tudo igual e diferente

tudo igual e diferente

Luciana Godoi
Comunidade da Escrita Afetuosa
2 min readAug 11, 2023

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Dessa vez, já começou diferente.

Porque antes de qualquer pontinha de querer, eu não queria, de jeito nenhum. Então, eu quis e sonhei e rezei. Pedi em oração que eu pudesse ser mãe, mais uma vez, para outro alguém.

Exatamente cinco anos, um mês e cinco dias do primeiro positivo, o segundo. Tão diferente, em tudo. Não chorei de alegria, não senti a mão tremer, não comecei ali mesmo a viver um grande sonho. Não. Escondi o teste, deitei na cama ao lado da minha menina e afundei o rosto no pescoço dela.

Três dias depois, desabei. Um velho medo que eu já conhecia de outros tempos me tirou do eixo da sanidade. Chorei em soluços a certeza de que a rota não poderia ser essa. O que foi que eu fiz?!

Terapia, yoga, respiração, o abraço da única pessoa no mundo que conhece bem o amor que sinto e sente quase igual. Eu e ele ouvimos, de novo, um outro coração batendo forte dentro de mim. Mas o compasso do meu próprio coração só começou a se acertar quando a coloquei no colo, para mostrar a foto do ultrassom.

Você sabe o que é isso?

Um olho!

Não, é uma coisa que está dentro da minha barriga.

Ah, então sou eu!

Não, meu amor, você já esteve, mas não está mais, né?

Já sei! É o seu umbigo!

Hahaha! É um bebê!

Um bebê? Aí?

E rimos todos, entre lágrimas. De alegria, de alívio, de medo, de saudade.

Assim tem sido. Uma barriga que cresce muito mais rápido do que eu poderia esperar. Enjoos que duram vinte quatro horas por dia, sete dias por semana. E eu só querendo chegar logo na parte boa, de ninar este bebê, apoiando a mais velha no outro braço.

Mas, ao mesmo tempo, não quero perder nada do que está acontecendo exatamente agora: ter, como não tive da primeira vez, a consciência de que este aqui é o começo, de novo, do maior amor do mundo, e as tantas palavras mágicas que tenho ouvido desde então…

Oi bebezinho, nossa mamãe é tão linda. Quero que você nasça logo para ver!

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