O que foi mais "Contagious" em 2021

O ano foi dureza… de novo. Caso você tenha perdido, esquecido ou represado alguma coisa, nosso time listou as tendências e eventos (não publicitários) que acreditamos terem marcado 2021

Contagious Brasil | editorial
Contagious Brasil
13 min readDec 20, 2021

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Este artigo foi originalmente publicado em inglês no nosso blog global, onde discutimos os desenvolvimentos mais relevantes em marketing e inovação.

Foto mostra deserto arenoso, com montanhas ao fundo, e uma árvore seca em primeiro plano, como sinal da crise climática
Foto: Ryan Cheng via Unsplash

Fatalismo climático /

Ondas de calor. Secas. Inundações. Seguidas de mais ondas de calor, secas e inundações. É fácil entender por que notícias incessantes de eventos climáticos catastróficos contribuíram para o crescimento do fatalismo climático em 2021. Muitos jovens, em particular, acreditam que não há mais como salvar o planeta e se sentem traídos por governos, empresas e, consequentemente, pelas marcas.

Uma pesquisa global financiada pelo grupo de pesquisa Avaaz questionou 10 mil pessoas entre 16 e 25 anos sobre suas reações às mudanças climáticas. Três quartos disseram que o futuro é assustador, e mais da metade sente que a humanidade está condenada. Por conta desse contexto, quatro em cada 10 manifestaram hesitação quanto a ter filhos. A autora principal do estudo, Caroline Hickman, pesquisadora da Bath University, afirmou à BBC News que os medos relacionados a questões ambientais estão causando níveis crescentes de estresse crônico entre os jovens: “Isso mostra que a ecoansiedade não diz respeito apenas à destruição ambiental. Ela está inextricavelmente ligada à inação de governos em relação às mudanças climáticas.”

Enquanto alguns se mobilizam ativamente contra seus líderes — por exemplo, levando 33 países a julgamento com o argumento de que a omissão em relação às mudanças climáticas constitui crueldade sob a legislação de direitos humanos –, muitos jovens acreditam que essa luta é vã. “Por que fazer alguma coisa se já estamos todos condenados?” parece ser a ideia comum.

Há o risco de que o meu relato, de um homem da geração X, possa soar como o blábláblá contra o qual Greta Thunberg protestou às vésperas da Cúpula do Clima. Por isso, perguntei à minha filha de 19 anos, uma estudante universitária, qual era a sua perspectiva. “Um planeta agonizante é o único problema que afeta todos nós igualmente, mas por algum motivo a elite rica ainda se sente separada dele”, disse ela. “Qual é a razão de eu reciclar um pote enquanto Kim Kardashian e Jeff Bezos entram em seus jatos particulares a hora que querem?”.

Ela tem um ponto. Em voo de cruzeiro, jatos particulares são imunes a ondas de calor, secas e inundações.

Por Paul Kemp-Robertson, cofundador e diretor de marca

Um parque, com árvores grandes em fila, sob um céu azul, aparece como cenário para uma boneca gigante, com cabelos pretos presos em rabicós laterais, olhar atento, vestindo um vestido laranja sobre uma camiseta amarela, meias brancas até os joelhos e sapatos pretos. Pessoas circulam ao redor dela.
Foto: Sung Jin Cho via Unsplash

Round 6 /

Quando uma série de TV é tão popular que leva uma empresa de telecomunicações a processar a Netflix por conta do aumento expressivo no uso da banda larga, é justo dizer que o programa foi de fato contagiante. Com 1,65 bilhão de horas de exibição nos 28 dias após seu lançamento, Round 6 se tornou o maior programa da história da Netflix e um fenômeno global. Embora a série use o mesmo truque de Jogos Vorazes — pedindo aos espectadores que condenem um grupo da elite que vê pobres morrerem por entretenimento, enquanto o público está literalmente assistindo aos mesmos eventos para se divertir — , a popularidade e o impacto cultural da série não podem ser negados. O alcance foi tão grande que inadvertidamente gerou um aumento de 7.800% nas vendas de tênis Vans brancos (usados pelos participantes do programa), segundo o Sole Supplier. Se você é uma marca de calçados que luta para obter os mesmos resultados com a sua publicidade, talvez valha a pena considerar na sua próxima campanha um comentário legendado ultraviolento sobre desigualdade de renda.

