Pessoas com Deficiência: como tratá-las e incluí-las no ambiente de trabalho

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8 min readDec 2, 2022

De acordo com dados divulgados pela Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, 8,4% da população brasileira têm algum tipo de deficiência. Desse total, apenas 403.255 pessoas estão empregadas formalmente, o que corresponde a menos de 1%.

Diante desse cenário desafiador, precisamos entender que pessoas com deficiência e pessoas sem deficiência são dotadas de qualidades, emoções, planos e desejos pessoais e profissionais. Uma deficiência nada mais é do que uma das muitas características de cada pessoa.

Aqui na Contabilizei, colocamos em prática ações para incluir pessoas com deficiência, focando em suas habilidades e no seu potencial. Um dos nossos compromissos é promover um ambiente sem capacitismo e com olhar atento para a acessibilidade.

Por isso, nossas pessoas Guardiãs construíram em conjunto esse conteúdo que mostra quais são os direitos das pessoas com deficiência e promover espaços inclusivos e diversos em ambientes corporativos e sociais. Vem com a gente!

Quem são as pessoas com deficiência?

São pessoas que têm impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Ou seja, as limitações estão muito mais relacionadas aos espaços, que foram pensadas apenas para um padrão de pessoa.

Apesar de muitos acharem que para ser considerada uma Pessoa com Deficiência é necessário ter alguma característica “visível”, o conceito é muito mais abrangente do que isso. A própria legislação brasileira classifica as deficiências conforme sua natureza e grau de comprometimento, podendo inclusive não ser visível, como nas pessoas ostomizadas, ou pouco perceptível, como em pessoas com movimento reduzido.

Existem as seguintes deficiências:

  • Deficiência Física
  • Deficiência Auditiva
  • Deficiência Visual
  • Deficiência Intelectual
  • Deficiência Múltipla

Trazer conhecimento sobre os tipos de deficiência, suas especificidades e a maneira como Pessoas com Deficiência lidam com isso nos ajuda a desconstruir estereótipos e termos ações mais inclusivas.

Entendendo as deficiências

Muitas pessoas acreditam que sabem tudo sobre as deficiências, mas cada uma tem diversas particularidades, então, é importante conhecê-las para não utilizar frases equivocadas e termos errados. Vamos lá!

Deficiência física

Não é uma expressão genérica para deficiência e, portanto, refere-se apenas a deficiências relacionadas aos aspectos físico e motor, como ausência de membros, paralisias, entre outras causas.

Deficiência auditiva

Do ponto de vista clínico, o que difere surdez de deficiência auditiva é a profundidade da perda auditiva. As pessoas que têm perda profunda, e não escutam nada, são surdas. Já as que sofreram uma perda leve ou moderada, e têm parte da audição, são consideradas deficientes auditivas. Porém, levar em conta só a perspectiva clínica não é suficiente, já que a diferença na nomenclatura também tem um componente cultural importante: a Língua Brasileira de Sinais.

É direito legal da pessoa surda utilizar a Língua Brasileira de Sinais — Libras, sendo obrigação do Estado manter intérpretes de Libras nos órgãos públicos, bem como capacitar agentes públicos a usar a Libras.

Deficiência visual

As pessoas com deficiência visual podem ter baixa visão ou serem cegas. Na definição, a pessoa é cega, mesmo possuindo baixa visão, quando necessita da instrução em braille; a pessoa com baixa visão pode ler tipos impressos ampliados ou com auxílio de recursos ópticos e tecnológicos.

Deficiência intelectual

É associada a pelo menos duas das seguintes áreas de habilidades: comunicação, autocuidados, vida em casa, habilidades sociais/interpessoais, uso de recursos comunitários, auto-suficiência, habilidades acadêmicas, trabalho, lazer e segurança. A deficiência intelectual é um comportamento cognitivo. A deficiência intelectual de uma pessoa não pode ser qualificada isoladamente, mas, sim, em função dos apoios que recebe para sua integração social, profissional ou estudantil.

Deficiência Múltipla

Tem associação de duas ou mais deficiências, com várias possibilidades de combinações entre deficiências: física, intelectual, auditiva e visual.

A partir da Lei 12764/2012, as pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) passaram a ser consideradas pessoas com deficiência. Elas apresentam limitação significativa na comunicação e na interação social.

Atente-se para os termos corretos, não devemos falar pessoa especial, pessoa anormal, o correto é pessoa com deficiência.

