72 anos de Fundação da República Popular Democrática da Coreia

Comemoração dos 70 anos de fundação da Republica Popular Democrática da Coreia, em 2018.

Hoje, 9 de setembro de 2020, comemoram-se 72 anos de fundação da RPDC, uma data especial na luta socialista e anti-imperialista. Esse é um evento que marca a libertação de um povo arrasado por duras explorações e violências externas em seu próprio solo. O século XX para o povo coreano é marcado pela devastação de sua terra, ocasionado pela invasão japonesa na década de 1910, que perdurou por quase quatro décadas. O imperialismo japonês massacrou a nação coreana de forma voraz, tomando de sequestro cerca de 8 milhões de cidadãos coreanos para trabalharem submissos às industrias japonesas e outras atrocidades como o rapto de milhares de mulheres coreanas para a exploração sexual, a proibição em certa medida da própria língua coreana e sobrenomes de origem coreana e etc., causando grande instabilidade dentro do país, que era submetido aos interesses nefastos do Japão. É nesse contexto em que se fecunda o espírito revolucionário localizado no polo de oposição à ocupação japonesa nas terras coreanas, de caráter socialista e anti-imperialista.

Em 1925 se tinha na Coreia a movimentação e importante expoente de luta na figura de criação do partido comunista coreano. Entretanto, o partido apresentou diversas limitações, não só pelas condições materiais (que eram facilmente constatadas dadas as circunstâncias), mas pela própria falta de compreensão da realidade do povo coreano. O partido se distanciava das condições mais gerais das massas e se isolava das lutas mais sentidas da época, que estavam localizadas principalmente no campesinato, pela condição de semifeudal que se encontravam. Mas ainda assim, em meados da década de 1930 algumas figuras de oposição ganhavam força na luta contra o imperialismo colonial japonês, entre eles estava o camarada Kim Il Sung, que em contrapartida às analises do partido, soube observar com bastante qualidade as condições gerais do povo no país, se tornando um dos quadros que despontavam na liderança do movimento de libertação da Coreia, que mais tarde seria responsável pela fundação do Exército Popular Revolucionário da Coreia, em 1932, conseguindo dessa forma aproximar o movimento comunista e revolucionário ao povo coreano. Kim Il Sung sustentava a filosofia de que o povo coreano deveria tomar nas suas próprias mãos a direção da nação e dessa forma, dar poder para o povo tomar suas próprias decisões quanto ao destino de seu país. Ele seguia a doutrina marxista e já era bastante avançado ao concluir que não se pode exportar a revolução de outros lugares, apontando para o fato de que o povo coreano deveria construir a sua própria revolução, com suas condições particulares. Uma dessas condições, segundo ele, se tratava da construção de uma força armada capaz de dar cabo dos interesses de defesa do povo e que não se limitasse apenas a isso, mas que o próprio povo forjasse esse exército.

Sobre esses aspectos, Kim Il Jung conseguiu reunir uma grande parcela da população coreana para travar a luta pela libertação da Coreia, formando conselhos populares em locais estratégicos onde conseguiam conquistar, organizando bases paramilitares secretas, com destaque para a região de Monte Paektu, ao norte da Coreia, onde se destacava as grandes guerrilhas coreanas. Foi ali também que Kim Il Jung conseguiu formar bases de aliança com o Exército Vermelho da URSS, camaradas que ele considerava de grandiosa vitalidade na luta pela libertação coreana. Em 15 de agosto de 1945, após vários confrontos, perdas e retaliações contra as divisões de elite do exército de Kuantung, o Exército Popular Revolucionário liderado por Kim Il Jung e com ajuda do Exército Vermelho, conseguem vencer a batalha na península coreana, forçando os japoneses a se renderem às tropas de oposição. Mas o cenário da Segunda Guerra Mundial persistia e na mesma medida em que os soviéticos se colocaram na defesa da libertação do povo coreano, os estadunidenses também tinham tropas na Coreia. Assim, de forma sorrateira, no clamor da guerra contra os japoneses, os EUA despojam grandes forças de combate no sul da Coreia e cria o factoide de que estaria travando uma guerra contra o Japão naquele local, entretanto, nesse momento as tropas de oposição já tinham ganhado a batalha e os japoneses se rendido. No fim das contas, os ianques só queriam um bode expiatório para continuarem alimentado as tensões contra aqueles que buscam por sua emancipação política e econômica. Desse modo, alguns meses após a libertação da Coreia, os EUA já tinham basicamente anexado toda a região sul, fazendo com que todos os movimentos daquela localidade ficassem sobre o julgo militar estadunidense. Negando toda e qualquer atividade política autônoma pelo povo coreano, proibindo a livre manifestação e etc., formando um Estado de sítio militar dos EUA. Todas essas movimentações impediram que fosse possível forjar a independência do povo coreano, para os norte-americanos era interessante se manter naquela região: 1) para impedir o avanço do exército revolucionário e 2) estabelecerem mais uma base militar de influência política e econômica na Ásia. É sobre essas condições em que se comete o maior crime da história coreana: a divisão em duas Coreias. De um lado, a Coreia do Norte, representada pelos revolucionários e comunistas que pretendiam libertar a nação de qualquer intervenção externa (inclusive, sem a presença do Exército Vermelho no local); enquanto a Coreia do Sul passou a ser apenas uma base militar de interesse geopolítico para os estadunidenses.

