Constelação mode on

Jamile Erdmann
Constelando
Published in
3 min readMay 30, 2016

Em grupo ou individual. Você pode escolher como vai constelar. Tivemos a oportunidade de assistir a uma constelação em grupo. Pés descalços e cadeiras de plástico conferiam um tom mais frio ao ambiente do que a terça-feira típica do inverno cascavelense. Mas, na medida em que as pessoas entravam descalças, o ambiente se tornava mais acolhedor e intimista, se é que isso é possível. Aliás, numa sessão de constelação as possibilidades são infinitas.

No início, o constelador Jair Salvadori dá uma aula sobre o assunto. Fala de Bert Hellinger, desenvolvedor do método de constelações sistêmicas, e também sobre todo o funcionamento da terapia. “Quando você vem colocar sua questão, nós vamos perceber como está sua constelação, quem são as pessoas mais próximas, quem te influencia mais, quais são as pessoas que podem estar te influenciando e você não percebe?”, ressalta Salvadori durante o discurso em público.

Fazendo uma busca google-histórica é possível perceber que o nome original do trabalho desenvolvido por Bert Hellinger em alemão é Familienaufstellung e significa, numa tradução literal, “Colocação [Representação] familiar”. Mas, sabe-se lá porque cargas d’água, o verbo “stellen” em alemão foi traduzido para o inglês como “constellate”, ou seja, posicionar certos elementos dentro de um sistema. Então, o termo constelações familiares nada tem a ver com estrelas, astrologia, esoterismo ou similares, mas tem sim uma conotação de uma representação, em que os elementos são posicionados numa certa configuração de relações. Assim, a pessoa que constela, escolhe alguém para representá-la durante a terapia.

Na sessão que acompanhamos, Salvadori interveio no início. Primeiro, perguntou brevemente a ‘constelanda’ sobre a sua questão principal e depois pediu que ela escolhesse alguém do grupo para representá-la. Seria praticamente impossível lembrar exatamente a ordem dos acontecimentos e as interpretações dadas por Salvadori, mas podemos simular mais ou menos o que acontece depois que a representante escolhida se posiciona no centro do tatame azul da grande sala. O constelador pergunta: o que você está sentindo? “Uma palpitação, um aperto muito forte no peito’’, respondeu a jovem. O constelador olha para a constelanda e pergunta: “você teve problemas com seu irmão?”. Depois disso, Salvadori pede para que a cliente escolha outra pessoa, agora para representar seu irmão. O irmão representante descreve o que está sentindo, como uma dor aguda no calcanhar direito. E aí vem a interpretação: dor no calcanhar direito (lado direito refere-se à mãe, lado esquerdo, ao pai), quer dizer que sua mãe sofreu muito com seu pai, não foi? E, assim, a constelanda escolhe alguém para representar seu pai que ao representar no tatame também revela seus sentimentos e de acordo com a sensação deste há uma interpretação para a constelanda. Para resumir de uma maneira bem cética e simplista, lembra muito um jogo de adivinhação, a partir das interpretações das emoções das outras pessoas.

Ao terminar, o tatame azul está repleto de representantes emocionados com o histórico familiar da representada. E é emocionante mesmo, isso é inegável. Esse sentimento é unânime entre nós. O que nos angustia um pouco é saber que a pessoa que constela, constela apenas uma vez para a mesma questão. Como assim, já resolveu? Já acabou? Definitivamente não estamos preparadas para soluções mágicas. Sabemos que a constelação não vai resolver todos os problemas de uma só vez, que a pessoa tem que se abrir para o que percebeu na sessão para que isso tenha resultado. Mas, para nós, diante do que vimos, seria necessário pelo menos mais umas quatro ou cinco constelações milenares para entender tudo aquilo ou… tudo isso!

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