Conhecendo os principais direitos das pessoas com deficiência

A Lei nº 13.146/2015 constitui o Estatuto da Pessoa com Deficiência e é “destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania”. Com isso, vamos ver quais são os direitos fundamentais das pessoas com deficiência!

  • O direito à Vida
  • O direito à Habilitação e à Reabilitação
  • O direito à Saúde
  • O direito à Educação
  • O direito à Moradia
  • O direito ao Trabalho
  • O direito à Assistência Social
  • O direito à Previdência Social
  • O direito à Cultura, ao Esporte, ao Turismo e ao Lazer
  • O direito ao Transporte e Mobilidade
  • O direito à Participação na Vida Pública e Política

Veja como alguns desses direitos se aplicam à nossa realidade

Direito à Vida

Dentre os direitos fundamentais julgamos como mais importante o “direito à vida”, afinal, para se exercer outros direitos fundamentais, é necessário a existência do ser humano.

Direito ao trabalho

Esse direito foi regulamentado pela lei 8.213/1991, que prevê legalmente a inserção de Pessoas com Deficiência (PcD) no mercado de trabalho. O principal objetivo da lei é reconhecer oportunidades de emprego para pessoas com deficiência.

Mais do que uma obrigatoriedade, a Contabilizei vê grande valor na inclusão desses profissionais, tanto para os negócios quanto para a sociedade.

O percentual da cota depende do número total de pessoas empregadas:

  • 100 a 200 pessoas colaboradoras, a cota mínima determina que 2% do total de trabalhadores sejam PCD;
  • 201 a 500 pessoas colaboradoras, a cota mínima define que 3% do total de trabalhadores sejam PCD;
  • 301 a 1000 pessoas colaboradoras, a cota mínima estabelece que 4% do total de trabalhadores sejam PCD;
  • Acima de 1000 pessoas colaboradoras, a cota fixa passa a ser de 5% do total de trabalhadores.

O capacitismo e o início da discriminação

Você sabe o que é capacitismo? Ele se refere à discriminação contra pessoas com deficiência. O termo é pautado na construção social de um corpo padrão denominado como “normal” e da subestimação da capacidade e aptidão de pessoas em virtude de suas deficiências. Parte do seu desconhecimento e a falta de debate pela população se devem ao descumprimento da legislação que garante o direito de participação plena da pessoa com deficiência na sociedade.

Outro motivo que acaba camuflando o conhecimento sobre o capacitismo é que ele se manifesta de forma muito velada, muitas vezes, entendido como heroísmo e supervalorização por quem o pratica, de tão estrutural e inconsciente que é a discriminação em razão da deficiência. Exemplos de falas capacitistas: “tadinho(a)”, “nossa, você é um exemplo de superação, né?” ou “nossa, que pena”, “ele(a) é especial”.

A forma correta para se referir a pessoas com deficiência

O termo hoje mundialmente aceito é justamente “pessoa com deficiência (física, auditiva, visual ou intelectual)”, em vez de “portador de deficiência”, “pessoa com necessidades especiais” ou “pessoa portadora de necessidades especiais”; Os termos ”cego” e “surdo” podem ser utilizados; Jamais utilizar termos pejorativos ou depreciativos como “deficiente”, “aleijado”, “inválido”, “mongol”, “excepcional”, “retardado”, “incapaz”, “defeituoso” etc.

A inclusão começa por você

Tornar o dia a dia de todas as pessoas mais acessível não necessariamente está relacionado apenas ao espaço físico, não é só uma responsabilidade pública, mas, sim, de todos e todas nós.

É preciso se conhecer para conhecer a outra pessoa. Então:

  1. Desconstrua conceitos;
  2. Identifique seus pré-conceitos;
  3. Policie falas e comportamentos;
  4. Corrija as pessoas que não agem da forma correta ao seu redor.

Tratamos o outro com estranheza ou preconceito quando algo nos assusta porque não temos conhecimento.

Confira algumas dicas práticas para ser uma pessoa mais empática!

Precisamos parar de fazer

Não chamar
“Portador de deficiência”, “pessoa com necessidades especiais”, “defeituoso”, aleijado”, “incapaz”, “excepcional”, “inválido(a)”, “Mongol”.

Não tratar
Com piedade, pena, superproteção, assumir que são frágeis, tratar como crianças ou exceções/excepcionais.

Não falar
“Você é muito bonito(a), mas não tem como ficar ou namorar alguém assim”, “Nossa, você é um exemplo de superação, né?”,“Deve ser difícil não poder fazer nada”, chamar uma pessoa com deficiência auditiva de surda muda.

