A Cultura Drag é a fonte da juventude da criatividade e inovação

Drags são a origem de muita coisa que vemos e fazemos, há muito tempo.

Melissa Setubal
consciência criativa
3 min readNov 20, 2020

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Eu tive a alegria de trazer a cultura Drag para dentro da sala de aula no curso de pós-graduação em Criatividade & Ambiente Complexo da ESPM Escola Superior de Propaganda e Marketing. Alunes aprenderam um pouco sobre como ela é um exemplo fundamental da expressão criativa em meio a um jogo que na maior parte do tempo joga contra ela.

Sou fã de carteirinha de Drags (Queens, Kings and everything in between and beyond), pois elus contribuem imensamente para a verdadeira inovação, seja na arte, seja no entretenimento, seja no tecido social. Muitas vezes não sabemos (e por isso mesmo não damos o devido valor), mas Drags são a origem de muita coisa que vemos e fazemos, há muito tempo.

É em meio ao legado desses artistas que acontecem o chacoalhar das estruturas do que entendemos como criativo e inovador no mercado. Infelizmente completamente apropriado, apagando as pessoas e suas origens na cultura da comunidade LGBTQIA+, que são justamente as que ousam ir além, muitas vezes às custas da própria dignidade e vida.

Busquei trazer à luz os méritos do trabalho árduo e relegado ao que é considerado por muitos um “sub-mundo”, mas que, na verdade, é um espaço fabuloso de autoexpressão, suporte e evolução social. Por meio da cultura Drag, muita gente encontra seu sistema de apoio e um propósito na sociedade, encontra alegria em meio a tantas adversidades, encontra dignidade quando o restante da sociedade faz questão de relegar muitas dessas pessoas uma condição de não cidadãs.

Se a gente fosse esperte, estaria muito mais conectadas com essas pessoas, cuja criatividade que sai pelos poros (sem pink money e apropriação, como vemos tanto acontecendo), a partir de um lugar de reverência, de respeito e de promoção dos trabalhos que as pessoas que se dedicam a essa arte realizam. E que reverberam com muitos benefícios para muito mais gente que não tem condições de se expressar com tamanha exuberância, ou que não conseguem nem ter condições mínimas de vida, em termos físicos e mentais.

Trabalhos como de Silvetty Montilla, Ikaro Kadoshi (que ilustra esse post abaixo), Rita Von Hunty, das Divinas Divas celebradas no documentário de Leandra Leal, da cena Drag de SP e outros locais do país, de RuPaul Charles e das tantas Drags que fazem parte de seus programas de TV, que nos oferecem beleza, humor e política social, e que me salvaram tantas vezes da depressão e me enchem de esperança e alegria (mais que nunca, durante a quarentena). E de muito mais Drags que ousam brilhar por aí ou que ajudam elas a brilharem, de muitas formas.

Grata coordenador Thiago Gringon pela confiança de apostar nessa minha ‘loucura’ de trazer para dentro do curso essa experiência inusitada, pelus alunes que vieram de mente e coração abertos para fazer essa aula acontecer, se montaram, se apresentaram e entenderam um pouco mais da influência Drag na criatividade e inovação, e a Joao Gabriel Albani e Joana Pellerano, junto a quem continuo alimentando essa paixão por essas pessoas e essa arte que faz tanta diferença nesse mundo.

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