A Importância da Comunicação para Cientistas de Dados
As 5 habilidades para desenvolvimento de uma comunicação eficaz na área de dados
A comunicação é uma das soft skils mais requisitadas por empresas e, quando não desenvolvida, a que mais impede os profissionais, das mais variadas áreas de avançarem em suas carreiras. Podendo ainda gerar grandes problemas e erros no processo de trabalho.
As soft skills são compreendidas como sendo as nossas habilidades emocionais/comportamentais, ou seja, todas as capacidades desenvolvidas através das relações com os outros. Dentre elas estão a colaboração, a resiliência, a flexibilidade, trabalho sobre pressão, orientação para resultados, liderança e comunicação eficaz.
Profissionais da área de dados que tenham estas soft skills bem desenvolvidas, estão muito mais próximos de promoções e contratações que os demais. Em projetos de dados é preciso flexibilidade para adaptar as mudanças necessárias ao longo dos ciclos de produção. Se você é uma pessoa que só faz algo de um determinado modo e não muda por nada, sinto dizer que precisará desenvolver esta habilidade também.
Outra soft importante é a liderança, pois todos os envolvidos no projeto precisam ser guiados da melhor maneira para resolução do problema. Assim como, a habilidade de lidar com demandas urgentes e consequentemente que geram pressão, afinal a área de negócios está aguardando seus insights para implementações que tragam melhores resultados.
Perceba que todas estas habilidades podem ser desenvolvidas ao longo de sua carreira. Sendo assim, mesmo que você venha de outra área de atuação para área de dados, estas serão muito bem aproveitadas e, quem sabe, aperfeiçoadas.
Aqui vamos nos deter a comunicação eficaz. Obviamente que existem pessoas que possuem certa facilidade na comunicação que outras. Porém, isso não quer dizer que não possa ser desenvolvida. Portanto, ao longo deste artigo irei abordar habilidades para desenvolver sua comunicação especificamente na área de dados.
Os conflitos gerados por falhas de comunicação são mais comuns do que imaginamos e isso se deve porque a comunicação envolve três quesitos importantes. O emissor, o receptor e a informação. O emissor tem o papel de transmitir a informação de modo que o receptor a receba na sua integridade. Por outro lado, o receptor precisa compreender esta informação tal qual como ela é. Sendo assim, se o emissor não consegue transmitir a informação na íntegra, a informação será afetada e, deste modo, o receptor poderá entender a informação de forma incompleta ou não entender nada.
Imagine que você é um cientista de dados e tenha que comunicar os resultados de um ensaio de machine learning para o setor de negócios da empresa. Temos um emissor técnico, uma informação também técnica e um receptor que não é da área de dados. Imaginou? Pois é, aqui temos um exemplo do quão importante e necessária é uma comunicação clara para que todos entendam o que está sendo transmitido.
Contudo, até aqui exemplifica-se o envio de mensagens de forma verbal. No entanto, a comunicação também ocorre de forma não verbal nos seus mais variados modos, como por meio da escrita, do comportamento, através ainda do seu estilo de vestir, também por meio das suas expressões faciais e de tantas outras maneiras. A verdade é que o tempo todo estamos enviando mensagens dos mais variados modos e do outro lado há alguém realizando uma leitura do que está sendo comunicado. Nem sempre o que foi compreendido reflete a mensagem que se queria enviar.
Por este motivo, o cientista de dados deve desenvolver habilidades de comunicação verbal e não verbal, para conseguir transmitir o valor de seus projetos, seja em reuniões, apresentações, conversas informais com colegas, envio de emails, compartilhamento de projetos via repositórios. Todos este pacote diário do cientista de dados envolve comunicação.
Barreiras para uma comunicação eficaz
Dentro deste ecossistema da comunicação (emissor, receptor, informação, canal, etc.), há barreiras que impedem a transmissão, as chamadas barreiras de comunicação. Existem barreiras físicas, ou seja, a distância entre comunicador e receptor, que pode ser afetada por ruídos externos. Uma conexão instável que quebra a mensagem.
Outra barreira que impede a comunicação de ocorrer de forma eficaz é a barreira psicológica. São obstáculos relacionados às crenças, emoções e atitudes do emissor e receptor. Podem muito bem ser exemplificadas por preconceitos, ansiedade ou estresse. Por último, temos a barreira semântica, e portanto relacionadas a linguagem que podem quebrar a comunicação quanto o emissor faz uso de gírias, jargões, vocabulários incomuns no dia a dia e o receptor não sabe os respectivos significados.
