Quando o livro encontra você…
Começar o ano escrevendo sobre minha última leitura me gerou certo desconforto. Me senti em um desafio da televisão, estilo do que passava, anos atrás aos domingos, ou seja, vergonha, muita vergonha.
Compartilhar que amo leitura hot me deixou de certo modo tímida…
Apesar de me sentir relativamente constrangida, topei o desafio e cá estou, afinal sou dessas que gosta de quebrar barreiras pessoais.
Desde 2018, ano que comecei a fazer terapia, comecei a me despir (não como os personagens do livro, risos) de camadas pesadas e profundas. Muita coisa foi mudando. Neste processo de mudança comecei a ressignificar praticamente tudo. Pense no trabalho.
Ano passado, o último livro que li, me colocou de frente a questões profundas, pois a personagem principal vivenciou situações em que me identifiquei até demais. Um dos pontos que mexeu com feridas antigas, foi de me sentir invisível e vivenciar abusos psicológicos onde deveria ser um lugar seguro. Apesar da volta por cima da personagem, toda a trajetória dela fez com que eu pensasse na minha vida. Sabe quando você não consegue parar de ler o livro? Então, eu precisava ver como ela sairia de toda aquela confusão, no fundo, era eu buscando recursos para mim, para a minha vida.
Já tive preconceito com este estilo literário, hoje vejo como uma espécie de escola, afinal todos nós precisamos ter experiências, inclusive sexuais, sexo é vida e deve ser visto como algo natural, mas para mim por muito tempo veio cheio de travas e medos.
Escrever sobre isso gerou incômodos profundos, expor partes das minhas camadas me fez sentir completamente exposta e vulnerável, completamente desnuda, mesmo vestida neste exato momento com um vestido florido que eu amo. De certo modo, escrever sobre isso me faz sentir como um produto na vitrine, exposto a julgamentos e críticas, porém escrevo para quebrar mais uma barreira e escancarar camadas que não fazem mais sentido.
