Gabriel Estácio
Construção
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5 min readOct 13, 2021

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46: FIÉIS

Uma das características mais populares de Deus é a sua fidelidade, afinal, isso sempre faz parte das nossas pregações, canções e até mesmo de conversas. Há quem, inclusive, carregue isso como adesivo de carro, celular, tatuagem… Mas, de onde vem isso? O que garante a fidelidade de Deus?

Parece até meio irracional perguntar isso, mas existe uma explicação lógica. Rapidamente, a gente pode responder que a onipotência DEle garante que Ele é fiel, já que pode fazer todas as coisas. Porém, não. A onipotência não garante fidelidade, mas apenas a capacidade de cumprir toda e qualquer promessa. Poder cumprir não garante que vai cumprir.

Vamos para nosso exercício de imaginação: imagine que Deus não fosse onipotente, nem onipresente; apenas onisciente. Isso quer dizer que Ele saberia de todas as coisas, certo? Absolutamente tudo. Daqui, é simples concluir que, antes de prometer algo, Ele sabe se é ou não capaz de cumprir. E se NEle só há verdade, como cremos, Ele não prometeria algo que sabe não iria cumprir.

É lógico: se Ele prometesse algo sabendo que seria incapaz de cumprir, seria mentiroso, falso, um enganador, algo que Ele não é. Seria completamente contraditório à sua própria natureza.

Porém, não cremos em um Deus apenas onisciente, mas também onipotente e onipresente. Ele pode prometer o que quiser, quando quiser, onde quiser e como quiser, não só porque tem todo o poder para cumprir qualquer promessa, ou por estar suficientemente presente para saber o que pode fazer com você, mas por ter em si próprio a garantia de que vai cumprir a promessa, antes mesmo de fazê-la.

Tudo isso nos leva a uma conclusão um tanto óbvia: antes de nascermos, Ele já havia determinado suas promessas sobre nós e já as havia cumprido. Antes de respirarmos, Ele já era fiel a nós.

“Tu me observavas quando eu estava sendo formado em segredo, enquanto eu era tecido na escuridão. Tu me viste quando eu ainda estava no ventre; cada dia de minha vida estava registrado em teu livro, cada momento foi estabelecido quando ainda nenhum deles existia. Como são preciosos os teus pensamentos a meu respeito, ó Deus; é impossível enumerá-los! Não sou capaz de contá-los; são mais numerosos que os grãos de areia. E, quando acordo, tu ainda estás comigo.”

[Salmos 139:15–18]

Assim como o Seu amor e Sua justiça eram desde o início, a fidelidade de Deus já existia antes da formação do mundo. Ele já era fiel a nós antes de todas as coisas serem criadas. Impensável, né? Como Ele já havia cumprido tudo lá no início, sendo que eu sou apenas um ponto totalmente desprezível dentro do espaço-tempo… Que Ser é esse?

E o objetivo de toda essa discussão aqui é fazer uma defesa da fidelidade. Precisamos ser fiéis em tudo. Primeiramente, é claro, a Deus. É contraditório ao título “filho de Deus” agir de forma completamente diferente que o nosso Pai e ser infiel a Ele. Depois DEle não ter medido esforços para cumprir sua promessa, a ponto de entregar seu próprio Filho para nos salvar da sua ira, não é aceitável de nenhuma forma, sob nenhuma perspectiva, vivermos uma vida prostituta de infidelidade a Ele.

Se a perspectiva de filho não te faz entender isso, olhe pelo olhar de noiva do Cordeiro. Já comentamos aqui em textos passados sobre essa relação de noiva e a prostituição espiritual, mas eu quero lembrar que a noiva de Cristo, a santa e imaculada, aquela que se casará e reinará com Ele, não é uma prostituta. Pelo contrário, ela é fiel ao seu Marido em tudo o que faz.

Se um Ser que pode tudo, conhece tudo e controla tudo estabelece um pacto de fidelidade com você, é razoável dizer não? Você acha mesmo que sua carne está certa quando diz que uma infidelidadezinha (leia, pecado) não tem consequência e que você não precisa de arrependimento? A fidelidade a Deus deve ser o motor da nossa vida.

Sendo assim, devemos ser fiéis uns com os outros e honrar nossa palavra. Não adianta ser fiel com Deus e trair o próximo, até porque nem acho que isso seja possível. Se sou incapaz de ser fiel a um humano, que vejo e toco, eu seria capaz de ser fiel a Alguém a quem não vejo? A um Deus que necessito de fé para crer? A questão aqui não é “se” irei ser infiel, mas “quando”.

Ser fiel com os outros é um mandamento!

“Vocês também ouviram o que foi dito a seus antepassados: ‘Não quebre seus juramentos; cumpra os juramentos que fizer ao Senhor’. Eu, porém, lhes digo que não façam juramento algum. Não digam: ‘Juro pelo céu’, pois o céu é o trono de Deus. Também não digam: ‘Juro pela terra’, pois a terra é onde ele descansa os pés. E não digam: ‘Juro por Jerusalém’, pois Jerusalém é a cidade do grande Rei.
Nem sequer digam: ‘Juro pela minha cabeça’, pois vocês não podem tornar branco ou preto um fio de cabelo sequer. Quando disserem ‘sim’, seja de fato sim. Quando disserem ‘não’, seja de fato não. Qualquer coisa além disso vem do maligno.”

[Mateus 5:33–37]

Nosso falar deve ser confiável. Precisamos ser fiéis em nossas palavras. Só precisa de um juramento quem não é confiável e já foi infiel anteriormente. Quando dissermos sim, seja efetivamente um sim. Assim como Deus, antes mesmos de cumprirmos uma promessa, se a fizemos, que planejemos cumprir. Irei além até: seja intencional nas suas promessas. Antes mesmo de prometer, tenha intenção de realizá-las.

Se no fim ela será cumprida, ou se algum imprevisto irá impedi-la, não sabemos. Não somos oniscientes e onipotentes como Deus é. Mas é nossa obrigação, como filhos de Deus, termos a intenção de sermos fiéis às nossas alianças e se esforçar para cumprir nossas promessas.

Assim como Ele é, devemos ser, afinal, somos filhos e noiva, não é mesmo? Se queremos ser como Ele é, devemos imitá-lo e ser fiéis em tudo.

Gabriel Estácio, 13 de outubro de 2021.

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