Antes de darmos início às habilidades de comunicação, peço que faça o exercício de análise da sua comunicação no seu trabalho. Quantas vezes o seu chefe lhe pediu algo e você achou que havia entendido e entregou algo completamente diferente? Quantas vezes se viu em conflito com colegas de trabalho por que uma mensagem foi mal interpretada? Já houve um momento que você teve uma ideia brilhante, mas na hora de comunicar, ela não surtiu tanto efeito e foi descartada? Chato, né?
A comunicação ineficaz pode ter te custado uma promoção, um aumento de salário, um reconhecimento e inúmeras vantagens que poderiam ser conquistadas. Só nos resta uma coisa agora: evitar estas situações no futuro, por meio do desenvolvimento destas habilidades.
Escuta ativa
A escuta ativa é a capacidade de manter a atenção no que está sendo dito. Ela pode ser prejudicada pelas barreiras de comunicação que já falamos, ainda mais hoje, que estamos o tempo todo com a atenção dividida entre uma tarefa e uma notificação no celular. A escuta ativa permite ainda que você consiga ouvir palavra por palavra e aí ser capaz de processar esta informação e assim conseguir dar um feedback adequado.
O desenvolvimento da escuta ativa depende de prática cotidiana. Sempre que estiver a ouvir algo, ouça atentamente. Isso significa ter atenção a cada palavra que foi dita. Para se certificar de que realmente sua escuta foi ativa, pergunte ao emissor se o que você entendeu foi realmente o que ele queria passar. Este exemplo se aplica a comunicações verbais.
Se a comunicação for por escrito (email, sms, redes sociais, etc) é importante também se certificar do entendimento por meio de questionamentos mesmo. Por vezes, as pessoas deixam de fora as pontuações e isso pode causar confusão. Logo, se tem algum ruído atrapalhando a escuta, dê seu feedback a respeito do que foi entendido, pois este treinamento diário vai lhe conferir uma comunicação cada vez mais eficaz.
Por outro lado, se você for comunicar algo observe se os demais estão realmente escutando. Para ter certeza de que o ouvinte está prestando atenção, faça perguntas sobre o que eles entenderam. Em ambientes de trabalho é comum pedir para que as pessoas expliquem passo a passo do procedimento demandado, pois isto evita falhas.
Além da atenção do ouvinte, perceba as barreiras que podem impedir esta escuta ativa. O ouvinte está vendo o celular? Há alguma TV ou pessoas falando por perto? Se for via telefonema, a ligação está estável? Sendo, via email, o vocabulário utilizado está adequado ao nível de conhecimento do receptor? O receptor está demonstrando estabilidade emocional ou está irritado? Se estiver emocionalmente abalado, não será um bom momento.
Logo, antes de comunicar algo, garanta que o ouvinte terá condições de manter escuta ativa. Prepare o ambiente para realizar esta comunicação, pois isto garantirá em partes o envio da mensagem da forma correta, bem como sua compreensão. Na ciência de dados, comece praticando a sua escuta ativa nas conversas com colegas, líderes e demais áreas. Depois parta para a preparação do ambiente quando for comunicar algo, a fim de reduzir ou eliminar as barreiras para a escuta ativa do receptor.
Compreensão e Expressão Clara
Expressar com clareza e concisão o que está sendo dito, escrito ou demonstrado permite uma comunicação efetiva. A informação transmitida tem que ser uma só, jamais pode haver duplo sentido. Do mesmo modo, ter a compreensão clara do que foi dito vai lhe permitir eficiência no desenvolvimento dos seus projetos.
Enquanto cientista de dados, você será acionado a todo momento para resolução de problemas de diversas áreas da empresa e compreender de forma clara o que está sendo pedido é imprescindível para que as expectativas sejam atendidas. Buscar entender o que exatamente cada área deseja pode lhe custar reduzir o tempo disponibilizado em projetos. Então, antes de partir para execução de uma solução para área, compreenda exatamente o que se quer com as análises e modelos que irá fornecer.
Por outro lado, você também reporta estas soluções de forma clara e assertiva. Portanto, uma boa prática é que antes de apresentar aos interessados sejam realizados treinamentos, mesmo que sozinho. Uma boa prática é filmar sua apresentação, isto vai permitir identificar problemas na linguagem, uso excessivo de gírias ou termos coloquiais, além de permitir melhorar sua dicção e trazer mais segurança.
Desde que possível, apresentar o projeto para algum colega mais próximo, pedindo que este finja não saber nada da área, pois se ele conseguir entender como se já não soubesse do assunto, significa que a informação está sendo clara e pode ser repassada a demais públicos. É sempre interessante montar um roteiro da apresentação. Isso pode permitir uma apresentação concisa com início, meio e fim.
