito

Linhas tecem o prazer

Prazer que deságua apenas quem veste

A coragem

Imperfeita

Sem alarde

Ousa viver

Abrex1

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Michelli Pessoa Marinho
Comunidade da Escrita Afetuosa

Jornalista e Radialista. Escritora no @afetodeversos e @vozesdaescrita