Carnaval, carnaval, carnaval. Fico tão triste quando chega o carnaval.

Garçon Conservador
Conservadorismo de Botequim
4 min readFeb 16, 2020

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Enquanto Celio José se entristecia pelas lembranças de Maria e das noites de alegria que já não existem mais, ele jamais poderia imaginar que quase 50 anos depois, a festa que ele tanto amava brincar se tornaria uma melancólica maratona de quase 20 dias de foliões necessitados do torpor criado por blocos embalados por cantores ruins, músicas abaixo do medíocre e cerveja quente.

A Rainha Moma Gil abre o Carnaval do Rio. A desgraça carioca começa cedo.

Me pergunto se a tristeza do compositor teria virado depressão se soubesse que sua querida festa se tornaria um evento de disputa entre o público e o privado, onde as prefeituras com seus sambódromos abrigam desfiles cujos enredos exibem um analfabetismo que não vem da favela, mas da intelectualidade dos privilegiados e que divide o espaço com bandas de axé que monopolizam as ruas com seus abadás superfaturados e cordões VIPs protegidos por seguranças.

R$ 1600 um abadá vip pra beijar boca vomitada em Salvador

Apesar disso, acho que jamais passaria por sua cabeça, e nas de seus contemporâneos sambistas e foliões, que a maior festa popular do país se tornaria alvo da mais vil das atitudes humanas: o politicamente correto.

No início do século XXI o Carnaval já passava por uma politização forte, onde sambas, fantasias e brincadeiras se tornaram alvos do discurso da consciência social, da ecologia e de um falso moralismo televisivo. Nos desfiles os habituais nomes do cenário prostituto do eixo Rio-Sampa deram lugar aos destaques artísticos da Rede Globo. Chegava ao fim a Era Fernando Vanucci de se televisionar o carnaval, onde cada vagabunda, profissional do sexo e mulher de contraventor eram honradamente lembrados. No lugar entrou a paumolescência P.C. de Fátima Bernardes, a Rainha da Ala dos Marxistas Culturais e a soyboyzisse de Alex Escobar.

Você viu a Mangueira de Marielle entrar?

E se na “avenida”, o Carnaval já estava totalmente Globeleza, faltava avançar ideologicamente contra o folião comum. A segunda década deste século encerra-se com a maior investida ideológica jamais vista contra os costumes do povo. Jornais, sites, blogs e toda a sorte de faceboqueteiros, tuiteiros e youtubers todos seguem em uníssono cagando regra sobre o que “você não deve fazer neste Carnaval”.

Se antes o ataque era generalizado, sem alvo definido, demonizando marchinhas antigas por serem racistas, agora o ataque é totalmente identitário. O alvo principal? Homens é claro.

O grande “vilão” do Carnaval 2020 é o famoso Bloco das Piranhas. E os motivos? Vários:

  • Homens não devem se vestir de piranha porque isso alimenta um estereótipo contra as mulheres
  • Homens não devem utilizar saias porque isso é uma microagressão contra os transsexuais
  • Homens não devem usar perucas black power porque isso é uma ofensa racial
  • Homens não devem se vestir de Nêga Maluca porque blackface é uma prática racista

Mas não pense você, leitora, que as mulheres estão desobrigadas de se vestir “corretamente”. Fantasias de cigana, odalisca e qualquer adereço que constitua uma apropriação cultural ou padronização de beleza, é ofensa gravíssima e deve ser evitada.

Página de jornal (desconhecido) com a cagação de regra básica que todo folião bunda-mole deve se preocupar.

Não conseguimos aqui na redação apurar, mas pelo nível da militância canhota, as únicas fantasias 100% garantidas são as da C&A. Que são em sua imensa maioria… homossexuais. Fantasia masculina de Branca de Neve, arco-íris, pôneis e unicórnios “além de serem super bacanas ainda são um posicionamento à favor da diversidade”.

Na dúvida se vai ofender alguém, abuse e use da dissonância cognitiva.

Já na contramão de suas convicções, como de praxe no que diz respeito à hipocrisia moral inerente do movimento politicamente correto, nenhum jornal ou influenciador cultural vem à público repudiar condutas que lhes sejam “simpáticas”, como as dos filões do ano anterior que viralizaram após nosso presidente comentar as cenas públicas de sexo e escatologia praticadas por dois LGBTs. Nenhum desses soças, tão preocupados com o bem estar do folião, endossou as críticas do presidente. Pelo contrário, resolveram criticá-lo por expor a situação e ainda fizeram deboches sobre golden shower.

“Kkk o presidente não sabe o que é golden shower” Essa foi a reação histérica frente à uma verdade incômoda.

Se Luiz Melodia estivesse vivo e aceitasse regravar a canção de Célio José que ficou famosa em sua voz, eu faria as seguintes alterações:

Carnaval, carnaval, carnaval

Fico tão triste quando chega o carnaval

Eu me lembro que era só alegria

E recordo que não havia baixaria

Nós brincávamos noites e dias

Mas os chatos proibiram a Maria

Porque ela era Sapatão

E como a quarta-feira virou Cinzas

Assim morreu a canção

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