Por Alex Jenkins, diretor editorial

Monitor de computador antigo, com bordas brancas, aparece jogado no chão com a tela quebrada. Ao lado, uma lata de spray também está caída.
Foto: Julia Joppien via Unsplash

Techlash /

Este ano começou com muitas pessoas se perguntando sobre Jack Ma, cofundador da gigante tecnológica chinesa Alibaba que desapareceu em novembro de 2020 depois de acusar bancos chineses de sufocarem a inovação com sua “mentalidade de loja de penhores”. Mais tarde, Ma reapareceu, mas sua aparência castigada e seu brilho ofuscado enviaram uma mensagem clara de que mesmo os bilionários da tecnologia podem ser controlados pelo Partido Comunista.

E foi um certo empurrão ladeira abaixo para as empresas de tecnologia da China, pois o governo investigou, multou e regulamentou o setor, eliminando no processo mais de 1 trilhão de dólares da capitalização de algumas das maiores empresas de internet do mundo.

Segundo analistas, as medidas repressivas têm como objetivo o controle estatal das poderosas empresas privadas chinesas. O Ocidente tem motivações e métodos diferentes, mas por aqui os líderes de tecnologia também estão desconfortáveis.

Atualmente, uma das poucas coisas que une os partidos Democrata e Republicano nos EUA é o desejo de domar o setor de big tech. O presidente Joe Biden já fez várias nomeações que sugerem essa intenção — em junho, a talentosa ativista antitruste Lina Kahn se tornou presidente da Federal Trade Commission.

A admiração em queda pelos titãs da internet nos EUA aproximou o país da União Europeia, que sempre teve certo desejo de regulamentar o setor de tecnologia e está prestes a aprovar um de seus atos mais ambiciosos até o momento, a Lei de Mercados Digitais, que visa conter os instintos monopolistas dos maiores gatekeepers da rede.

Em suma, o mundo em 2021 se tornou um lugar menos tranquilo para as empresas que colonizaram a internet em sua fase adolescente. Não é de se admirar que estejam todos tão ansiosos para ir embora rumo ao metaverso.

Por James Swift, editor online

Foto mostra seis blocos de notas de Euro, presas por elásticos e empilhadas uma sobre a outra.
Foto: Mufid Majnun via Unsplash

Inflação /

No final de novembro, o presidente do Federal Reserve dos EUA, Jerome Powell, anunciou que deixaria de usar a palavra “transitória” ao se referir à inflação porque o aumento dos preços não era mais apenas um pontinho e a linguagem do Fed deveria refletir isso. Entre os meses de outubro de 2020 e de 2021, os preços nos EUA subiram 6,2% — o aumento mais rápido das últimas três décadas, segundo o Índice de Preços do Consumidor do país.

Mas o aumento do custo de vida não é apenas um problema estadunidense. A inflação na zona do Euro alcançou 4,9% em novembro, um ritmo inigualável desde a introdução da moeda comum. No Reino Unido, a inflação está em 4,2%, o número mais alto em uma década. Na Ásia, embora sob relativo controle, apresenta tendência de alta em alguns países. Enquanto isso, mercados emergentes como Brasil e Turquia sofrem mais.

As razões são inúmeras: pacotes de socorro à população promulgados durante a pandemia, aumento dos preços da energia, problemas de cadeia de abastecimento e uma explosão de consumo reprimido após meses de isolamento.

Nenhum desses fatores garante anos de inflação crônica na escala dos anos 1970, mas também é improvável que eles sejam resolvidos em 2022. A questão para as marcas é engolir os custos crescentes e rezar para que tudo passe logo ou repassar os aumentos aos clientes. As respostas de Unilever, PepsiCo e Procter & Gamble apontam para a segunda opção. Se você trabalha com marketing, provavelmente agora é um bom momento para revisar a elasticidade dos preços.