Outra prática interessante é observar grandes comunicadores. Tenha atenção ao modo como eles comunicam as informações, qual o vocabulário, mesmo quando se trata de assuntos mais técnicos. Um exemplo são reportagens televisivas sobre doenças ou descobertas científicas. O repórter apresenta os termos técnicos, mas sempre faz uso de imagens, vídeos, gráficos e analogias para que os telespectadores entendam. Replique estas táticas nas suas comunicações. Lembre-se que a prática vai trazer melhorias significativas e irão fazer você se destacar.
Feedback construtivo
O feedback é uma resposta em si. Podemos utilizar na comunicação como forma de reforçar que a informação foi compreendida ou não. Ele funciona muito bem quando construtivo, ou seja, quando a partir dele, podemos melhorar o desempenho e resolver conflitos oriundos da comunicação. Portanto, sempre que possível forneça feedbacks sobre o que foi repassado, desde uma orientação técnica, uma apresentação, um treinamento ou qualquer outra ocasião onde houve a comunicação de algo. Através do feedback construtivo reforçamos os aprendizados e processos envolvidos na construção de projetos.
Uma ótima forma de desenvolver a habilidade de fornecer feedbacks construtivos é a partir do reconhecimento do que foi bom ou do que precisa ser melhorado em alguma situação. Por exemplo, digamos que você recebeu um direcionamento técnico do cientista de dados sênior quanto a realização de um projeto de desenvolvimento de um modelo preditivo de vendas. Enquanto iniciava o trabalho, percebeu que precisava aprimorar suas habilidades com relação ao uso de uma biblioteca e viu nesta situação uma ótima oportunidade de praticar e reter mais conhecimento sobre.
Daí você resolveu expor ao seu colega sênior que esta oportunidade será excelente para desenvolver a biblioteca que conhece de forma bem rasa. Isso fornecerá ao seu ao cientista de dados sênior, o entendimento de seu conhecimento básico sobre o assunto, permitindo que ele ajuste a expectativa quanto ao que você pode entregar. Atrelado a isso ele pode ainda fornecer treinamentos ou materiais que te permitam acelerar o aprendizado e, consequentemente, melhores resultados.
Sempre que possível, pratique o feedback construtivo nas suas comunicações. Faça isso com os colegas, comunicando-os do quanto eles melhoraram em uma dada tarefa, ou em relação a uma ferramenta e em vários outros aspectos. Quem recebe o feedback vai gostar de saber que tem evoluído e que está sendo notado, melhorando não só a comunicação no ambiente de trabalho, mas também o convívio.
Empatia
A empatia é uma tarefa muito difícil na prática, pois envolve entender os sentimentos e ponto de vista do outro, mas é extremamente pertinente e necessária na comunicação. No contexto da comunicação, ser empático garante que o outro entenda o que está sendo dito apesar das barreiras que este possa estar enfrentando. Enquanto seres humanos, há dias em que estamos mais sensíveis, por estarmos passando por alguma situação pessoal ou mesmo profissional mais difícil. Logo, a nossa comunicação pode estar naquele momento carregado de emoções, assim como nossa escuta também.
Quantas e quantas vezes não passamos ou ouvimos falar de alguém que ao ser comunicado de algo no trabalho começou a chorar. Muitas vezes o emissor não foi empático em notar que aquela pessoa poderia não estar num dia tão bom e , por tal motivo, aquele não era o melhor momento para uma conversa ou solicitações.
Digamos que você, cientista de dados estava passando por problemas familiares e neste momento não estava conseguindo concentrar nas atividades. Então, seu líder encontrou alguns erros incomuns em seu trabalho e ao invés de chegar até você tentando entender o que aconteceu de forma empática, simplesmente o cobrou de forma dura e exigindo rapidez na resolução. Considerando sua situação e as noites mal dormidas, a resposta também foi a altura e aí gerou um mal estar o fazendo desgostar daquele ambiente e do seu líder.
Esta situação hipotética é comum, uma vez que, tendemos a levar as coisas para o lado pessoal sempre. O que nos leva a considerar que desenvolver a empatia é imprescindível na nossa comunicação. Portanto, pratique isto no seu dia a dia. Vou falar algo a alguém, assim preciso saber se aquele momento e palavras que irei utilizar serão as corretas. Observe se a pessoa está bem emocionalmente e visivelmente falando, pois em alguns casos as pessoas escondem ou tentam escondê-las no trabalho. Certifique-se de escolher um bom lugar, horário e dia da semana para fazer. Por que isso? Imagina você chegar no trabalho e receber logo de manhã um feedback negativo sobre seu comportamento, aquilo pode acabar com seu dia, ou final de semana, se for numa sexta.
