O que eu gostaria que tivessem me dito quando comecei em UX

Luciana Vidolin Martins
contabilizei-design
8 min readMar 27, 2020

Sair da faculdade com um trabalho na área de maior interesse é um baita desafio. E graças a colegas de trabalho que acreditaram no meu potencial e decidiram investir tempo no meu desenvolvimento, consegui uma oportunidade em uma startup de tecnologia.

Desde do início dessa nova jornada, tenho me envolvido com projetos bem desafiadores dentro da empresa. E com isso, tenho aprendido muito a cada dia.

Aqui irei escrever um compilado ou resumo das lições que aprendi com essas pessoas incríveis que trabalhei ao longo desse tempo. Além de outras que tive que aprender da forma mais difícil. Isso não é tudo, mas vou começar com as que mais me marcaram.

Caso você esteja começando na área de UX, espero que esse texto te ajude de alguma forma, apesar de que provavelmente algumas dessas coisas você vai ter que vivenciar e aprender sofrendo um pouco, para que fiquem gravadas na sua memória.

E aqui está minha lista de 8 dicas de aprendizados como UX:

1) Calma, você está aprendendo!

Parece bem óbvio, mas se você é uma pessoa relativamente ansiosa e que se cobra muito, é bem fácil de esquecer que você não precisa saber tudo.
Você ainda tem um longo caminho de crescimento profissional e cada pessoa tem seu ritmo de aprendizado. E nessa área de atuação, achar que sabe tudo é um sinal vermelho bem grande, pois significa estagnação. Então, não tenha vergonha de não saber ou admitir que está aprendendo.

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2) Entender a demanda antes de sair fazendo

Ainda, muitas empresas ou equipes não entendem o papel de um UX designer e por isso, muitas demandas acabam chegando como “Precisamos de uma tela assim!” ou “Precisamos dessas mudanças nesse Site”.
E você como UX designer precisa ser o catalisador dessa mudança de cultura.

A primeira coisa que você deve fazer quando recebe uma demanda é entendê-la bem. Faça perguntas como:

  • Por que estamos fazendo esta tarefa?
  • Onde nós (você e a equipe) querem chegar com ela?
  • Como é a interação ou o caminho que o cliente faz/tem com essa tarefa?

Encontre as respostas para essas perguntas. Às vezes você pode descobrir que essa tarefa é apenas um band aid e a causa raiz do problema é outra.

Também é interessante criar hipóteses, o que você acha que irá acontecer com a mudança? Quais são todos os comportamentos possíveis que o cliente pode ter com aquela mudança? (Isso inclui todas as possibilidades positivas quanto negativas!)

Outras perguntas muito importantes que você deve fazer são:

  • Quais são os nossos indicadores?
  • Como iremos mensurar os ganhos e o sucesso ou se falhamos?

Descubra quais as métricas que podem lhe ajudar a acompanhar o desempenho do projeto/tela nova. É acompanhando o número de reclamações do cliente para ver se diminuem ou seriam a quantidade de acessos da página ou a velocidade ao realizar a tarefa ou talvez a mudança no NPS? Para isso alguns programas que usamos são o Mixpanel, Hotjar, zendesk, metabase, google analytics e outro.

3) Quais métodos usar (Discovery, Ideação, Prototipação e Testes)

No início é comum se sentir meio perdido com a quantidade de métodos, ferramentas e dinâmicas possíveis de realizar e utilizar em um projeto. Acho interessante, para facilitar suas escolhas, separar suas atividades em 4 etapas (que você provavelmente já conhece ou viu com algum nome ou separação parecida): Discovery, Ideação, Prototipação e Testes.

Para cada um desses momentos irão existir diversas ferramentas e para descobrir qual é a mais adequada para o seu projeto você deverá fazer mais perguntas, como:

  • Quais são os seus objetivos e da sua equipe nesse projeto?
    Sim, eu basicamente repeti uma das perguntas da dica 2, mas é que é bem importante! Nunca faça as coisas sem entender porque está fazendo!
  • Quais são os seus impeditivos?
    Aqui pode ser o tempo que você tem disponível, pode ser a verba, pode ser alguma ferramenta que você não tenha, pode ser a quantidade de pessoas que você tem disponível para conversar, pode ser algumas informações que estão alteradas ou não são confiáveis e por aí vai.
  • Quais informações você quer obter em cada etapa?
    Depois de entender o porquê do projeto, tente definir quais são as informações que você quer obter em cada etapa. Comece pelo começo! Quais são todos os dados que eu preciso descobrir e o que eles agregam ao projeto? Tente ter a visão geral e não parcial, pois a pior coisa que pode acontecer é você sair do discovery e só no meio da ideação ou do teste descobrir que acabou deixando de pesquisar dados importantes por causa de um método errado que escolheu.
  • Quais são as ferramentas que irão ajudar você a conseguir essas informações?
    Como eu comentei, tem várias. Mas para ir se livrando da longa lista de opções, tente riscar já as que não conseguem lhe ajudar por causa dos seus impeditivos ou as que não conseguem responder suas perguntas ou mostrar os dados que você precisa da melhor forma para apresentar para sua equipe.
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4) Faça o seu próprio UX tool Kit!

Isso era uma coisa que eu sentia falta e nem sabia. Foi só quando uma colega maravilhosa que tive me disse que um tool kit de Design me ajudaria nas escolhas das atividades e dinâmicas que eu me toquei da importância de ter meu próprio.

Primeiro porquê fazer isso permite que eu entenda a teoria dos métodos e assim, eu consigo escolher qual usar com mais facilidade, pois conseguiria responder às perguntas da dica anterior.

