(Exercício I)

Me conta sua história. Me. Conta. Sua. História.

Minha história começa quando eu nasci e isso quer dizer que eu não lembro de absolutamente de nada do que primeiro vi, do que primeiro chorei ou senti. Talvez se eu fizesse uma regressão, eu poderia lembrar, provavelmente muito do medo e nervosismo que eu sinta seja devido à cesariana. Não fui bebê natural, não fui bebê orgânico nascido em banheira ou piscina de plástico cheia de água. Sou mais um dos vários bebês estressados crescidos advindos de um corte drástico em uma mulher para ser tirado do seu corpo e posto ao mundo.

Depois disso não sei se tem como melhorar muito.

Daí a gente vai crescendo meio que empurrado, meio que com tudo já pré-configurado para ir se ajustando as neuroses coletivas dos outros, no caso primeiros dos pais, da família, dos amigos, das namoradas. Ajustamo-nos e é verdade provavelmente alguns de nós vá trazer alguma colaboração nova ao mundo, mas deve ser pouca gente porque, convenhamos, não há muita coisa nova no mundo para acrescentar. A não ser, é claro, que você misture, reinvente, faça um grande pastiche, mas na minha opinião isso não é nada novo mesmo, nada original. Matamos a originalidade há muito, muito tempo. Matamos porque só assim existimos.

O original só existe quando não conhecemos nada direito e mesmo assim é um original individual. É que nem eu pensando na quinta série que havia tido uma ideia muito nova e que provavelmente ninguém na escola teria tido, quiçá no mundo. Eu nem sabia o que significava a palavra quiçá na época (mal sei agora para dizer a verdade), mas é uma palavra que soa bem e que nos faz parecer mais inteligente, não é verdade? Acabei de utilizar um recurso muito clichê de perguntar ao leitor, na verdade quase um comentário, para aproximar mais o texto dele, esse texto ridículo e sem nexo