Por Patrick Jeffrey, chefe de consultoria, e James Swift, editor online

Rede de tênis em primeiro plano, e detrás dela vê-se as pernas de uma pessoa branca, que usa tênis brancos, e segura uma raquete. Ao lado, no chão, há uma bola de tênis.
Foto: John Fornander via Unsplash

Pausas para a saúde mental dos atletas /

Poucos dias antes da segunda rodada do Aberto da França, no final de maio, a tetracampeã do Grand Slam Naomi Osaka decidiu desistir do torneio. No mês seguinte, a ginasta Simone Biles abandonou vários eventos olímpicos. Em julho, o jogador de críquete Ben Stokes fez uma pausa por tempo indeterminado, retornando apenas no final do ano.

Atletas muitas vezes deixam de participar de eventos devido a lesões, mas os nomes citados acima fizeram algo diferente, obtendo uma enorme repercussão: justificaram suas ausências por motivos de saúde mental. Em sua declaração, Osaka contou que teve muita dificuldade em lidar com “longos surtos de depressão”, enquanto Biles queria “colocar a saúde mental em primeiro lugar” e Stokes admitiu lutar contra “pensamentos difíceis”.

Atletas são extremamente pressionados em relação ao desempenho, o que pode afetar a saúde mental. Um estudo de 2016 da Universidade de Melbourne apontou que esportistas de elite têm uma prevalência maior de transtornos como ansiedade e depressão em comparação com a população em geral.

Contudo, nos últimos anos, há uma preocupação crescente quanto à sobrecarga destes profissionais, como efeito de programações e eventos esportivos movidos a lucro e entretenimento que não permitem pausas e períodos de recuperação. Com a covid-19 gerando incerteza sobre eventos cancelados e atrasados e bolhas biosseguras mantendo estrelas do esporte distantes de suas redes de apoio, não é de se admirar que a saúde mental tenha se tornado uma questão ainda mais relevante.

São temas que refletem o que acontece no mundo de modo geral. Pesquisadores atribuíram 76 milhões de novos casos de ansiedade e 53 milhões de transtorno depressivo aos desafios pessoais, sociais e econômicos impostos pela pandemia. Mas a posição adotada por pessoas como Osaka também ganha evidência, à medida que aumenta a conscientização em relação a conversas mais abertas e honestas sobre saúde mental.

Ainda há estigmas associados à saúde mental — a lenda do tênis Billie Jean King, por exemplo, não exatamente apoiou a decisão de Osaka. Entretanto, como sociedade, há indícios de que estamos indo na direção certa.

Por Amelia Markham, estrategista

Imagem mostra captura de tela de uma campanha do Reddit divulgada no começo de 2021. Vê-se o logo da marca com elementos gráficos ao redor.
Imagem: Reddit, campanha "Superb Owl"

Ações de memes /

A compra e venda de ações é fundamentalmente uma ciência social, mas sempre houve um método subjacente à loucura aparente. Os corretores podem analisar lucros trimestrais de uma empresa, saídas antecipadas de CEOs e inovações de produtos emergentes para guiar suas decisões.

No entanto, o próprio modelo que orienta a negociação de ações (compra na baixa, venda na alta) desfez suas amarras este ano com muita gente embarcando, com apoio e dinheiro, nas ações da varejista de jogos eletrônicos GameStop — aparentemente por nenhuma outra razão além da diversão.

Em 27 de janeiro, uma ação da marca custava 347,51 dólares — preço 783% mais alto do que na semana anterior, quando valia 39,36 dólares. Comprar a esse preço — o mais alto já alcançado pela empresa — normalmente seria embaraçoso para um trader. Mas as pessoas no fórum do r/WallStreetBets do site Reddit que compraram por aquele preço estavam orgulhosamente pedindo distinções exclusivas para exibir em seus perfis suas decisões financeiras irresponsáveis ao resto da comunidade.

Isso ajuda a descrever a situação em que o mercado de ações se meteu: nada de formados em Harvard trajando ternos Alexander Amosu em Wall Street, mas sim um bando de lordes dos memes do Reddit entoando “macacos fortes unidos” enquanto postavam emojis de foguete. O macho alfa desse congresso de orangotangos, Roaring Kitty, fez uma transmissão ao vivo de sete horas no YouTube na qual mergulhou frango em uma taça de champanhe enquanto ria loucamente do que a comunidade havia alcançado — incluindo o lucro estimado, obtido por ele, de 20 milhões de dólares.

