A busca por um sonho e o investimento no futuro

Estudantes/atletas se tornam cada vez mais comuns na busca de dois sonhos, uma graduação e a busca pelo profissionalismo no futebol.

Rodrigues Jr
Contexto Acadêmico
5 min readOct 8, 2019

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O sonho de milhões de jovens brasileiros é se tornar um dia, um jogador de futebol profissional de alto nível com salários astronômicos. Porém essa é a realidade de apenas 1% dos profissionais hoje em dia. Muitos largam estudos, abdicam da vida social para se dedicar integralmente ao futebol, inúmeras vezes acabam com uma decepção futura que pode ter graves consequências, já que esse jovem não se preparou de forma devida para o seu futuro caso algo desse errado no arriscado mundo do futebol.

Foto: Reprodução instagram Hattrick Academy

Essa realidade pode estar mudando de forma gradativa, muitos hoje tem procurado uma outra saída para essa tentativa de buscar o seu sonho. Eles buscam conciliar estudos com treinos e muitas empresas entraram nesse ramo buscando assessorar e fazer a mediação de futebol com faculdades americanas ou com equipes europeias para o desenvolvimento desses jovens. O objetivo é torná-los além de jogadores no futuro, pessoas preparadas para encarar a realidade seja ela dentro ou fora do esporte.

Os pais, assim, passam a investir no futuro de seus filhos de uma forma diferente como se dava alguns anos atrás. A exigência que antes era de se preparar e se dedicar integralmente ao futebol, hoje passa a ser de também estudar cada vez mais para que caso o sonho do futebol não se realize, possa ter toda uma formação bem feita para garantir seu futuro com uma boa qualidade.

Estudo é primordial, quero ver minha filha formada. Ela ama futebol e eu a apoio, quero vê-la feliz e isso é o mais importante, ela vai sempre comigo ao estádio. Ela tem tempo para se dedicar ao futebol e aos estudos e assim espero que ela consiga realizar todos os sonhos e objetivos que tem”, disse Nilton Guedes, pai de Milena, 15, estudante/atleta.

Empresas encontraram uma forma de trabalhar nesse mercado de exigência para esses jovens, elas se tornaram parceiras de escolas de inglês, psicólogos, nutricionistas e assim o investimento que antes se tornava apenas focado no futebol, passa a ser também algo que torna esse jovem mais produtivo em todas as áreas.

A Hattrick Academy entrou nesse mercado, com parcerias para a melhor formação desses estudantes/atletas. Busca orientar esses jovens para que possam trilhar o melhor caminho dentro da vida acadêmica e profissional no futuro, inclusive preparando esses jovens para as provas necessárias para uma universidade americana se for o caso.

“Nós temos parceiras com cursos de inglês que fazem todo o preparatório para as duas provas que são a Test of English as a Foreign Language (TOEFL), que é uma prova que testa a capacidade de entendimento e de fala em inglês da pessoa e a Scholastic Assessment Test (SAT), que é o teste escolar, uma espécie de ENEM dos Estados Unidos. Então o estudante/atleta que chega aqui tem todo esse preparo para que, caso no futuro não venha a ser jogador de futebol, seja um cidadão exemplar”, explicou Valdemar Cavalcante, sócio diretor da Hattrick.

Milena Guedes em entrevista para a TVC. (Foto: Reprodução instagram Hattrick Academy)

Existe também outro fator, o interesse das meninas na busca por esse sonho cresceu com o passar dos anos, apesar de ainda ser algo mais tímido, essas empresas também visam o melhor mercado para elas. Os Estados Unidos são referência no futebol feminino, a parceria com faculdades norte americanas viabiliza de uma forma completamente diferente a formação dessas atletas para buscar o alto nível em uma área que ainda sofre muitos preconceitos aqui no Brasil.

“Posso passar o dia falando sobre as dificuldades, primeiramente vale destacar o preconceito, que é o mais grave, a falta de investimentos e a dificuldade de encontrar futebol feminino aqui no Brasil. Desde criança sempre gostei de jogar, mas nunca tinha achado uma academia ou uma escolinha de futebol feminino, junto disso vindo aqueles comentários que menina não tem que jogar futebol e sim brincar de boneca”, relembra Milena.

Ela se prepara para ter uma oportunidade futura de ir para os Estados Unidos realizar seu sonho e usa o preconceito e os comentários negativos como forma de incentivo para o seu futuro: “Todas as meninas que querem ser jogadoras e passam por isso devem pensar positivamente que tudo que a gente passou um dia vai valer a pena, temos que acreditar no nosso potencial e manter o foco para que nosso objetivo seja alcançado”.

Outro exemplo que o futebol feminino busca cada vez mais seu espaço é Adrijane Felix Cesar, 24, que estuda e joga na William Carey University (WCU), Hattiesburg/MS, nos Estados Unidos e resume com perfeição a distância que temos hoje para um futebol feminino de primeiro mundo: “A diferença de estrutura entre o Brasil e o EUA é muito grande. Aqui temos todo o cuidado tanto na parte estudantil quanto na parte física, mental e alimentar. Somos tratadas com respeito e méritos atléticos, temos o apoio da faculdade e apoio de patrocinadores. Para jogar aqui você precisa estar muito bem preparada, o nível aqui é muito mais alto do que no Brasil. Aqui você é incentivado a querer ganhar sempre”.

Guilherme Marinho, 21, que está na Allen Comunity College, Iola/KS, usou o talento que tem com a bola nos pés para poder se graduar nos Estados Unidos, mesmo ainda estando no college, ele busca através dos estudos e do futebol ter duas chances de conseguir uma bolsa de estudos numa universidade americana.

“Busco agregar valor acadêmico ao meu currículo e se possível me graduar aqui nos EUA. Aqui para jogar você tem que estar bem nos estudos, tem que cumprir uma certa quantidade de horas na biblioteca, não pode faltar aulas sem motivo, senão você é punido durante os treinamentos. No começo da temporada os treinadores falam que de nada adianta ser apenas um bom jogador, tem que ter boas notas e ser um cidadão correto”, disse ele.

O futuro no futebol é muito incerto, mas com a busca cada vez mais por conhecimento fora das quatro linhas, muitos jovens podem estar garantindo sua qualificação e aliando ao seu sonho para que assim possam ser mais produtivos seja dentro ou fora de campo.

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