Gordofobia, gordelícias e ansiolíticos naturais
Cléo Pires viveu estes últimos anos se aproveitando da exposição do seu talentoso corpo e do seu empoderado estilo de vida na internet. Principalmente das polêmicas sexuais que fizeram a festa das redações dos sites de fofoca e badalação de celebridades.
Seu “começo” desta lucrativa carreira foi justamente anunciando que estava menstruada durante o seu ensaio para a Playboy. De lá pra cá a atriz se tornou referência em declarações pra escandalizar a família tradicional brasileira.
Namoro, traição, amizade colorida, sexo tântrico, menàge, algemas, suruba… A jovem e quilometrada Cléo demonstra ter experiência e sabedoria de sobra sobre os assuntos mais picantes sobre sexualidade, drogas e outras baboseiras progressistas.
Passados alguns anos porém, a dissonância cognitiva necessária para criar esta personagem começou a cobrar seu preço, na forma de depressão, ansiedade e 20 quilos a mais.
A revelação do seu novo shape causou a seguinte reação entre seus 10 milhões de seguidores: chamaram ela de gorda!!! Fico imaginando o que ela achou que aconteceria em um perfil de rede social cujo público é constituído de punheteiros, noveleiros e baba-ovos de celebridades.
Ela, que sempre foi modinha, agora sentiu no próprio tecido adiposo o peso de estar fora do padrão de beleza. E devido aos “ataques” que sofreu, Cléo foi parar no único lugar possível nessas horas - não, não estou falando do Vigilantes do Peso, estou falando do Fantástico. O famoso safe space dos globais, para desabafar, chorar e dar mais uma lacrada.
Insatisfeita consigo mesma, mas incapaz de perceber que é parte do problema, a saída foi continuar errando e fazer o jogo do progressismo: falar de body shaming e jogar a responsabilidade de suas más e deliciosas escolhas alimentares na sociedade e no patriarcado.
Aliás, anotou? Body shaming. O Fantástico trouxe mais um novo verbete direto dos porões da escola de Frankfurt para a casa da família tradicional brasileira.
Se a Cléo agora se considera uma gorda woke cheia de virtude, quero saber se ela topa uma orgia com gordos. E veja bem, não estou falando em enlouquecer com a cartela de descontos do Burger King!
Duvido! Sabe porquê? Porque a Cléo vai continuar na mesma. A grande verdade nesta história toda é que 9 em cada 10 mesas de boteco estarão discutindo o quanto a Cleo continua gostosa. Ou seja, exceto o tamanho de suas roupas, uns 20 mg de Escilex pra depressão e umas lipos doloridas, se ela assim desejar, nada terá mudado no mundo real do brasileiro que ama umas curvas, incluindo as perigosas.
A única mesa que não deve estar discutindo isso é a das feministas. Estas devem estar mais preocupadas em discutir se a Cléo se achar gorda é algum tipo de gordofobia reversa ou se por ela ser branca, rica e portanto uma privilegiada, deveria ter lugar de fala e tirar o protagonismo das manas pretas e pobres de coletivos como o “Vai ter gorda na praia” na luta contra padrões estéticos opressores… tudo isso enquanto comem asinhas de frango empanadas e batatas fritas com queijo cheddar.
Nós aqui do Botequim Conservador desejamos que ela volte a ficar feliz com o próprio corpo, desista de ficar educando os outros como essas gordas chatas pra cacete, e continue povoando o imaginário dos polenteiros desse nosso país viril com suas declarações tão picantes quanto os Whoppers Furiosos que ela deve ter comido nestes últimos meses.