“Share of search”: a nova métrica essencial para as marcas?

O chefe de efetividade do grupo adam&eveDDB, Les Binet, falou com a Contagious sobre sua pesquisa em torno de percentuais de buscas online como indicadores potenciais de participação de mercado

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4 min readSep 9, 2020

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Este artigo foi publicado originalmente em inglês no nosso blog global, onde discutimos os desenvolvimentos mais relevantes em marketing e inovação. A Contagious dedica-se a fornecer aos seus clientes inteligência criativa e estratégica para ajudá-los a trabalhar de maneira mais inteligente e rápida. Saiba mais em bit.ly/ContagiousBrasil.

A internet tornou quase impossível medir com precisão a participação de voz [share of voice ou SOV] das marcas no mercado — e o mundo parece satisfeito com essa troca. Por isso, os profissionais de marketing foram forçados a procurar uma métrica mais adequada para a era digital. A participação em buscas [share of search], ao que parece, pode preencher esse vazio.

A participação de voz informa, dentro de toda a publicidade de uma categoria, qual porcentagem pertence a uma determinada marca. Esses dados são úteis porque é possível observar uma tendência: marcas cuja participação de voz tem percentual maior em relação à sua participação de mercado tendem a crescer. Em sentido inverso, aquelas com participação de voz menor que a presença no seu segmento tendem a encolher. Há décadas os profissionais de marketing usam esse conhecimento para elaborar seus orçamentos.

Mas a participação de voz só funciona se você tiver dados confiáveis sobre quanta publicidade existe em uma categoria. À medida que mais e mais peças publicitárias vão parar em recônditos da internet, essa tarefa tornou-se inviável, a ponto de a maioria das pessoas não confiar mais nesse tipo de dados.

O chefe de efetividade do grupo adam&eveDDB, Les Binet, lembra que há cerca de nove anos um colega dele se aproximou e lhe disse: “Precisamos de uma participação de voz para a era digital”.

Binet começou então a analisar métricas de redes sociais para determinar se outro tipo de participação, o share of buzz — o quanto as pessoas estão falando sobre uma marca –, poderia antecipar números sobre a participação de uma marca no mercado ou o seu crescimento.

A resposta é: não pode. “Há pouca correlação entre o quanto as pessoas falam sobre marcas nas redes e como essas marcas se comportam no mundo real”, explica Binet.

“As marcas mais citadas são aquelas cujos produtos o público está menos propenso a comprar.”

“Por exemplo, no mercado de automóveis as marcas de luxo são as mais mencionadas — Porsche, Ferrari, Lotus. As pessoas não falam muito da Ford, da Kia ou da Hyundai, embora sejam consumidoras dessas marcas.”

Observar os sentimentos dos usuários tampouco ajuda muito. As marcas mais propensas a serem depreciadas são aquelas com maior potencial de compra. Ainda que as redes sociais sejam úteis para algumas coisas, há muito papo furado e enganação até que elas se tornem um substituto confiável para a participação de voz.

Em vez disso, Binet começou a investigar as buscas feitas no Google, analisando três categorias das quais ele tinha uma abundância de dados. Foi quando ele descobriu que a participação de buscas parecia refletir a participação de mercado.

Há tempos os anunciantes usam as buscas como indicador da intenção de compra a curto prazo — não à toa recebemos anúncios programáticos logo após nossas pesquisas. Mas Binet descobriu padrões de longo prazo e uma via de mão dupla: a participação de mercado de uma marca afeta a de buscas. De modo geral, as pessoas são mais propensas a desejarem mais informações sobre algo que elas já têm — se você adquiriu um notebook Apple, é mais provável que você faça perguntas sobre isso do que alguém que não tem esse equipamento. E quando uma marca apresenta uma alta participação de buscas em relação ao seu tamanho, isso tende a indicar que ela está prestes a crescer.

Não há dúvidas de que a publicidade influencia a participação de buscas. O próprio Google já publicou artigos sobre a relação entre pesquisas online e saliência de marca (a probabilidade de que os consumidores pensem em uma marca específica quando compram um produto da categoria à qual ela pertence). A Millward Brown, por exemplo, em artigo de 2016, menciona uma marca de álcool dos Estados Unidos cuja saliência respondeu por “81% da variação no volume de pesquisas ao longo do tempo”.

Binet, no entanto, é hesitante quanto à perspectiva tentadora de que a participação de buscas possa dar aos profissionais de marketing uma visão quase imediata de como um anúncio de construção de marca funcionará a longo prazo.

“Mais ou menos”, diz ele, quando perguntado se a participação de buscas poderia mostrar às marcas o valor da publicidade emocional em questão de dias. “Você pode, em certa medida, usá-la para obter uma previsão dos efeitos de longo prazo no curto prazo”, afirma, “mas talvez isso não ocorra sempre. Tende a funcionar melhor em categorias com compras mais refletidas [pelos consumidores]”.

O que mais empolga Binet em sua pesquisa são os efeitos da publicidade sobre a participação de buscas: em todas as categorias observou-se, de forma consistente, cerca de 40% de impacto a curto prazo (primeiro mês) e cerca de 60% de crescimento a longo prazo (nos dois anos seguintes).

“Já vi antes esse 60/40”, brinca, aludindo ao seu trabalho anterior, com Peter Field, The Long and the Short of It, que estabelece uma proporção de 60/40 para marcas que buscam dividir suas receitas de marketing entre anúncios de construção a longo prazo e ativações imediatas. “A participação em buscas é mais uma evidência, independente e empírica, para a hipótese que temos sobre como a publicidade funciona.”

Tradução: Ricardo Romanoff

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