Brasil Ocupa o Segundo Lugar no Ranking Mundial de Boxes de CrossFit

Beatriz Belchior Bia
Contexto Acadêmico
4 min readOct 8, 2019

Até o começo deste ano, o país chegou a uma marca de mais de 1000 boxes espalhados pelas cidades brasileiras

(Foto reprodução: @baronicoach)

O CrossFit foi criado na Califórnia, na década de 90, pelo treinador de ginástica olímpica Greg Glassman. Os treinos são uma mistura de exercícios funcionais de alta intensidade, com foco em desenvolver condicionamento físico de uma forma geral. A primeira academia de CrossFit foi aberta em 1995 por Glassman, mas a empresa norte-americana CrossFit Inc. só foi oficializada no ano 2000. Por ser uma marca registrada internacionalmente, apenas os ginásios e academias, chamados no Brasil de boxes, que pagam royalties à CrossFit Incorporation, dona da marca, podem utilizar o nome do treinamento para seus alunos.

Os treinos de CrossFit se diferenciam dos tradicionais por não focarem apenas na especialização de determinada habilidade, proporcionando resultados a curto prazo. “Por se tratar de uma aula coletiva, bastante dinâmica e com estímulos diariamente variados, hoje, o CrossFit é a atividade física que dá mais e melhores resultados em comparação a alguns métodos mais tradicionais, independente se o praticante deseja performance ou qualidade de vida”, ressalta o educador físico Cláudio Baroni, 37, que há seis anos atua como head coach (treinador principal) de um box de CrossFit em Fortaleza/Ce.

Segundo dados do site oficial da CrossFit Inc., em 2005 havia apenas o total de 13 academias no mundo. Em 2012 esse número aumentou para 3.000 e atualmente existem mais de 15 mil unidades credenciadas em diversos países. No Brasil também houve um crescimento acentuado da modalidade, em 2016 haviam 700 boxes espalhados pelas cidades brasileiras, em 2018 aumentou para 819 afiliados. Já em fevereiro de 2019 a quantidade subiu para 1006 unidades. Com esses números o Brasil ocupa atualmente o segundo lugar no ranking mundial de boxes de CrossFit, a sua frente está apenas os EUA, país de origem da modalidade. A diferença para o terceiro colocado, Austrália, que possui apenas 615, é quase o dobro.

Os treinos se moldam a depender da finalidade buscada por cada aluno, como explica o coach Baroni: “Existem diferentes objetivos e metas dentro de um Box de CrossFit. Nas aulas convencionais as pessoas geralmente procuram uma atividade que lhes proporcionem uma melhor qualidade de vida, de uma forma motivadora e agradável. Já nos treinos para competição, o foco é performance, é realmente dedicar mais tempo para poder competir melhor e mais preparados e para alcançar esse nível, assim como em todo esporte, é preciso ter mais disciplina, comprometimento e dedicação”.

O esporte que a princípio foi visto apenas como uma forma de conquistar um corpo bonito, deixou de ser considerado “modinha” e ganhou perfil profissional. Desde 2007 possui competições em todo o mundo com vários estilos e categorias. A maior disputa atualmente é o Reebok CrossFit GAMES, que acontece anualmente, sempre com provas diferentes dos anos anteriores. Atletas do mundo todo passam por seletivas regionais em busca de uma chance de disputar os três dias de provas do evento em que vence o competidor com menor tempo acumulado em um combinado de provas.

No Brasil a principal competição de CrossFit é o TCB (Torneio CrossFit Brasil). O evento realizado desde 2010 é considerado o “campeonato brasileiro” da modalidade e conta com a participação dos principais atletas do país. Os vencedores do TCB ganham o mais alto prêmio em dinheiro com relação as demais competições que ocorrem no país. Entretanto, o respeito e a visibilidade que o torneio gera são ainda mais valorizados pelos atletas que buscam dar o melhor de si para “performar”.

Se engana quem acha que CrossFit é um universo somente masculino. A advogada Flávia Holanda, 38, que pratica o esporte há mais de quatro anos, relata que a princípio buscava apenas um modo de se exercitar, e que atualmente treina com suas duas filhas, Ingrid Laís, 21 e Rebeca Laila, 19. “Nós três já chegamos a competir juntas. Foi muito legal. Foi a primeira competição de Bela (Rebeca). Ela ficou nervosa, o que é comum, mas se sentiu melhor por estar competindo com a gente. Indi (Ingrid) e eu temos um nível de condicionamento mais parecido, e costumamos dizer que somos a dupla oficial uma da outra. Já participamos de vários campeonatos juntas, inclusive subindo no pódio”, disse a atleta.

(Foto reprodução: @flavia_hd)

Levando em consideração a competitividade dos praticantes que costumam ir até o limite para conseguir um bom resultado, é importante alertar para o risco de lesões. Um estudo publicado em 2014 pelo jornal Orthopaedic Journal of Sports Medicine mostra que a taxa de lesões do CrossFit é de 20%. O ortopedista Alcides Barreira alerta que os joelhos são uma das partes mais vulneráveis: “O CrossFit é um exercício que exige muito do corpo, grande parte das lesões são observadas nos joelhos, como a condromalácia patelar, que é muito comum”. Ter a orientação de um profissional (coach), habilitado para conduzir o praticante de forma segura nos treinos, também é um ponto crucial para evitar esse problema, pois assim como em outros esportes, a má postura, ausência de técnica e supervisão necessárias são as principais causas de lesões no CrossFit.

(Foto reprodução: @flavia_hd)

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