De dados biológicos para dados de negócios

Karina Ferreira
3 min readNov 22, 2022

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Photo by Gia Oris on Unsplash

Eu não sou a primeira e nem a última pessoa a falar sobre a transição de carreira. Entretanto, toda mudança (palavra que amedronta) possui experiências muito particulares. Aqui, irei explicar um pouco da minha transição de carreira e dividir as minhas frustrações e decisão de migrar a para ciência de dados. Vamos lá!

Quando eu tinha uns 10 ou 11 anos descobri que gostava de tudo relacionado a biologia. Amava estudar e falar sobre o assunto. No ensino médio decidi que prestaria o vestibular para biologia. E foi assim que fiz.

Em 2012 iniciei a minha graduação em Ciências Biológicas. Na época existia uma tendência para todos os calouros manterem vínculo com um laboratório de pesquisa. Então, no meu primeiro período eu já estava estagiando num laboratório da Universidade. Inicialmente meu estágio foi em um laboratório de citogenética (não se assuste com a palavra, basicamente eu estudava a estrutura das células vegetais). Porém foi no laboratório de botânica estagiando em ecologia vegetal, que eu de fato me encontrei (e aqui minha idealização profissional iniciou). Eu investi toda a minha atenção na academia. Fiz iniciação científica, desenvolvi projetos e artigos científicos. Foi assim, que eu comecei a entender como a pesquisa científica funcionava. Eu observada um fenômeno ecológico, formulava hipóteses, coletava e analisava os dados, publicava os resultados, que por sua vez, serviam de base para gerar novas hipóteses. Nessa fase, eu comecei a utilizar o R. No início as análises foram um grande desafio, mas foi aí que notei que tinha uma certa aptidão para a análise de dados.

No mestrado eu trabalhei com a distribuição espacial de espécies de Rubiaceae, a família do café. Para desenvolver as análises espaciais trabalhei com o R (prometo que irei fazer um próximo artigo explicando as análises). Ainda, durante o mestrado eu comecei a me interessar ainda mais pelo meu grupo de estudo (a família Rubiaceae) e para isso eu precisava aprender outras linguagens de programação. Foi então que conheci o Python. Os resultados do meu mestrado então, geraram novas hipóteses que foram incorporadas a minha tese. Em 2019 eu comecei meu doutorado em ecologia na UFRJ. Precisei aprender novas abordagens metodológicas e analíticas para responder as minhas novas perguntas (uma etapa que eu adoro).

Nesse ponto eu já sabia o que queria. Eu idealizava a vida como professora universitária e pesquisadora. Porém no meio do caminho as coisas mudaram.

Por que iniciei a transição de carreira?

A minha decisão para fazer uma transição de carreira ocorreu por algumas quebras de expectativas com o meio acadêmico. Algumas dessas quebras são: 1) a profissão de cientista não é valorizada no Brasil; e 2) o único caminho profissional possível seria atuar como professora da rede pública ou privada. Eu não sabia que poderia migrar de área, e a sensação de não saber o que fazer era frustrante.

Ouvi o termo ciência de dados pela primeira vez por uma amiga, que me mostrou uma nova perspectiva de carreira (serei eternamente grata a ela). Nessa nova área eu poderia unir meu amor pela ciência, meu gosto por análise de dados, gerar hipóteses e resolver problemas. Foi assim que eu decidir iniciar minha transição de carreira para Ciência de Dados. Ainda tenho muito amor pela docência, e acredito que terei a oportunidade de lecionar.

Mudar de área não é nada fácil. Essa nova etapa tem sido desafiadora e sei que o caminho ainda é muito longo. Muitas vezes o medo e a insegurança dominam, mas acredito que a cada novo projeto de ciência de dados desenvolvido e a cada curso finalizado, estou mais próxima do meu objetivo. Além disso, preciso dizer o quanto está sendo bom e maravilhoso aprender a área de dados.

Espero que esse texto te ajude de alguma forma a entender, que novos caminhos podem ser percorridos. As vezes só precisamos enxergar o novo para que surjam novas perspectivas.

Minha transição de carreira ainda não acabou e procuro melhorar a cada dia mais. Meu próximo passo consiste em continuar estudando, pois tenho muita coisa a aprender. Conto com vocês para me acompanhar por aqui na minha trilha com a ciência de dados!

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