Alta do mercado Pet aquece economia local e brasileira

Ingryd Freitas
Contexto Acadêmico
5 min readDec 21, 2019

Segmento pet deve movimentar R$36,2 bilhões esse ano, impulsionando a economia e conscientizando a sociedade para o cuidado ideal com os animais de estimação.

Nova loja da Animale Pet Shop no shopping RioMar Fortaleza. Foto: Divulgação.

O mercado pet tem registrado um destaque à frente de outros setores da economia, devido seu alto crescimento de arrecadação nos últimos anos. Só no ano de 2018, os cuidados com animais de estimação movimentaram R$ 34,4 bilhões, segundo o Instituto Pet Brasil (IPB). Fora apontado um aumento de 4,6% em relação ao ano interior, 2017. Supera até mesmo o Reino Unido e se torna o segundo maior país do mundo em franca expansão nesse setor, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, de acordo com a Euromonitor, empresa global de pesquisa de mercado.

Este segmento no comércio é responsável por 0,36% do PIB nacional, e conforme o crescimento frenético a cada ano que passa, 2019 já possui uma projeção estimada em R$ 36,2 bilhões, havendo então um aumento de 5% comparado ao ano interior. A indústria pet brasileira ocupa o segundo lugar no mergado global com 6,4% de participação, em terceito o Reino Unido (61%) e no topo os Estados unidos com 50% no cenário. É interessante ressaltar que esses números superam o mercado de utilidades domésticas e de automação industrial.

Os cuidados com os pets vão além de só alimentação, a ração dos bichos representam 68% dentro desse número, agregado a isso, há gastos com banho, tosa, veterinário, medicação, brinquedos, dentre outros. O crescimento de 6,9% nesse mercado nos últimos dois anos é apontado pela Associação Brasileira de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet).

Indo contra a recessão econômica instaurada no Brasil desde 2015, esse é um dos poucos mercados que prosperam, seja ele na dimensão de varejo, com microempreendedores, ou no atacado com grandes empresas. “O mercado pet vem crescendo muito porque o volume de investimento para você entrar no mercado pet não é um volume de investimento muito elevado. Muitas vezes você tem pequenos recursos, mas tem a possibilidade de colocar uma pequena loja, um pequeno local de atendimento próximo da sua casa e às vezes até mesmo na sua própria casa, ou seja, o volume de investimento é muito baixo”. Aponta o economista Ricardo Coimbra, vice-presidente do Apimec/Ne.

Esse nicho de oportunidade acompanha não só um novo hobby em ascensão, mas um novo estilo de vida da sociedade, onde os pets fazem verdadeiramente parte da família. Isso se reflete em números como a baixa na queda de natalidade, por exemplo, ou a preferência de casais a terem filhos mais tarde ou optarem por um único.

Está havendo uma queda considerável de pessoas que não estão tendo mais filhos e que utilizam o convívio com os animais como instrumento para substituir um filho. Da mesma forma houve um crescimento das relações homoafetivas, que gera essa perspectiva, impulsiona as pessoas a utilizarem os animais como um conjunto familiar. Então as pessoas hoje buscam os animais para compor o conjunto familiar e vem crescendo a demanda por esse tipo de serviço, isso ocorre não só em outros países, mas também no Brasil fortemente”, destaca o mestre em economia Ricardo Coimbra.

Caminhando ao lado do ramo empresarial, a classe de medicina veterinária tem observado uma crescente conscientização das pessoas com a saúde dos animais e não apenas com a estética, deve-se ao ativismo presente nas redes sociais e em ONG’s, por exemplo. De acordo com dados do IBGE, existem mais de 132 milhões de animais de estimação no Brasil.

As pessoas estão cada vez mais informadas e conscientes aos devidos cuidados com o seu animalzinho. Isso é muito positivo porque o animal deixou de ser aquele animal criado só com restos de comida no fundo do quintal. Os proprietários hoje estão buscando cada vez mais cuidar da saúde do seu animal e aumentar a expectativa de vida de vida deles, através da vacinação, uma alimentação de qualidade e acompanhamento veterinário”, observa a médica veterinária, Dra. Carla Rodrigues.

A saúde dos animais em centros de acolhimento e abrigos pode acabar se tornando algo nocivo para a saúde humana, por muitas vezes armazenarem doenças como a do carrapato e calazar. A falta de investimento público para o tratamento dessas doenças é preocupante, se observarmos o número de que 132 mil cães e gatos vivem abandonados em estado de vulnerabilidade em Fortaleza, esse número foi apontado pela Coordenadoria Especial de Proteção e Bem-Estar Animal (Coepa), em julho deste ano.

A questão animal é muito séria, as pessoas não têm noção da complexidade que esse tema tem. Ela envolve tanta coisa… não é só um animal. As pessoas vêem só um animal, mas, por exemplo, a pessoa que cuida do animal ela também sofre, ela adoece. Nós temos registros de pessoas que cometeram suicídio, por não aguentar a pressão das coisas que via. É uma coisa que as pessoas ficam muito desprovidas porque elas não entendem”, declara Nailton Neo, diretor do Neo Projeto Athus, associação que cuida e alimenta cães e gatos de Caucaia e por vezes, de Fortaleza.

O investimento de R$4,3 milhões da Animale Pet Shop

Conforme o mercado pet se expande, em Fortaleza, tem-se o exemplo de uma loja já conhecida no ramo aproveitando esse fluxo. A Animale acaba de inaugurar, no último dia 17, uma nova unidade no shopping RioMar Fortaleza, apostando em um investimento de R$4,3 milhões. O espaço conta com 800 metros quadrados (m²) de área, apostando em uma vasta oferta de 2 mil produtos e serviços modernos.

O mercado pet tem encarado alguns desafios nos últimos tempos que são as mudanças intensas e rápidas que estão acontecendo no mercado. Como o avanço do mercado online, do varejo online, e do acirramento de disputas entre grandes varejistas. Associado a isso a gente também tem o desafio, de manter cada vez mais aparente o trato do animal, o bem estar, o que também tem um aumento considerado de custos. A depender disso, o setor vem sofrendo uma forte regulamentação, o que é muito bom, porque separa as pessoas que não sabem trabalhar da forma correta, que não tratam o animal como deveria ser tratado, somente buscando o resultado financeiro daquela operação”, destaca o sócio-diretor da Animale, Mauro Sampaio.

A Animale está no mercado há 17 anos e oferece o programa Vida de Princesa e Vida de Príncipe, onde disponibiliza cachorros e gatos para a adoção e trata-os antes de qualquer doença gratuitamente. A loja está situada no Piso E2 no Shopping RioMar Fortaleza, que recentemente se tornou um shopping pet friendly.

Por Higor Freire

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