SaaStr 2018 — Produto, parcerias e a rotina de um CEO — Dia #2

Rafael Freccia
Construtech Ventures
9 min readFeb 16, 2018

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Antes de começar, aos que estão chegando agora, recomendo que leiam o meu post sobre como funciona o SaaStr e como foi o primeiro dia de evento!

O segundo dia de SaaStr foi muito mais organizado! O hotel Hilton não estava tão congestionado de participantes e não haviam tantas filas de espera. As equipes organizadoras estavam muito melhor preparadas, com filas mais bem pensadas.

Em termos de conteúdo, estava muito semelhante com o primeiro dia! Mas novos temas surgiram.

Vamos às notas do segundo dia! Day #2

Sessão 1 — Growth experiments in enterprise marketing: how a startup mentality can give your enterprise marketing team an edge

  • Mada Seghete — CEO da Branch

Durante essa sessão, Mada trouxe uma visão de como a mentalidade de startup pode influenciar positivamente um time de marketing de grandes empresas:

Insights

Meet Ups

  1. Comece de forma simples, com 1 meetup por mês por exemplo;
  2. Divulgue o evento por todos os sites mais procurados (eventbrite, sympla, meetup, …);
  3. Procure por pacotes de desconto, como várias caixas de pizza por preços acessíveis, assim atrai mais pessoas;
  4. Encontre um tópico que realmente faça sentido para seu público, não apenas um que explicitamente divulga ou beneficia sua marca;
  5. Mantenha-se consistente, sempre com a mesma logo, temas relevantes, título claro e que chame atenção, consistência é a chave;
  6. Comunidades podem evoluir, mas não podem ser controladas nem mudadas, portanto atenha-se ao fluxo dos participantes;
  7. Exemplo da Branch em 2017: 77 meetups realizados, gerando muito awareness para a marca e trazendo 6% do total de leads empresariais. O custo dessas ações foi de 2,5% da margem de marketing;

Blog

  1. Reúna palavras-chave, crie moldes de posts, faça camisetas e faça seu time escrever para você. A equipe técnica tem muito conhecimento específico que pode ser aproveitado para um conteúdo útil;
  2. Exemplo da Branch: 22% dos leads empresariais vieram em virtude de SEO, de conteúdo gerado por toda a equipe da empresa;

Lições aprendidas pela Mada:

  1. Dedique 20 a 30% do seu tempo e dinheiro para investimentos;
  2. Dê aos experimentos tempo para trazer valor. Para isso, métricas e formas de mensurar o desempenho são essenciais. Assim você tem entendimento do valor de cada canal;
  3. É normal falhar. Espere uma margem de erro de 50% dos experimentos feitos. Dessa forma gere aprendizado o suficiente para aproveitar os outros 50% e garantir que erros antigos não voltem a acontecer.
  4. Continue criando, tentando, experimentando e você verá a quantidade de aprendizado e oportunidades que surgirão!

Sessão 2 — Tales of a Modern CEO

  • Mike Cannon-Brookes — CEO da Atlassian
  • Michael Pryor — CPO do Trello

Além de o Mike e o Michael trazerem diversas histórias de problemas que enfrentaram (alagamentos e perdas de data centers, por exemplo), Mike contou um pouco das dificuldades e da rotina de um CEO de uma startup de sucesso.

Como é a rotina de um CEO?

  • A rotina envolve diversas reuniões ao longo do dia (incluindo reuniões com mais de 15 gestores simultaneamente e de forma remota, para conseguir acompanhar a evolução de cada um de seus produtos);
  • Além disso, muito do tempo é dedicado à palestras e bate-papos sobre cultura organizacional ao redor do mundo;
  • CEO de uma empresa desse tamanho não possui tempo disponível para tarefas operacionais. Apenas para tomar as decisões mais complicadas e importantes da empresa;
  • No início, entrevistava cada um dos novos candidatos e membros da empresa. Hoje, há uma série de funcionários que Mike não sabe nem mesmo o nome;
  • Desafio constante que o CEO enfrenta é diminuir a distância orgânica que se forma entre os funcionários e os clientes;
  • O maior desafio para o CEO é balancear o tempo e demanda de trabalho;
  • Escalar produtos é possível, porém escalar empresas é muito diferente. No dia a dia, resolvemos problemas de pessoas, não de tecnologia. E escalar o trabalho dos fundadores é impossível, o que limita o processo.

O trabalho nos tempos atuais, mudou?

  • Times estão cada vez menores;
  • Autonomia é uma tendência forte, as pessoas não estão mais dispostas à serem mandadas;
  • Colaboração é um must have no processo de crescimento das empresas;
  • Trabalho remoto está crescendo;

Qual é sua visão da área de Aquisições de empresas?