Segundo que, tendo meu próprio Tool Kit, eu poderia ajudar colegas a escolher dinâmicas interessantes para os projetos deles e poderia ajudar a empresa a desenvolver critérios de como realizar aquele método da melhor forma e padrões do entregáveis de UX.

Eu também não estaria presa a empresa, pois tendo o meu , posso levá-lo comigo para onde eu for e caso acabasse entrando em uma empresa que não tem essa parte de UX tão desenvolvida, eu não estaria de mãos vazias.

Eu estou fazendo meu Tool kit no Notion, mas você pode encontrar outras ferramentas ou sites para fazer o seu. Lá eu estou separando todas as dinâmicas e atividades que posso fazer durante as etapas dos meus projetos (Discovery, Ideação, Prototipação e Testes). Exemplo de atividades: Como fazer matriz CSD, 4x4x4, como fazer recrutamento e roteiros, como fazer proto personas, HWM, mapa de empatia e outros.

Vou deixar aqui uma lista de sites que você pode usar como referência e que tem mais informações sobre métodos de design:
https://www.uxlibrary.org/
http://guidetouxr.com/
https://www.designkit.org/methods
https://uxchecklist.github.io/

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5) Existem várias formas diferentes de fazer as coisas!

Então teste e experimente, não fique tão preso no primeiro formato que aprendeu. Além disso, você sempre pode adaptar os métodos e ferramentas. Seja criativo e caso veja que existe a possibilidade e necessidade, você também pode misturar 2 ou mais ferramentas.

A dica anterior lhe ajudará muito nisso, pois afinal, para poder mudar alguma coisa, você primeiro precisa conhecer aquela coisa.

6) Você é o/a responsável por mostrar o seu trabalho!

Acredite, ninguém vai fazer isso por você. Se você deixar toda a sua pesquisa em uma planilha ou em um documento de word, só você vai saber daquelas informações, pois a chance de lerem tudo aquilo que está escrito lá é mínima.

Atenção: não estou dizendo que documentar as coisas não é importante, mas conheça seu público!

Você precisa ver a melhor forma de apresentar suas descobertas para seu chefe ou colegas de squad, e talvez isso seja através de um ppt. A documentação pode ser, e é, muito útil para seus colegas Designers. Por exemplo, quando vem alguém novo para assumir o projeto ou no caso de sua pesquisa é complementar ao trabalho de um designer de outra equipe.

Nas suas apresentações, lembre se novamente dos seus objetivos, mostre os resultados da pesquisa que estão ligados as métricas de sucesso definidas anteriormente, elas ajudaram o time a tomar decisões. Mostre os comportamentos que os clientes tiveram durante os testes e sugestões dos próximos passos.

E aqui um alerta para quem tem medo de falar em público… Você precisa ir lá e apresentar! Pois cada pessoa pode interpretar aquelas informações da forma que ela quiser. Mas não se preocupe, basta lembrar que você é a pessoa que mais entende daquele assunto, afinal, foi você que fez a pesquisa.

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7) Cocriação…

Aqui outra coisa que você já deve estar cansado de ouvir. O como cocriação é importante, e é mesmo! Desde a primeira atividade que acompanhei que envolviam várias pessoas de equipes diferentes para solucionarmos um problema de projeto, pude ver como elas adoram participar. Não só isso, quando envolvidas da forma certa, ficam muito contentes em poder dar suas opiniões. Elas sentem que seu conhecimento, sobre determinado assunto, é valorizado e que estão sendo ouvidas.

Então faça dinâmicas, envolva diversos times, envolva a operação, a equipe de vendas, envolva outros designers e envolva os seus desenvolvedores! A cocriação será um grande aliado seu, pois ao participar das atividades, as pessoas vão entender o que você faz e verão valor nas suas entregas. Você irá de dinâmica em dinâmica conscientizando cada vez mais a empresa sobre a cultura do UX.

Além disso, permitirá que em grupo vocês tenham ideias que você, sozinho, não conseguiria ter! Todos têm backgrounds diferentes, experiências diferentes, e isso agrega muito para os projetos.

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8) Por último, às vezes as prioridades mudam…

Sim, as vezes algo acontece que faz com que as prioridades do seu projeto e da sua equipe mudem, e você vai ter que deixar o projeto/ pesquisa que estava fazendo no meio e vai ter focar em outra coisa.

Sobre esses fatores que fogem do nosso controle, a única coisa que posso lhe dizer é que será necessário se adaptar.

Às vezes é frustrante? Sim.
Às vezes aquele projeto que foi deixado como baixa prioridade nunca mais é revivido? Sim, acontece.

Você precisará desenvolver maturidade nesse momento e aceitar os novos desafios que viraram prioridade, eles podem ser tão interessantes quanto o outro que você estava fazendo. E quem sabe mais para frente o inesperado acontece novamente e faz com que aquele projeto volte a ser prioridade? O acaso acontece…

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Bom era isso que eu tinha para dividir com vocês :)

Sei que algumas dessas dicas podem ser coisas que muitos de vocês, que estão lendo, já sabiam ou já tinham aprendido e internalizado, mas elas são dicas que eu gostaria muito de ter recebido no começo da minha carreira.

Então se eu consegui ajudar pelo menos uma pessoa que está começando na área de UX design, irei encarar isso como um sucesso!

Você tem alguma outra dica que gostaria de dividir conosco? Comente ali embaixo nos comentários :)

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Luciana Vidolin Martins
contabilizei-design

Olá, eu sou a Luciana, atuo na área de UX Design desde 2017. Já atuei como UX/UI, Product e Interaction Designer. Sigo aprendendo mais a cada novo desafio.