Curso de Direito promove palestra para discutir Segurança Pública no Unifanor

Maria Helena
Contexto Acadêmico
5 min readDec 25, 2019

Nomes importantes da área estiveram presentes no evento

Na segunda quarta-feira do mês de novembro (13/11), a coordenação do curso de Direito organizou um evento com o tema “Inovações em Segurança Pública”. O encontro, que aconteceu no Auditório I do Campus Dunas, contou com palestras de dois nomes importantes da área: André Costa, atual Secretário de Segurança Pública do Ceará e Aloísio Lira, Superintendente da SUPESP–CE (Superintendência de Pesquisa e Estratégia em Segurança Pública do Ceará).

As autoridades discutiram temas como: Teoria da mobilidade do crime, estratégia e inteligência policial, pesquisa e tecnologia na segurança pública, segurança pública assimétrica e guerras de 4ª geração. O debate contou com a presença de alunos de diversos cursos — majoritariamente do curso de Direito — que puderam entender melhor como essas questões mudaram a realidade do Estado do Ceará e o colocou como modelo de Estratégia para Segurança Pública no Brasil.

Auditório I do Unifanor recebe o Secretário Andre Costa

O Secretário de Segurança, André Costa, exaltou a parceria da Universidade Federal do Ceará com a SSP (Secretaria de Segurança Pública). Ele defende que a união do conhecimento acadêmico com o conhecimento prático policial é essencial para encontrar novas soluções para os desafios que a modernidade e o universo digital trouxeram para a área de segurança pública: “Esse trabalho em conjunto foi o que nos permitiu trazer inovações que têm sido referência em todo o país, reconhecidas inclusive pelo Ministério da Justiça. Então a gente une esses dois conhecimentos em uma plataforma, que é chamada de Big Data, e tem sido utilizada nas principais polícias e inteligências no mundo, nos países mais desenvolvidos.”

Os pesquisadores desenvolveram um aplicativo chamado Portal de Comando Avançado que dá aos policiais acesso ao reconhecimento multibiométrico, unindo o reconhecimento facial à biometria. A ferramenta já está sendo utilizada no estado do Ceará desde maio de 2017. “De lá para cá a gente já vem há 29 meses seguidos reduzindo roubos de veículos, roubos a cargas, a bancos e estamos chegando nos menores índices da década desde 2009. Do aplicativo Big Data, a gente vem usando desde o final de 2018, tem sido ferramentas importantes para área de investigação e inteligência e para as abordagens policiais, e isso também tem nos ajudado a reduzir, por exemplo, os homicídios”, relata André Costa. Estas são apenas algumas das ferramentas que a parceria do conhecimento técnico dos pesquisadores na área de Tecnologia da Informação, aliada à prática de policiamento, patrulhamento e investigação dos policiais trouxe para beneficiar o trabalho em defesa da segurança pública.

No ano de 2019, a Segurança Pública do Estado alcançou o menor índice de homicídio da década. Com 32 milhões de reais investidos no Ceará, o trabalho agora é auxiliar o Ministério Público a adaptar essas ferramentas a nível nacional. André Costa afirma que já possui a primeira versão funcionando e que “as ferramentas de inteligência artificial para segurança pública no Ceará estão sendo referência para todo país”. Ele ressalta que o investimento do Governo é essencial e demonstra o interesse no projeto: “O Governo está investindo no Estado do Ceará e investido em pesquisadores policiais e não policiais cearenses, para que a gente possa desenvolver soluções, ciência tecnologia para todo país”.

Durante as palestras, temas relacionados à inovação tecnológica e perigos da era digital surgiram e geraram questionamentos dos alunos presentes. O superintendente, Aloísio Lira, ressaltou questões a respeito da guerra de 4ª geração: “Nossa própria política é uma guerra híbrida. O futuro é isso: à medida que nós estamos evoluindo em tecnologia, chegará o momento em que o crime violento vai deixar de existir e o crime vai migrar para a internet, porque é muito mais fácil reagir pela internet”. Aloísio acredita que em cinco anos, a criminalidade virtual ainda vai aumentar bastante e que a baixa escolaridade colabora para que esse índice cresça. “A educação é a nossa principal arma pra mudar esse cenário. Quando eu visito Universidades, eu vou mostrar aos alunos que eles são o futuro.”

Aloísio Lira, Superintendente da SUPESP

O Superintendente ressalta que, para atuar na Segurança Pública do Ceará, é preciso ter qualificação: “Não tem indicação política na segurança pública dentro do Estado do Ceará. Quando eu assumi, eu recebi todos os pesquisadores que queriam conversar com a gente. Estamos vindo de dentro do meio acadêmico. O futuro é esse: é trabalhar com pesquisa, com evidência. É trabalhar com ciência de dados e estamos trazendo todo mundo que quer colaborar”. Ele comenta ainda que, antes do André Costa assumir, houveram muitas tentativas de colocar a iniciativa para frente, mas nenhum dos dois Secretários de Segurança apostou na parceria com a Universidade. Atualmente, André acompanha e trabalha ativamente nos projetos desenvolvidos, facilitando a comunicação e a evolução no combate à criminalidade. “Eu acho que a grande diferença é essa: apostar no novo e criar mecanismos para validar o aprendizado cultural, e é isso que a gente tem feito”.

Com o auditório lotado, os palestrantes responderam às perguntas dos alunos e professores e fizeram questão de sanar todas as dúvidas em relação às inovações em Segurança Pública. O responsável pelo evento e Coordenador do Curso de Direito, Renato Abrantes, manifestou seu apoio à importância de trazer autoridades da área de Segurança Pública para o ambiente acadêmico: “Eles falaram hoje sobre o uso da tecnologia, das novas estratégias, do avanço tecnológico para coibir a criminalidade. Nós, cidadãos comuns, leigos dessa temática, não sabemos que isso está acontecendo”. Para Renato, popularizar a informação é a chave para fugir das polarizações e construir um Estado cada vez mais imparcial: “Para fazer uma avaliação justa, a gente precisa fazer uma avaliação imparcial e buscar o ponto de equilíbrio. O conhecimento sobre determinado assunto é esse ponto de equilíbrio”.

O Coordenador da Unifanor finaliza ao ressaltar a importância de, não apenas debater, mas conhecer ao fundo temas como Segurança Pública: “Dados estatísticos, estratégia de combate à criminalidade… tudo isso deve ser debatido no espaço da Universidade. E eu saio daqui com aquela sensação de: ‘poxa vida, o Estado não está quebrado. O Estado está funcionando’”.

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