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4 min readNov 8, 2022

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O LIVRO-OBJETO NO MUNDO DIGITAL

Há uma reflexão sobre a tendência de crescimento do formato livro-objeto, no momento em que vivemos a desmaterialização dos produtos culturais.

Seria uma resposta das editoras? Afinal, este formato de livro precisa ser tocado e sentido!

O livro-objeto é um dos prováveis desdobramentos da versão convencional criada por Gutenberg (primeiro livro impresso), um híbrido da literatura e da produção visual.

A tecnologia não determina, mas sim, proporciona mais uma forma de nos expressarmos. O importante filósofo, educador e teórico da comunicação

M. McLuhan afirma que o meio influencia significativamente a mensagem que iremos receber, uma mesma mensagem é percebida por um mesmo indivíduo de formas diferentes caso ele as receba em diferentes meios.

Afinal, o que é o livro-objeto?

O livro-objeto pode ser visto como uma obra artística visual, já que transcende os limites tradicionais dos livros comuns, que se baseiam principalmente no texto. A leitura é realizada através de palavras soltas ou frases curtas. E ainda, através da interpretação pessoal das imagens, apelando à percepção humana, desvinculando-se das formas e funções esperadas.

Estes livros apresentam algum tipo de novidade, em termos formato, suporte, encadernação, tipos de uso, de leitura, etc. Há ainda propostas sofisticadas e outras mais lúdicas. Geralmente são produzidos em pequena escala.

São muito bem-vindas as misturas, combinações, justaposições e outras ‘receitas mágicas’ que podem ser adicionadas. Experiência presente especialmente na literatura infantil, assumindo um caráter lúdico, ou seja, a criança tem a oportunidade de ‘brincar’ com o livro.

A Doutoranda Ana Margarida Ramos, da Universidade de Aveiro, participou de um webinar do PNL — Plano Nacional de Leitura, sobre o tema ‘De que se fala quando se fala de “Livro-Objeto”?’ (abril 2021), respondendo ao inédito desafio “Call Livro-objeto”, em homenagem ao Dia Internacional do Livro Infantil.

Neste webinar, a professora Ana Margarida Ramos aborda a valorização do livro físico e da materialidade no momento em que vivemos a desmaterialização dos objetos. Vale muito a pena assistir!

Ela traz uma variedade de exemplos de livros-objetos com classificações diferentes: livro-brinquedo, livro-álbum, livro-poema, livro-poster, livro de artista. Lembrando que propostas diversas podem se reunir em um mesmo livro: pop-ups, acordeão, dobraduras.

Alguns exemplares de livros-objeto exibidos no webinar PNL com a professora Ana Margarida Ramos

E ainda sinaliza alguns pontos importantes:

· Dificuldade para definir o conceito (também presente em outras línguas): movable books, livres animés;

· Tendência de crescimento do formato livro-objeto, principalmente em relação ao livro infantil;

· Caráter experimental e desafiador das propostas, do lúdico à sofisticação (livro-brinquedo e livro de artista);

· Ampliação do público-alvo, incluindo cada vez mais os adultos;

· Valorização do leitor, através das diferentes formas de ler.

Além de tudo isso, o livro-objeto, por desenvolver habilidades cognitivas e sócio-emocionais, pode e deve ser inserido como área de estudo na educação.

Leitura híbrida, uma tendência

“Muitos autores com os quais concordo têm enfatizado que o surgimento de um novo meio não leva os anteriores ao desaparecimento” (Santaella, p.203 Comunicação Ubíqua). É o caso do livro impresso que pode se complementar com o digital, enriquecendo a leitura, de forma híbrida.

Na sociedade contemporânea o papel ainda tem muito valor. É importante considerar que a leitura híbrida (uma parte no digital, outra parte em papel) “vai ser cada vez mais uma tendência”, segundo Nikola Richter em matéria publicada no Diário de Notícias (out 2018).

Capa ‘Diário de Notícias’ com a entrevistada Nikola Richter

Parceria ‘Livro-objeto + digital’

Podemos apostar no livro-objeto como um real desafio, especialmente para os designers e os autores. A tendência é que o produto se adapte cada vez mais ao mundo digital, utilizando-se das muitas ferramentas tecnológicas disponíveis.

Além disso, estratégias estéticas devem ser criadas para uma perfeita interação entre a literatura impressa e a digital. Atraindo um público cada vez mais amplo e ávido por novidades.

Então, por que não reunir em um mesmo produto as condições para que o leitor seja valorizado, através das diferentes formas de ‘ler’?

Sim! A inserção do livro-objeto no mundo digital pode começar através de parcerias, como a aplicação de um QR Code no produto físico, já que o código de barras é facilmente escaneado usando telefones celulares equipados com câmera. A partir daí já se inicia a interatividade que vai até onde a criatividade do ser humano e a evolução da tecnologia permitirem.

E é com esse caráter experimental, que muitas inovadoras propostas de livros-objeto podem ser lançadas, juntando o lúdico, a sofisticação e a interatividade digital. Fica aqui a reflexão sobre esse universo de possibilidades e o DESAFIO como sugestão.

Referências

1. De que se fala quando se fala de ‘Livro-objeto’?. Webinar PNL. Consultado a 16 de outubro de 2022. https://www.youtube.com/watch?v=ploKlEPLMWQ

2. A leitura híbrida vai ser cada vez mais uma tendência. Diário de Notícias. Consultado a 4 de novembro de 2022. https://www.dn.pt/edicao-do-dia/15-out-2018/a-leitura-hibrida-vai-ser-cada-vez-mais-uma-tendencia -10000570.html

3. Livros-objeto. InfoEscola. Consultado a 5 de novembro de 2022. https://www.infoescola.com/literatura/livros-objeto/

4. Santaella, Lucia (2013). Comunicação Ubíqua — Repercussões na cultura e na educação (1ª ed.). Editora Paulus.

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