Gabriel Estácio
Construção
Published in
4 min readSep 27, 2021

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45: DEUS SENTE

No texto de hoje, quero conversar um pouco com você sobre emoções e como Deus se relaciona com elas, e conosco através delas.

Antes de prosseguirmos, preciso fazer um disclaimer: vou usar, por várias vezes durante esse texto, o termo “Deus emocional”. Quando ler isso entenda como alguém que possui emoções, não como alguém controlado por elas ou instável.

Nós somos seres emocionais. Nossas emoções têm grande influência em como todo o resto do nosso ser se comporta. Isso pode parecer estranho pra você, mas é verdade. Dependendo do nosso estado em um dia, nosso corpo pode reagir fisicamente por causa de um “desequilíbrio” emocional.

Muitas pessoas negam suas próprias emoções, numa tentativa de serem constantemente fortes e felizes, mas isso não passam de aparências. É extremamente importante dar vazão ao que estamos sentidos justamente para que possamos controlar isso.

Emoções não são coisas diabólicas, mas fazem parte da arquitetura de Deus na criação do homem. E isso não é aleatório, nem uma característica inventada por Deus para o homem. Emoções estão presentes em Deus desde o princípio e também se manifestam Nele.

Apenas um Deus dotado de emoções seria capaz de ter misericórdia da raça humana a ponto de entregar seu próprio Filho, parte de Si, para morrer por eles.

Principalmente ao lembrarmos que Ele controla todo o universo, afinal, a presença ou falta dos homens não tem impacto considerado no universo como um todo. Se Deus não tivesse criado a raça humana, o planeta Terra estaria aí, o sistema solar também, a Via Láctea estaria tranquila no canto dela, Andrômeda também… A própria criação do homem é reflexo das emoções de Deus.

Diria mais: se não fossem as emoções Dele, o plano não seria do jeito que é. De trás pra frente: Jesus, dotado de piedade, se entrega em sacrifício antes mesmo do homem cair. Como dissemos anteriormente, essa já é uma expressão de um Deus emocional. E por quê Jesus precisa se entregar? Porque havia um Pai irado com o pecado da criação, o que implicaria no juízo sobre os homens… um Deus emocional.

E aqui eu preciso fazer outro disclaimer: apesar de ser emocional, não se esqueça que Deus é totalmente e perfeitamente equilibrado. Mesmo irado, não era possesso de ira. Se esse fosse o caso, Ele seria incapaz de derramar misericórdia sobre nós.

Se somos feitos a imagem e semelhança do Senhor, somos emocionais como Ele é. O fruto do Espírito é mais uma prova disso: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio, apesar de serem comumente descritas como traços de personalidade, são emoções. Ser alguém amoroso, alegre, pacífico, etc, depende principalmente do seu estado emocional.

Jesus, em forma humana, viveu nossos dramas. A ansiedade no Getsêmani não foi algo diferente da ansiedade que você tem. A tristeza, a sensação de abandono, o sentimento de impotência e insignificância que você pode estar experimentando, em nada é diferente do que Ele experimentou na cruz.

Ele carregou nossa dor. Ele sentiu nossa dor. Ele se propõe a nos ajudar porque Ele viveu isso na pele e sabe o quão pesado é o fardo de vivenciar isso sozinho. É por isso que Deus se apresenta como refúgio: não precisamos viver sozinhos. Não precisamos internalizar tudo quando há um Deus que ouve, zela e, se assim desejar, usa seus outros filhos para abraçar e espalhar esse consolo.

Sei que nem tudo se resume a: “você pode sair dessa se quiser”. Se fosse fácil assim, homens como Davi, na Bíblia, e Spurgeon, na história da igreja, não teriam vivenciado momentos profundos de depressão. Também não quero insinuar que a depressão é “falta de Deus”.

Meu objetivo aqui é trazer à sua memória que há um Deus disponível, não distante, que sabe o que você está passando porque o criou, porque sente e porque vivenciou tudo o que nós vivenciamos. Se os homens são incapazes de te compreender, Deus compreende.

Lembro de uma vez que eu conversava com meu terapeuta e dizia que não me abria muito com minha mãe porque via que ela já tinha que lidar com os problemas de muita gente, além dos próprios. Eu não queria ser um peso pra ela. A resposta dele mudou minha forma de enxergar muita coisa: “Gabriel, se você fizer isso, você vai roubar dela o direito de ser mãe. Você não está dando a ela a oportunidade de fazer o que uma mãe deve fazer”.

Com Deus, o princípio é o mesmo. Fomos adotados pelo Senhor e algo que Ele deseja ardentemente é se relacionar conosco, viver essa troca emocional. Ele nos ama e amor é um sentimento, uma emoção, que Ele quer vivenciar conosco, demonstrar a nós.

Eu quero dar esse direito a Ele. Quero viver sabendo que o meu Criador sente, conhece, ouve e cuida. Ele não me criou e me deixou sozinho, mas está sempre aqui comigo.

Gabriel Estácio, 27 de setembro de 2021.

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