  • Pense nos dois lados e torne as discussões transparentes;
  • Deixe bastante claro quem pode aprender o quê em relação à quem (cada time e empresa tem expertises diferentes);
  • Incentive discussões construtivas internas, mantendo o respeito entre os membros dos times. Isso gera aprendizado e amadurecimento da equipe;
  • Pessoas não precisam aceitar mudanças, mas precisam respeitar;
  • Nesse contexto, a cultura está muito à frente da estratégia. A Atlassian não faz aquisições, mesmo que estratégicas, se prevê que a cultura pode ficar ameaçada com essa operação;

Que conselhos daria para os empreendedores atuais?

  1. Trabalhe de forma sustentável. Crie uma forma de manter um life-time balance saudável;
  2. Lembre-se que os “good old days” são exatamente hoje! Não quando o time era 5, ou 50, ou 100 pessoas. Fique atento à ilusão de que cada momento da startup é diferente e que o melhor momento é hoje!

Sessão 3 — Lessons from building a developer Go-To-Market startup

  • Stefan Lederer — CEO da Bitmovin
  • Laura Behrens Wu — CEO da Shippo

Nessa sessão, que por sinal foi ótima, a discussão girou em torno de como lidar com modelos de negócio que vendem seu produto para desenvolvedores de grandes empresas. Algumas ideias muito boas surgiram:

  1. Resolver problemas é o grande foco para atingir desenvolvedores, ao invés de tentar alcançá-los com produtos à venda. Desenvolvedores não gostam de telefonemas de vendedores em geral;
  2. Transforme seu produto numa API para que os desenvolvedores possam testar e se impressionar com a funcionalidade;
  3. O objetivo é sempre simplificar o processo para os desenvolvedores. Algumas dicas para isso:
  4. Manter todas as documentações atualizadas;
  5. Trazer tutoriais para implementação;
  6. Produtos “self-service” para desenvolvedores;
  7. Páginas de ajuda e FAQ;
  8. Sistemas Pay as you go, ou seja, pago conforme o consumo do produto;
  9. Crie pequenas APIs gratuitas para atrair a atenção e mostrar a qualidade do produto, além de envolver a empresa às suas soluções;
  10. O passo a passo para conseguir mais clientes começa com a atração dos desenvolvedores!
  11. Com muito conteúdo e um bom SEO, você atrai empresas early-stage. Seja por talk shows, white papers, surveys, posts, etc…
  12. Os desenvolvedores de empresas early-stage são também os decisores do processo de compra de softwares ou outras soluções;
  13. Quando se trata de médias ou grandes, atrair desenvolvedores com soluções gratuitas que realmente trazem benefícios faz com que eles sejam os defensores da sua solução e busquem agilizar o processo de venda para você.
  14. Quando os desenvolvedores ou potenciais clientes entram em contato com sua equipe, tenha também vendedores técnicos dentro do time de vendas. Assim, quando um desenvolvedor cliente ligar para discutir a solução, você garante um nível de diálogo equiparado;
  15. Um ponto chave no processo de vendas para desenvolvedores é estabelecer uma rede de contato com eles que garanta confiança (blogs, fóruns, discussões, grupos, etc…);
  16. Grandes empresas de tecnologia (como Apple, Facebook, Google, etc..) não costumam testar produtos de startups como early-adopters. Por isso deve-se atingir um grande mercado de empresas menores antes de mirar nesses grandes players;
  17. Durante os passos iniciais do negócio, costuma-se haver uma fase chamada de “coleta de logos” onde você tem os primeiros clientes e os coloca à vista para gerar credibilidade;
  18. Esteja atento à complexidade do seu produto. É importante que ele integre nas diversas soluções utilizadas pelo seu cliente.

Sessão 4 — How to build out a revenue-generating partnerships strategy

  • Jassim Latif — Head of Platform Partnerships na Slack
  • Federico Menapace — Head of Partnerships na Segment
  • Cristina Cordova — Business Development & Partnerships na Stripe

Nessa palestra, a equipe de parcerias do Slack, Stripe e da Segment falaram um pouco sobre como as parcerias podem ser uma excelente estratégia de expansão do seu negócio:

Tamanho dos times

  • Stripe: quase 30 pessoas focadas em parcerias
  • Slack: 10 pessoas focadas em parcerias
  • Segment: 4 pessoas focadas em parcerias

