O começo de tudo

Cassiel Isla
Contando os Cantos
Published in
2 min readFeb 6, 2018
Dá o play pra começar a ler!

Dizer que o Contando os Cantos foi um projeto que começou no instante em que eu pisei na estrada, seria como narrar a história de um filme restando apenas alguns minutos pra ele acabar. Apesar da ação ser protagonista nessa coisa doida chamada vida, sempre valorizei um outro ponto importante: a intenção. Afinal, toda ação surge dela. Um lampejo intangível criado pela mente que nos leva a materializar algo através de inúmeras formas.

Você tem a intenção. Acha um meio de externalizá-la. E, por fim, dá vida a ela.

Portanto, posso dizer que o projeto começou muitos anos antes. Quando virava noites e noites pesquisando dicas de como pegar carona, estradas, onde dormir e tudo o que envolvesse uma viagem alternativa. Sempre tive o desejo de partir. Mesmo que por fora, na minha rotina, eu não demonstrasse nada disso.

Mudança de mentalidade

Se você acompanhou a jornada no Instagram (@contandoscantos) e tem o desejo de fazer algo parecido, aqui vai um conselho: não transforme isso numa obrigação. Logo no começo, sem mesmo que eu pudesse perceber, a minha vontade de viajar havia se tornado um verdadeiro fardo no qual eu carregava todos os dias. O tempo foi passando e nada contribuia para que o tão sonhado momento se concretizasse.

Na época, tinha acabado de entrar na faculdade, trabalhava pra ajudar financeiramente em casa e me via rodeado de conflitos. Pra ajudar, acompanhava dezenas de pessoas que faziam esse tipo de viagem, com fotos incríveis e textos de tirar o fôlego. Um verdadeiro cenário que me dava a plena sensação de que eu estava desperdiçando tempo de vida.

Ledo engano.

Aos poucos, fui me dando conta de que havia criado um universo totalmente irreal em cima das viagens, onde tudo era perfeito e as pessoas eram felizes. Vi que toda aquela insatisfação que eu vivia não tinha nada a ver com a falta de estradas ou belas paisagens. Nenhum lugar do mundo poderia resolver meus problemas. Afinal, eles nunca estiveram fora de mim.

Como já dizia Nietszche…

"É preciso ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela cintilante."

Foi a partir de uma crise existencial profunda, na qual perdi o chão de tudo o que acreditava, que comecei realmente a viagem. Mas uma viagem que talvez fosse muito além de paisagens e lugares. Senti, desde aquele momento, que iniciava uma jornada ainda mais complexa, onde o Contando os Cantos seria apenas um pedaço de tudo aquilo. Não existia mais pressão, data ou hora.

Pela primeira vez, eu me sentia verdadeiramente livre pra partir.

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