Cinema com Ódio – Yesterday

Garçon Conservador
Conservadorismo de Botequim
5 min readMar 2, 2020

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A crítica mal humorada de hoje é do filme Yesterday, mas que também poderia se chamar “Um mundo sem os Beatles seria o ideal, apesar do Ed Sheeran”.

O novo filme na ladeira à baixo que é carreira do diretor inglês Danny Boyle, que um dia foi capaz de fazer Sunshine (Alerta Solar) mas vai morrer conhecido. como o cara que precisou plagiar uma bosta como Cidade de Deus, trata justamente disso: o fracasso, e como um zé mané pode fazer sucesso enganado um mundo inteiro. E não estou falando sobre o protagonista do filme, mas sim de Paul McCartney.

Que mané quer ser um milionário?

Todo mundo sabe do que se trata o filme né? Jack, um inglês indiano (e parece que Danny Boyle voltou da Índia com assuntos inacabados, igual os Beatles), tem a chance de ocupar o lugar dos garotos de Liverpool no Olimpo da indústria musical, graças a um evento cataclísmico mais estranho que o do seriado The Event (já que estamos falando de fracassos), que varre da existência e da história a banda mais famosa do mundo.

O problema de Jack é que ele não está num drama, ele está numa comédia romântica, e ele é tão fracassado, mas tão fracassado, que nem percebe que a Cinderella da Disney está apaixonada por ele, mas ela também é outra tão fracassada, mas tão fracassada que aceita ser sua empresária e ficar celibatária por 17 anos esperando o retardado ao mesmo tempo se dar conta de seus desejos reprimidos, quanto fazer sucesso. E quando ele finalmente vai ser alguém na vida, ela teme ser mais fracassada ainda e ameaça tirar o cinto de castidade e entregar sua rosa para outro cavalheiro, um incel como ela, também fracassado, caso Jack decida ir para LA, onde você perde a virgindade assim que entra num estúdio.

Uma geração que cresceu ouvindo músicas ruins sobre o amor. Incluindo Beatles.

Um filme assim não tem como ser bom. Mesmo para quem considera os Beatles relevantes. E nem mesmo para quem não gosta da banda, já que o tal apagão benevolente não é explicado e ao longo.

Aliás, o roteiro começa a demonstrar toda a sua fraqueza quando depois de meia hora já exauriu todas as piadas e citações de letras de músicas e já não tem mais o que fazer além de canibalizar a sinopse e passa a listar outras coisas famosas que o tal apagão também apaga da existência como a Coca Cola, o cigarro e o Oasis, a banda dos irmãos Gallagher, essa sim a maior do mundo, que inclusive não terminou por causa de uma japonesa feia, mas num puta quebra pau digno das famosas gangues do interior industrial inglês.

A questão não é se são melhores que os Beatles. Mas o quanto são.

Aliás, retirar o Oasis da existência é retirar Wonderwall da história do casal principal, já que a música é motivo que os fez não serem namorados. Aliás, porque não utilizaram uma música dos Beatles?

Sim, o filme é confuso e não para por aí. Além do apagão mal explorado, aparecem posteriormente pessoas que também se lembram dos Beatles, e elas simplesmente começam a perseguir Jack, que teme ter sido descoberto, mas não, elas só querem dar a ele o endereço de John Lennon. Que além de estar vivo, não ter conhecido a Yoko e não ter trazido Imagine ao mundo, vive uma vida digna, sem hipocrisia e feliz por ter vivido um amor verdadeiro.

“[He] Is alive!!!”

A essa altura do filme a gente já não sabe mais se os roteiristas gostam ou não dos Beatles. As próprias gags que incluem a indústria da música e a empresária sedenta por aquilo que Jack pode lhe dar, (dinheiro, é claro) não podem ir muito longe já que o imenso sucesso dos Beatles é justamente criação deste meio.

Um crítico vegano diria que o tal cataclisma apagou do mundo tudo que é ruim, incluindo o cigarro e a Coca-Cola. Obviamente que ele teria que abstrair que Sir Paul é vegano. Mas o único ponto positivo do roteiro é que ele não está lá!

Já um crítico musical poderia ser indulgente pelo fato dos roteiristas fazerem uso de poucas músicas dos primeiros álbuns dos Beatles. Optando por músicas da era psicodélica do grupo. Mas isso contradiz o motivo do sucesso dos ingleses e sua grande primeira turnê na América. O próprio Jack é esperto neste sentido. Só canta Help no desespero para tentar reverter as chantagens de sua amada dar para o macho beta que ela arrumou.

O fato é que Yesterday poderia ser sim um grande filme e não um desperdício de direitos autorais, se fosse artisticamente não convencional como I’m not there (sobre Bob Dylan), romântico sem ser piegas como Johnny e June (o casal Cash) e com um desfecho minimamente bem planejado.

Jack caminha em direção alguma.

Mas no fim das contas Yesterday é somente a promessa de um filme que tinha tudo pra ser incrível mas prefere entregar um anticlímax que faz o espectador desejar aquele futuro alternativo onde certo assassinato não aconteceu, e ao mesmo tempo nos perturbar com a ideia de que num mundo sem os Beatles, Ed Sheeran é gênio.

⭐️⭐️

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