Especialistas financeiros ficaram preocupados, já que essa loucura pode aparentemente acontecer de novo a qualquer momento e com qualquer ação. Para uma indústria baseada na confiança e nos fundamentos da oferta e demanda, isso representa um enigma profundo, porque explora todas as fraquezas de sua ciência sem realmente ser ilegal (pelo menos não ainda). Então, o que isso significa para o futuro das finanças e da compra e venda de ações? Bem, se eu contasse, isso se tornaria ilegal.

Por Sunil Bajaj, redator

Imagem da obra de arte digital "Everydays: The First 5000 Days", uma coleção de imagens digitais sobrepostas.
Imagem: "Everydays: The First 5000 Days", por Beeple

NFTs /

O Dicionário Collins anunciou “NFT” (sigla para token não fungível) como a palavra do ano, e quem somos nós para contestar?

O gerente de Educação do Collins, Alex Beecroft, observou que é “incomum” uma abreviatura ter um crescimento de uso tão grande. “Se o NFT terá uma influência duradoura, ainda não sabemos, mas sua presença repentina em conversas ao redor do mundo deixa muito claro que é a nossa palavra do ano”, acrescentou.

O verbete do Collins define NFT como “um certificado digital exclusivo, registrado em um blockchain, que é usado para registrar a propriedade de um ativo, como uma obra de arte ou um item colecionável”. Pessoalmente, acho que eu nunca tinha pronunciado a palavra fungível antes de 2021. Também nunca passei tanto tempo pensando sobre quais itens são fungíveis ou não fungíveis — dinheiro = fungível, gatos = não fungíveis, CryptoKitties = definitivamente não fungíveis.

Se você for uma pessoa dos números e não uma artesã das palavras, então deve ser mais evidente que os NFTs foram um grande negócio em 2021. Em março, o artista americano Beeple vendeu um NFT de sua obra Everydays: The First 5000 Days por 69,3 milhões de dólares em leilão da Christie’s. Em novembro, o JPMorgan avaliou o mercado de NFT em 7 bilhões de dólares. Enquanto isso, a CoinTelegraph — publicação que cobre fintechs e criptomoedas — previu que as vendas totais de NFT alcançariam 17,7 bilhões de dólares até o final do ano.

Também vimos NFTs fora do mundo das artes visuais. Na música (a banda Kings of Leon ganhou 2 milhões de dólares vendendo um álbum como NFT), no esporte (em iniciativas de entidades como NBA, NFL e Fórmula 1 ) e no universo dos games (a Ubisoft anunciou recentemente que está incorporando NFTs em seus jogos).

Então, por que alguém gastaria 473 mil dólares em um NFT de Disaster Girl (o meme de uma garota em frente a um prédio em chamas) ou desembolsaria 24,4 milhões de dólares na Sotheby’s por um conjunto de 107 NFTs de macacos de desenho animado gerados por computador? Bem, essa é outra questão, mas o fato de eles terem feito isso em 2021 torna os NFTs inegavelmente uma das maiores coisas do ano.

Por Chloe Markowicz, editora

Sob um céu azul com algumas nuvens, a foto mostra a decolagem do foguete espacial Blue Origin. Vê-se à esquerda a plataforma, estrutura metálica com diversos andares, e à direita a nave, em formato cilíndrico, saindo do solo, enquanto deixa um rastro de fumaça e fogo abaixo.
Imagem: Blue Origin / divulgação

Homens ricos no espaço /

Este parece ter sido o ano em que a corrida espacial do século 21 realmente se transformou no campeonato de xixi à distância movido por ego que esteve sempre fadada a ser.

Para recapitular, em julho vimos o bilionário Richard Branson decolar em um passeio rápido que o levou a 85 km de altitude — a fronteira entre a Terra e o espaço! — em seu foguete Unity, da Virgin Galactic. Algumas semanas depois, o bilionário chefe da Blue Origin, Jeff Bezos, viajou a bordo do notavelmente fálico New Shepard a uma altitude de 100 km — a Linha Kármán! — levando consigo o nonagenário William Shatner, de Jornada nas Estrelas.