Não fazer
- Ajudar a pessoa com deficiência sem antes perguntar;
- Falar alto com a pessoa com deficiência visual ou física;
- Desmerecer a capacidade da pessoa com deficiência para o trabalho;
- Trocar as coisas de lugar, tirar a bengala, cadeira de rodas ou qualquer equipamento por achar estar atrapalhando algum espaço;
- Ficar em pé por muito tempo conversando com uma pessoa com cadeira de rodas;
- Pegar pelo braço da pessoa com deficiência visual;
- Brincar com um cão-guia em serviço;
- Tratá-las de forma não natural e ou respeitar o ritmo da pessoa (tanto de pensamento ou fala como de mobilidade);
- Ignorá-la.

Precisamos começar a fazer

Dicas sobre como cada Guardião ou Guardiã pode contribuir para a construção de ambientes mais igualitários e inclusivos:

Como agir
- Tenha comportamentos inclusivos, respeitando as características de cada pessoa;
- Se preocupe com a acessibilidade dos ambientes, seja na escolha de um restaurante ou até mesmo na sua casa. Devemos aprender e propor atividades de acordo com as características de cada pessoa;
- Se coloque sempre no lugar da outra pessoa e lembre-se como você gostaria de ser tratado(a);
- Caso queira oferecer ajuda, pergunte primeiro se a pessoa aceita e qual é a melhor forma;
- Ao interagir, adote postura adequada às características da pessoa. Na dúvida, pergunte!

Como tratar
- Use os termos hoje mundialmente aceitos: “pessoa com deficiência (física, auditiva, visual ou intelectual)”, em vez de “portador de deficiência”, “pessoa com necessidades especiais” ou “portador de necessidades especiais”; Os termos ”cego” e “surdo” podem ser utilizados.

Como lidar com cada uma das deficiências:

Deficiência física

- Pessoas em cadeira de rodas: sentar e manter os olhos no mesmo nível, não se apoie na cadeira de rodas ou empurre-a sem avisar previamente;
- Pode usar termos como “andar” e “correr”, desde que não seja de modo pejorativo e/ou ofensivo.

Deficiência auditiva

- Enquanto estiver conversando, mantenha sempre contato visual, não esconda seus lábios. Fale mais lento e com a pronúncia completa das palavras;
- Mesmo que a pessoa surda esteja com um intérprete, dirija-se a ela, e não ao intérprete;
- Ao se comunicar com a pessoa surda: paciência e concentração.

Deficiência visual

- Faça-a perceber que você está falando com ela, identifique-se;
- Avisar antecipadamente sobre a existência de obstáculos no trajeto;
- Fale com seu tom de voz habitual, não grite;
- Não aponte opções que estão longe ou peça para a pessoa já ter decidido o que ela deseja: ofereça opções e interaja de acordo com as escolhas.

Deficiência intelectual

-Não superproteja, deixe que ela faça ou tente fazer sozinha tudo o que puder;
- Não subestime sua inteligência, fale de acordo com a idade dela: criança, adolescente ou adulto.
- A pessoa com deficiência intelectual aprende na prática e por repetição. Quando for explicar, mostre como fazer cada tarefa. Monte uma rotina de trabalho estruturada.

Como agimos na Contabilizei

As nossas vagas são abertas para perfis diversos, e, como mais uma forma de promover a inclusão de pessoas com deficiência, temos parceria com a PcD Online, primeiro site dedicado à divulgação de vagas e hunting de pessoas com deficiência do Brasil e que tem 15 anos de mercado.

Contamos também com intérpretes de libras na condução das nossas reuniões, palestras, treinamentos, entrevistas, atendimentos, entre outros, sempre que necessário. Assim mantemos a comunicação inclusiva com todas as pessoas.

Temos o C.Indica, nosso programa de indicação e uma ótima oportunidade para que Guardiões e Guardiãs indiquem ainda mais pessoas diversas para virem embarcar em nosso foguete.

Nascemos para mudar o futuro, e, com esse jeito de não se conformar e fazer diferente, estamos construindo juntos e juntas um ambiente cada vez mais diverso e inclusivo. Nossa cultura reflete esse compromisso e colocamos em prática ações reais para que todos os Guardiões e Guardiãs sintam que aqui cada pessoa pode ser quem realmente é!

Todas as nossas oportunidades estão abertas para pessoas diversas em identidade de gênero, cor e etnia, orientação sexual, origem, pessoas com deficiência (PcD), e todas as interseccionalidades possíveis.

Clique aqui e conheça as nossas oportunidades e venha ser 1% melhor a cada dia junto com a gente! 💙

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