De pijamas e pantufas, seguimos

Cristiane Snetto
Comunidade Tecnopuc
2 min readJun 10, 2021

Estamos há um ano e três meses em trabalho remoto. Nos encontramos muito pouco. A saudade aperta. Os espaços vazios entristecem. Mas os números, aqueles nos quais os adultos acreditam, continuam crescendo, ao contrário do que alguns esperavam.

De pijamas e pantufas, em meio aos brinquedos, mamadeiras e cadernos escolares, a performance aumenta, os resultados aparecem e a satisfação dos clientes é evidente, atingindo até os melhores patamares dos últimos anos.

Se ficar em casa é enlouquecedor, como a mágica da produtividade acontece?

Eu apostaria no ingrediente PROPÓSITO. Misturar contextos como estamos fazendo e ainda assim, superarmos as expectativas profissionais só é possível quando temos muito presente o que nos move. E esse motor propulsor não é o salário no final do mês. Tem que ser algo maior, que nos faça andar de mãos dadas com a loucura do dia a dia para subirmos mais um degrau na escala de satisfação profissional.

Ao assumir nossos postos de trabalho dentro de casa, estamos admitindo que há algo que nos faz levantar e deixar nossos filhos a mercê da televisão e dos jogos eletrônicos. Há algo por trás do computador que nos faz acreditar que aquelas horas que estamos gastando digitando, organizando, planejando, estudando, calculando, são no fundo, a base para a construção de algo que atingirá as pessoas a nossa volta, a comunidade na qual estamos inseridos, a sociedade e a humanidade como um todo.

Não, não é exagero, estamos construindo, dentro de nossas casas, um rede global de inovação, que não apenas interfere nos negócios do ecossistema, mas também, e principalmente, na vida de cada um de nós.

Inovar não é só criar um novo sistema, é também fazer o sistema rodar, apesar das adversidades do caminho. É encontrar soluções de humanizar o que parecia mármore, de tão frio. É acalentar quem perde, sem abraçar, é estar presente, sem sair do lugar.

Inovação é acordar em meio a uma pandemia e enxergar que do outro lado da tela existe alguém que precisa da resposta do e-mail para seguir sonhando. É enxergar que na porta do vizinho existe alguém que precisa fazer uma videochamada, mas não sabe como e você pode ajudar. É tecer uma manta para quem sente frio, sem conhecer esse alguém. É servir um prato de comida para quem tem fome e deixar na porta. É separar um quilo de alimento e levar na fila da vacina. É mostrar humanidade quando esse conceito parece estar em declínio. É abrir a câmera e deixar enxergarem o seu sorriso, apesar da bagunça no plano de fundo.

Inovar, criar, crescer, sonhar. Verbos inimaginários para um país que insiste em andar para trás. Enquanto alguns teimam em enxergar jacarés, nós construímos novos campos, para semear amor, justiça, equidade e progresso.

Não somos cobaias, somos criadores de um novo mundo, que está renascendo, porque não paramos, não desistimos, apenas mudamos o ângulo, recalculamos a rota e seguimos em frente.

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