Três

Vivi três vidas ontem de noite.

Uma me foi dada. Clarão. Sorrisos. Largos. Que não acabavam. Barulho. Todo mundo queria falar. Chorei (muito) ao tentarem papo. Encontrei aconchego no colo. Apertado. De uma jovem que acariciava minha cabeça e me fazia sentir.

A segunda: pari. Alguém que não era eu. Alguém que esteve sempre ali. Olhava para a minha barriga. Observava o pequeno milagre. Queria entender . Emoção ficou forte. Fui tomada pela exaustão e misto de cena feliz.

E a fui. Fechei os olhos. Desapareci. O segundo final veio após uma respiração ofegante. Naquele instante em que não cabia mais esperar.

Três também é a quantidade de vezes em que parti. De mim. Da vida de alguém. Três. Não é louco demais contabilizar? Todas, com a mesma intensidade. Um voo desequilibrado entre números, rostos, sensações.

Entre abismos é possível se encontrar? O Recém nascido. Mãe. Idoso. Vão vasto e solo. Horas decisivas. Horas em que você quer mudar. Estamos apenas no meio dessa viagem. De um sonho em três partes. É preciso acordar.

#Agoex3