Na região sul da Coreia, as massas estavam sendo subordinas sobre o julgo de Syngman Rhee, fantoche do imperialismo estadunidense. Ele atravancava qualquer tipo de diálogo pela reunificação das regiões coreanas. Todos os esforços incessantes vindos do norte, na figura do camarada Kim Il Sung, foram todas retaliadas, ocultadas e rechaçadas. Qualquer meio de comunicação no Sul estava proibido de produzir debates acerca da reunificação coreana, ficando apenas a cabo de Rhee fazê-lo.

Diante de tamanha tensão e incertezas, em 8 de fevereiro de 1948, os norte-coreanos finalmente oficializam o Exército Popular Revolucionário da Coreia, sobre as perspectivas do camarada Kim Il Sung. Em suas palavras:

“O Exército Popular que fundamos hoje é um exército de um novo tipo, fundamentalmente diferente do de um país capitalista. (…) O exército que criamos no dia de hoje é um exército popular genuíno, composto por filhos e filhas dos trabalhadores, camponeses e outras partes do povo coreano, que luta pela libertação e independência da nação coreana e pela felicidade das massas contra as forças agressivas imperialistas do exterior e as forças reacionárias internas”.

Esse passou a ser o papel dos comunistas no norte, na constante defesa das conquistas da revolução. Até que fosse de fato fundado a Republica Popular Democrática da Coreia, ocorreram diversos eventos conflituosos dentro do território coreano. Em abril de 1948, tivemos o evento de Conferência Conjunta de Representantes de Partidos Políticos e Organizações Sociais do Norte e Sul em Pyongyang, que teve repúdio das forças imperialistas dentro da Coreia, sendo ainda considerada uma forma de traição, culminando no cenário de ditadura aberta na região sul, os quais passaram a perseguir todas as figuras de destaques que se esforçavam em direção à reunificação das coreias.

Mais à frente, ainda no ano de 1948, exatos três anos após a libertação coreana, Syngman Rhee decide fundar a “República da Coreia”, apresentando essa como a única Coreia legítima na península e orientando que houvesse a reunificação coreana em torno dessa república legitimada pelo imperialismo, tomando ainda de assalto as cores da bandeira utilizada na identificação pelo Comitê Popular Provisório da Coreia do Norte, tentando criar algum clima que legitimassem suas ações impopulares e unilaterais. Evidentemente que os revolucionários rechaçaram tal intenção. Assim, Kim Il Sung passa a orientar novas movimentações no norte, para a reconstrução das identidades da Coreia do Norte e oficialização da República.

Um pouco mais tarde (já esgotadas todas as tentativas de articulações pela unificação das Coreias de forma pacifica e democrático-popular vindas do Norte), em resposta ao ato unilateral vindo do sul, Kim Il Sung proclama, em 9 de setembro de 1948, a Republica Popular Democrática da Coreia, tornando oficial a divisão das Coreias marcado conhecidamente pelo paralelo 38. Esse é um ponto importante na história, enquanto um lado tornava-se finalmente independente do imperialismo que sempre massacrou seu povo, do outro, trocaram-se apenas as gerências imperialistas na região.

Homenagear os 72 anos de fundação da RPDC significa defender a autonomia dos povos e fazer a defesa dos avanços conquistados pela revolução. É nesse contexto que celebramos esse evento de importância impar na construção de um poder socialista e anti-imperialista, que sempre se propôs na tarefa de tentar reunificar uma nação que foi dividida pelas garras do imperialismo. Hoje a Coreia do Norte fica apenas atrás da revolução Russa de 1917, como uma das experiências socialistas mais duradouras. Espera-se que a RPDC não só ultrapasse os soviéticos em anos, como também possa conquistar o objetivo de reunificação e expulsão imperialista da região sul, pela defesa de uma única Coreia: socialista e anti-imperialista!

Viva a Coreia Popular!

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