Há oito anos no Contagens…

Rafael Gloria
Contagens
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3 min readNov 30, 2017

Bom, para quem não sabe eu tinha (ou tenho?) um blog chamado Contagens. Ele ainda está lá na plataforma Blogger, mas a verdade é que não o atualizo há muito tempo. Porém, volto para ele às vezes para ver como eu escrevia, o que eu pensava. Ele pega uma boa parte da minha vida.

Estou tentando, ainda sem muito afinco como vocês devem ter percebido, transpô-lo para cá, no Medium. Mas o tempo, sempre ele, acabou atrapalhando a minha ideia. Mas sinto que preciso de um espaço para voltar a escrever periodicamente.

Tive a ideia de trazer textos antigos do Contagens e brincar com essa ideia dos dias e anos que foram publicados. Trago nesse primeiro post, então, dois textos do dia 30 de novembro de 2009. Seguem:

Teoria número vinte e três: sobre aquelas velhices e o futuro.

Me peguei olhando para todas as minhas revistas antigas hoje. Abri o meu armário também já surrado — não que eu dê importância para essas coisas: adoro tudo aquilo que tem história. Abri meu passado ao abrir a porta do móvel. Todas as minhas revistas em quadrinhos que eu demorei anos para colecionar e manter estavam lá. Intactas. Muitas revistas de todos os tipos, e que marcaram momentos também se acumulavam nos cantos

Não só elas, várias cartas que recebi faziam-se presentes. Todas guardadas porque ali tem vida, ali tem passado e acontecimentos. Naquelas cartas estão trancados alguns dos melhores momentos que passei. Todos os passeios, as tardes na redenção, algodão-doce, medo, receios, sorte.

Todas aquelas velhices maravilhosas e que me levam ao meu futuro também.

Sim, uma vez que tudo o que vivemos, tudo o que guardamos naquele armário antigo constrói o que seremos no futuro. Ajuda a definir nossas percepções sobre problemas que, provavelmente, passaremos. Dessa forma contornaremos os desafios de um modo mais fácil.

Espero que todo esse meu passado, guie-me para melhores tomadas de decisões, e para mais facilidades em encarar algumas situações. Deve haver alguma coisa nas poeiras dos móveis que podem nos tornar pessoas melhores.

Crônicas de um repórter novato — parte XI

Estou meio que gostando de ser jornalista e isso está me deixando feliz e também preocupado. Serei uma daquelas pessoas sem tempo para nada e totalmente viciada no trabalho? Terei reuniões chatas com os meus colegas, quebrando a cabeça para decidir coisas que as pessoas raramente se importam?

É incrível como o jornalismo sempre me deixou com dúvidas e curiosidade. De certa forma essas duas coisas sempre me atraíram. Acredito que quando eu consigo resolver situações que tenham essas duas características, eu me realizo. Será que um dia poderei resolver o jornalista que há em mim?

Ah, muitas perguntas para poucas frases.

Comecei a me dar conta que estava sem tempo para tudo, quando a minha irmã mais nova, de apenas dez anos reclamou comigo que eu não brincava mais com ela. Que eu não jogava mais bola, ou videogame, essas coisas.

Me senti péssimo na hora, e prometi que tentaria arranjar mais espaço para ela. Comecei a pensar logo depois se o jornalismo me concederá tempo, quando eu precisar. Para a família que um dia eu possa vir a ter…não sei.

São apenas suposições, mas o fato de eu não ter horas para as pessoas que amo não me agrada nenhum pouco. Espero que o tempo me ajude de vez em quando, para transformar as confusões em certezas e assim criar mais e mais momentos livres.

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Rafael Gloria
Contagens

Jornalista; melancólico ativo; editor-chefe do site Nonada — Jornalismo Travessia (www.nonada.com.br); tentativa de escritor; Mais: www.about.me/rafael.gloria