Para além de escolher o melhor cenário, pratique observar o seu receptor. Esta pessoa naturalmente aceita bem feedbacks? Aceita bem se expor a mudanças? Tem a capacidade de compreender o que preciso falar da forma que vou falar? Estes questionamentos irão lhe permitir conduzir sua comunicação de forma empática, sempre considerando o outro.
A empatia tem forte relação com outra habilidade humana que é a inteligência emocional. quando conseguimos compreender as nossas emoções e encontrar modos de lidar com elas, estamos falando de inteligência emocional. Uma vez desenvolvida terei maior facilidade de compreender o outro, ou seja, dispor de empatia. Sendo assim, conhecer a si mesmo e encontrar ferramentas para lidar com suas emoções nos fornece uma capacidade maior de se comunicar com empatia.
Resolução de conflitos
O ambiente de trabalho é composto por várias pessoas dos mais variados setores e com as mais variadas tarefas com um único propósito em comum, que é o produto ou serviço final ofertado por tal empresa. Logo, um ambiente propício a conflitos. Estes conflitos se devem na sua grande maioria pela dependência de algumas áreas a outras, pois uma pode impactar na performance da outra.
Resolver os conflitos se faz necessário para que o objetivo comum seja atingido. E nada melhor do que a comunicação para a resolução de conflitos. É através dela que entendemos porque uma das partes está chateada, assim como compreendemos porque a outra parte causou este sentimento.
Através da comunicação é possível pensar em soluções criativas e colaborativas para que os conflitos sejam reduzidos ou sanados. Trazendo esta situação para área de dados, suponhamos que são solicitados projetos distintos no mesmo prazo e que infelizmente um destes não poderá ser cumprido. Teremos um conflito estabelecido. Deste modo, partir para uma comunicação com as partes para estabelecer prioridade, entendendo o prejuízo que o atraso poderá causar a cada equipe, compreendendo ainda as reais necessidades das solicitações, pode nos levar a um cronograma bem estabelecido que atenda a ambas as partes.
Para desenvolver isso é preciso sempre questionar os pontos inegociáveis da situação. Em outras palavras, quais pontos destes projetos não podem ser deixados de lado de acordo com os interesses dos solicitantes. Por vezes, se encontra o que exige real urgência de realização. Isso vai te direcionar na negociação não infringindo estes pontos e permitindo seguir adiante sem geração de conflitos. Por outro lado, se por algum acaso, o que foi estabelecido não puder ser cumprido, é importante comunicar, se possível antes de acontecer, que o atraso poderá ocorrer e dar as devidas explicações. Com certeza isso reduzirá as tensões do conflito permitindo encontrar soluções.
Demais práticas para melhorias na comunicação
Para além das habilidades de gravar a si mesmo, observar grandes comunicadores, identificar pontos inegociáveis nas negociações de conflitos, escolher bons cenários para a comunicação, vale acrescentar outras bem importantes e que valem as demais habilidades.
1. Leitura
Isso mesmo! A leitura permite aprender novos vocabulários, sendo uma excelente prática utilizar aquela palavrinha nova em algum contexto, assim você vai reter mais facilmente.
2. Escrita
Na escrita conseguimos encontrar meios de conectar as orações e completar a mensagem que desejamos passar. praticar a escrita nos permite reduzir as redundâncias e duplo sentidos que podem prejudicar bastante a comunicação. Permite ainda estruturar uma ordem com início, meio e fim. Isso traz concisão à comunicação.
3. Oratória
Os cursos de oratória são uma ótima ferramenta para desenvolvimento de uma comunicação efetiva. Portanto, investir em um vai te fazer ganhar habilidades necessárias para se destacar na sua profissão.
4. Questionar o entendimento
Treinar a certificação do que foi entendido por meio de perguntas sobre o que foi falado sempre traz ótimos resultados. Quando se identifica que o outro não consegue te explicar o que ele acabou de ouvir, pode trazer luz a falha na escuta ativa dele ou mesmo dificuldades com a linguagem. Identificado o que ocorreu você poderá repetir o que foi dito retendo atenção por meio da mudança de ambiente e melhorando a linguagem.
Com tudo o que foi exposto fica explícito a importância de uma boa comunicação em qualquer área, não sendo diferente na Ciência de Dados. Uma comunicação assertiva vai te destacar em apresentações, uma vez que consiga expor suas ideias e soluções para os mais variados públicos. Desenvolver uma comunicação efetiva também por meio da escrita vai igualmente lhe destacar e portanto, lhe diferenciar por exemplo em seu portfólio de projetos, uma vez que, será compreendido por recrutadores e demais cientistas de dados, expondo a sua capacidade técnica.
Para finalizar deixo aqui um vídeo que traz a comunicação como sendo uma das soft-skills para o cientista de dados.