O óbvio teria sido o bilionário Elon Musk comandar sua cápsula SpaceX Dragon, já comprovada como apta para voos espaciais orbitais, em algumas voltas olímpicas ao redor do planeta, postando uma selfie dele mesmo no Twitter endereçada a Bezos e Branson. Mas Elon é muito cool para uma órbita baixa em torno da Terra e prefere deixar os outros brincarem por lá até que apareça o momento para um “salto gigante”.

Honestamente, porém, é difícil se importar profundamente com toda essa crise de meia-idade e os processos judiciais e ataques verbais que acompanham essa narrativa nada inspiradora. A corrida espacial original foi um triunfo sobre adversidades e tecnologias primárias estressantes tendo a Guerra Fria como pano de fundo, o que preenchia tudo com uma sensação de perigo. O caso atual parece ser um triunfo da autoindulgência e de egos movidos a foguetes.

Claro, a escala total desse esforço científico vai gerar benefícios para além da capacidade de catapultar privilegiados para o espaço, mas quem sentirá esses benefícios? Enquanto o planeta fervilha em direção a um futuro de ruína ambiental, há algo um tanto desagradável em uma série de lançamentos experimentais que liberam até 300 toneladas de dióxido de carbono na atmosfera.

Por Katrina Stirton Dodd, editora-geral

Imagem mostra mulher jovem branca, de cabelos castanhos, com as mãos na cabeça em sinal de preocupação, sentada em frente ao computador, olhando para a tela.
Foto: Elisa Ventur via Unsplash

A Grande Renúncia /

Caso você não saiba, está todo mundo pulando fora. A história é conhecida: você está se levantando para o 257º dia de home office. Todo dia é a mesma coisa. E quando você elimina o trajeto, as vantagens do escritório e o happy hour depois do trabalho, de repente se torna óbvia a condição de baixa remuneração, sobrecarga e/ou insatisfação.

O termo usado para essa tomada de consciência, “A Grande Renúncia” (The Great Resignation), foi cunhado em maio pelo professor Anthony Klotz, da Texas A&M, gerando uma série de manchetes, podcasts e artigos de reflexão sobre o “tsunami da rotatividade”. A pandemia fez com que muitos parassem para pensar no equilíbrio entre vida pessoal e profissional, nas condições de trabalho e no salário — fatores por trás dos números recordes de demissões.

Entretanto, isso não acontece em todos os lugares. O emprego e a participação da força de trabalho na Europa, de modo geral, estão em níveis pré-pandêmicos, enquanto países como Canadá, Japão e Nova Zelândia não apresentam uma rotatividade excepcionalmente alta. Mas “A Grande Renúncia” é uma tendência nos EUA e no Reino Unido. De acordo com o Bureau of Labor Statistics dos EUA, 24 milhões de estadunidenses pediram demissão entre abril e setembro de 2021, com cerca de 4 milhões deixando seus empregos a cada mês, o que resultou numa grave escassez de mão de obra. A pesquisa mensal de vagas de emprego e rotatividade de mais recente do Departamento de Trabalho dos EUA revelou que havia 11 milhões de vagas disponíveis no final de outubro (em agosto, eram 10,4 milhões).

No Reino Unido, uma pesquisa da empresa de recrutamento Randstad UK, realizada em novembro com 6 mil pessoas, apontou que um em cada quatro trabalhadores estava planejando mudar de emprego nos próximos meses. E não se esqueça do Brexit, que levou muitos estrangeiros que viviam no Reino Unido a retornarem à União Europeia durante a pandemia, levando setores como hotelaria, produção de carne, agricultura e transporte a necessidades críticas de mão de obra — inclusive gerando pânico em relação à escassez de combustível. Em contraste, o emprego e a participação da força de trabalho na Europa estão em níveis pré-pandêmicos.

Existem, é claro, outros fatores em jogo: a devastação da covid-19 nos lembrou que a vida é curta. Uma maior conscientização sobre a saúde mental levou funcionários a desafiarem a cultura do burnout, predominante nas empresas das grandes cidades. Além disso, o envelhecimento da mão de obra e os baby boomers se aposentando aos 60 anos deixaram muitos empregos em aberto. De qualquer forma, 2021 foi um grande ano para deixar o trabalho — e para não deixar seu chefe subornar você com lanches grátis e produtos com a marca da empresa.

Por Phoebe O’Connell, redatora

Tradução: Ricardo Romanoff

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