Insights

  • Cada equipe de parceria tem uma meta de receita a ser gerada anualmente;
  • Uma das responsabilidades da equipe de parcerias é garantir a funcionalidade e qualidade das integrações;
  • Parcerias com grandes empresas são excelentes canais para gerar “Awareness” da sua solução;
  • Parcerias podem ser canais para alcançar novos clientes. Recomenda-se ainda indicadores de receita individuais para cada uma das parcerias;
  • Num segundo momento, você pode auxiliar seus parceiros sobre como eles podem gerar uma melhor experiência para seus clientes através do seu produto, fortalecendo o laço com o parceiro;

Sessão 5 — How to make real progress hiring diverse talent with TreeHouse, /dev/color, Pinterest and ChangeCatalyst

  • Damien Peters — Head of product da /dev/color
  • Ryan Carson — CEO da Treehouse
  • Candice Morgan — Head of Inclusion & Diversity da Pinterest
  • Wayne Sutton — Co-founder da Change Catalyst

Novamente em pauta, a discussão sobre diversidade trouxe alguns pontos que não conversamos sobre no primeiro dia do evento:

  • Para garantir o sucesso na hora de criar um time com diversidade existem três passos principais: recrutamento (sourcing), desenvolvimento (development) e retenção (retention);
  • Para o desenvolvimento, Pinterest utiliza um bootcamp que pode durar entre 3 e 9 meses. No bootcamp, os jovens talentos recrutados recebem mentoria profissional e pessoal;
  • Além disso, realizam atividades para gerar networking entre os membros do time atual e novo, garantindo um relacionamento produtivo desde a entrada da pessoa na empresa;
  • Ainda no bootcamp, cada recrutado deve compartilhar os talentos que trouxe das últimas experiências profissionais, de modo a se sentir reconhecido, valorizado e ainda contribuir para o grupo;
  • Um ponto crucial no processo de desenvolvimento de talentos, no âmbito da diversidade, é a síndrome do impostor. Deve-se ter um cuidado enorme com os novos membros para que passem pelo processo de desenvolvimento e permaneçam na empresa sem nenhum problema pessoal;
  • Para começar a mudança na empresa, estabeleça ao menos uma meta. Isso pode ser suficiente para mudar a cultura inteira;
  • Uma forma de manter motivação dos funcionários é o storytelling aplicado de forma inclusiva, independente do gênero, raça, orientação sexual, etc…

Esse artigo fala bastante sobre a síndrome do impostor:

Sessão 6 — Crafting the first mile of product

  • Scott Belsky — CPO da Adobe

Na sessão do Scott, a discussão abrangeu a importância dos primeiros contatos do cliente com o seu produto, que é comumente negligenciada. Veja os insights:

  • Durante os primeiros 15 segundos, considere seu cliente vaidoso, egoísta e preguiçoso. Preguiçoso: não tem tempo de sobra. Egoísta: buscam benefício imediato. Vaidoso: querem se sentir melhores e superiores;
  • Faça um produto que seja bom o suficiente para os profissionais especialistas do assunto, mas ainda assim acessível para qualquer pessoa;
  • Seja obcecado pelo “first mile” da jornada de experiência do cliente, tornando-a cada vez melhor;
  • Os produtos são sempre utilizado para passar o tempo ou para ganhar mais tempo;
  • Do > Show > Explain, ou seja, os produtos mais elaborados fazem a ação para você. Produtos menos elaborados apenas mostram. Por fim, produtos ainda menos elaborados apenas explicam o que fazer.
  • Ego analytics — sempre deixar muito claro os resultados que o produto está trazendo para o usuário;
  • Seus produtos devem dar a sensação de novidade e de utilidade. Ex: Slack. “Amuse while you teach and engage”;
  • Pessoas não querem lidar com complexidade ou escolhas, por isso, crie produtos com o modo default pronto para usar;
  • Pense sempre em novidades de uso, mas entregue familiaridade para o usuário, pela zona de conforto de seu cliente.

O post do Scott traz uma visão completa do conteúdo dessa palestra:

Conclusão

O segundo dia de SaaStr foi ótimo. Em termos de conteúdo foi extremamente relevante e pragmático, contando com dicas de como botar ações em prática e saindo do básico e tradicional.

Mais um dia completo de aprendizado que contou com uma estrutura mais bem elaborada, menos fluxo de pessoas e um ritmo contínuo de palestras, intervalos e networking. Tudo muito bem pensado.

Quer saber como foi o último (e melhor!) dia do SaaStr Annual 2018? Clicando nesse link você vai encontrar tudo o que mais me surpreendeu no terceiro dia de evento!

Abraço!

Email: rafael@construtechventures.com.br

Linkedin: https://www.linkedin.com/in/rafaelfreccia

Site: www.construtechventures.com.br

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