Qual é o Papel dos Direitos Humanos na Colômbia?

Bom, particularmente, gostaria de fazer um texto mais detalhado sobre o que está acontecendo na Colômbia nesses últimos tempos. Mas estou em fim de semestre, então minhas condições me impossibilitam de buscar me aprofundar mais nesse debate. Portanto, me limito aqui a lançar uma discussão acerca do papel dos Direitos Humanos no que está acontecendo no país colombiano, dada as diversas mensagens pedindo por intervenção desse organismo no processo político da Colômbia. Pedidos esses vindos da própria esquerda.

Antes de qualquer coisa, é importante sempre salientar de que o tal dos “Direitos Humanos” não paira acima da sociedade! Ao termos conhecimento desse fato, podemos parar de observar esse organismo como um sistema “anticrítica”, algo “incontestável”. Pois não o é.

Pouco se coloca em perspectiva, mas se faz necessário trazer à tona a discução sobre o papel desse organismo, afinal, ficar preso às fraseologias soltas de que “defendemos os direitos humanos”, é pífio, não diz absolutamente nada. Nos defendemos o papel que o DH possuí em legitimar invasões imperialistas*? Se não defendemos, é bom definir o que defendemos, não é mesmo? Afinal, não da para defender isso acriticamente.

Pois bem, fato curioso: o ex-presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, recebeu o prêmio Nobel da Paz em 2016. Por que? Pelo motivo dos DH acharem positivo a desarticulação das FARC — considerada por eles um organismo terrorista. Segundo os setores dos DH, as FARC eram/são um perigo para a sociedade colombiana, colocando em risco a integridade dos civis colombianos. E por que tomar essa decisão, enquanto em toda a história recente da Colômbia é marcada pela perseguição de lideranças políticas em território nacional sobre o comando do próprio Estado? A resposta é simples: assim como os DH legitimam a propriedade privada e o direito da burguesia troçar com a classe trabalhadora, eles também decidem quem é criminoso e quem não é. Serve para legitimar os crimes da burguesia e punir aqueles que desobedecem os burgueses. O que se coloca, portanto, como vitória, rendendo até prêmio Nobel da Paz, foi justamente a consolidação da violência sistemática, unilateral e sem ser incomodada.

O resultado disso vem ficando cada vez mais claro com o passar do tempo. Desde 2016 o número de lideranças políticas presas, ameaçadas e mortas na Colômbia, é de assustar (como o caso recente das mais de 20 vitimas em um período curto de menos de 24 horas). São reflexos da falta de defesa do povo, que não pode ficar a mercê de um organismo que serve ao capital. Então não da pra ficar dizendo que a “Colômbia não tem um órgão forte dos Direitos Humanos”, que deve ter uma “intervenção dos Direitos Humanos na Colômbia”. Eles estão lá. Eles legitimaram tudo isso que está acontecendo nesses últimos dias.

É preciso defender a possibilidade do povo colombiano poder se defender da violência do Estado, que possam se organizar para construir uma oposição coesa contra o governo atual. Isso foi negado, por exemplo, quando ocorreu a desarticulação de uma das maiores forças de oposição colombiana, sobre o aval dos Direitos Humanos. É sobre isso que deveriam estar defendendo nas pauta, não a defesa de um organismo que claramente serve ao capital.

* Aqui também entraria o debate da ONU, que é outra organização criminosa que renderia mais uma grande digressão sobre o tema.

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