Em defesa do movimento LGBT: contra os ataques infundados!

Alguns grupos na intenção de denunciar muitas vezes o caráter pós-moderno localizado em setores do movimento LGBT, passaram a acusar esses setores de estarem a serviço do imperialismo; entretanto, acabam se valendo dos mesmos mecanismos da pós-modernidade para criticar.

Isso fica claro quando fazemos uma observação marxista das coisas. A ciência marxista constitui as melhores interpretações do mundo capitalista em que vivemos, isso é inegável. Na tradição da marxista se busca analisar as coisas como elas de fato são e propor mecanismos capazes de fazer essa apuração de forma qualitativa, através da perspectiva materialista e dialética dos processos factuais. Nesse sentido, se pretende observar as coisas em sua totalidade para não cairmos em questões puramente economicistas e/ou positivistas. A grande diferença da pseudociência pós-modernista para a ciência materialista e dialética está, portanto, na observação da forma e conteúdo:

Para se entender um fenômeno como o capitalismo e toda sua superestrutura e infraestrutura de dominação, é preciso levar em consideração o seu todo. Assim Marx afirma que “a totalidade vai determinar a parte” e não o contrário. Quer dizer, na lógica pós-moderna (sendo o mais honesto possível e desconsiderando elementos do próprio irracionalismo), o primado da observação social e econômica se da pela observação da parte como elemento determinante para o todo, invertendo o processo. Nesse sentido, forma e conteúdo se estranham, a totalidade dos elementos observados perdem significado e a centralidade na analise já se confunde no emaranhado de abstrações e subjetivismos.

Mas onde pretendemos chegar com isso? Explico: os pós-modernistas deixam de entender a raiz do problema para contemplar preciosismos pouco estratégicos. O que os ultranacionalistas fazem ao criticar o avanço no debate LGBT, trata-se da mesmíssima coisa. Afinal, confundem a forma e conteúdo. O elemento da organização LGBT constituí o conteúdo, sendo um instrumento de luta, uma representação política disputável e em movimento, algo que não é estático e que possuí em sua gênese uma justa luta orgânica. Enquanto a forma vai vir a ser sua representação ideológica dentro do movimento real, que está sujeito a interpretações diversas e, sobretudo, pode assumir a ideologização da própria classe dominante. Dessa modo, não é a forma que determina o conteúdo, mas o conteúdo que vai determinar a forma.

Quando pretendem acusar que a causa LGBT está a serviço do imperialismo, o erro é risível.

O problema não é, portanto, a causa LGBT, mas como sua forma se apresenta dentro da sociedade capitalista. Na mesma medida em que o capital busca lucrar através da luta LGBT, o fazem também com a causa negra e, de igual modo, visualizam o lucro na classe trabalhadora de forma geral. Nessa estratificação, todos continuam sendo explorados (podemos afirmar ainda que LGBT e mulheres negras sejam explorados de forma muito mais aguda do que qualquer outro escopo social na sociedade de classes).

Dessa forma, esquecem o capitalismo, esquecem a burguesia e atacam a forma criada pela sua superestrutura política, não o seu conteúdo orgânico, localizado na sua infraestrutura (que inclusive, constituí a dominação sistemática e marginal de forma brutal contra a comunidade LGBT). Portanto, o problema não está na causa LGBT. O problema está em como o capital consegue captar essas pautas e fazer manutenção da sua dominação — cumpre tão bem com esse papel que, no fim das contas, alguns grupos preferem demonizar a justa causa LGBT do que a própria burguesia que se apropria de forma desleal de seu conteúdo político. Se hoje não estamos muito próximos dessa comunidade, pode ter certeza que é muito mais por falta de tato e por um dogmatismo tais quais essas tendências capengas, do que propriamente um problema dissolúvel criado pelo imperialismo.

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