O que aprendi desenvolvendo para crianças e adultos

Antonio K
contabilizei-design
4 min readMay 8, 2020

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Já faz um pouco mais de um mês que recebi este desafio dos meus colegas da Contabilizei: escrever um texto aqui para o Medium. Então, lá vai — Olá, me chamo Antonio, sou designer e adoro criação! Neste texto, pretendo contar para vocês um pouco sobre a minha jornada.

Nós criamos para pessoas diferentes a todo momento. Eu, particularmente, tive a oportunidade de trabalhar para diversas empresas, de dentro e de fora do país, e adquiri muitos aprendizados com isso. Vou falar um pouco sobre a minha última experiência, que envolvia criar peças de design para crianças, e sobre minha visão acerca da criação de peças para adultos.

O que podemos dizer dos pequenos? Não é difícil chamar a atenção deles se você estiver com o conteúdo certo em mãos. Usei muito o site abaixo como referência — foi uma mão na roda. Lá você pode ter uma ideia do que eles gostam.

https://www.commonsensemedia.org/.

Entender um pouco sobre o seu comportamento também foi um ponto importante, e, nesse sentido, conviver com crianças me ajudou muito. Aqui estão algumas das literaturas que me deram suporte, mostrando como criar objetos divertidos e como é o comportamento de cada criança em cada fase do seu crescimento.

O mundo hoje é digital! Consegui observar que o novo playground é dentro de um aplicativo ou de um game. Muitas brincadeiras que eu fazia no mundo físico quando era criança, hoje acontecem no meio digital. As crianças de hoje brincam de pega-pega e pique-esconde dentro dos seus celulares ou computadores. Uma interação totalmente diferente da que eu vivi. Elas sabem lidar perfeitamente com a “brincadeira remota”, cada criança em sua casa.

Algumas características dos pequenos:

  • Apresentam comportamentos diferentes rapidamente (estão crescendo);
  • Exploram e experimentam;
  • Estão abertos para o novo;
  • Gostam de repetições;
  • Ficam entediados facilmente;
  • Perdem a atenção facilmente.

Todas essas características são fáceis de verificar quando estamos perto dessa audiência, eu mesmo tive a oportunidade de presenciar esse tipo de hábito em várias crianças. Na PlayKids o número de interações com os objetos animados na interface eram enormes, ilustrações criadas para serem divertidas e criar uma atmosfera lúdica para as crianças. A interface para elas é parte da brincadeira. Quando as crianças ficavam mais velhas, deixavam o app, procurando jogos e aplicativos mais complexos. Entendi que as crianças precisam de um guia para mostrar como encontrar o conteúdo, mas a grande vantagem é que elas aprendem rápido e se acostumam com o diferente rapidamente.

Kids:

Adultos:

Ambas as audiências querem apenas usar um app ou uma plataforma de um jeito orgânico. Querem ser independentes!

Se a criança não conseguir achar o seu objetivo dentro de um app ou até em um brinquedo físico, ela o abandona e vai fazer outras coisas. Os adultos, quando buscam um aplicativo, normalmente já têm uma finalidade para ele. Se o produto é complicado e precisa de muita explicação, isso com certeza irá frustrar o seu usuário. As empresas não querem perder suas audiências, querem que as pessoas usem o seu produto e querem criar uma boa reputação.

Características dos adultos:

  • Conseguem entender informações complexas;
  • Gostam de sentir-se seguros;
  • Gostam de sentir-se confortáveis;
  • Procuram, dentro do novo, padrões já vividos;
  • Ficam frustrados quando erram;
  • Gostam de interfaces que guiam suas ações.

Nesse caso, podemos sempre pensar em algumas questões e diretivas:

  • Como eu posso oferecer uma experiência auto-explicativa? Ser claro e direto cria credibilidade.
  • Como criar um fluxo simples sem tornar ele frustrante e chato?
  • O usuário não quer mexer em um site, app ou plataforma como se estivesse resolvendo uma grande equação matemática.
  • Os usuários querem resolver os seus problemas de forma rápida. Não faça com que eles gastem mais tempo do que o necessário.
  • As pessoas erram. Permita que seu usuário erre, e permita que ele consiga consertar o seu erro.
  • O ser humano adora hábitos, não mude fluxos sem ter uma justificativa.

Independente do público, devemos sempre trazer o usuário para o centro das discussões. Assim podemos observar comportamentos, colher feedbacks e entregar produtos que façam sentido. Dessa maneira, podemos descobrir as dores, errar menos, gerar valor e agilidade para todo um processo.

Esteja próximo do seu usuário!

Aproveito para compartilhar alguns livros que estou lendo, que já li, ou que estão na minha lista de leitura:

  • Não me faça pensar, por Steve Krug;
  • O design do dia a dia, por Donald A. Norman e Ana Deiró
  • Mapeamento de experiências, por Jim Kalbach
  • Design for kids, por Debra Levin Gelman
  • Theory of Fun for Game Design, por Raph Koster
  • Designing Games for Children; por Carla Fisher
  • The User Experience Team of One, por Leah Buley

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